Verão.
O sol brilha no céu azul, entrecortado por nuvens brancas que aparecem por sobre as casas em frente ao lago. Uma brisa fresca movimenta as árvores e ameniza a temperatura, que a essa hora da manhã já é alta, como tem sido nas últimas semanas deste verão de 2025. Hoje é segunda-feira e estamos de férias por alguns dias.
Sempre que falo/escrevo que ‘hoje é segunda-feira...’, automaticamente continuo – ao menos mentalmente – cantarolando Raul Seixas, “... e decretamos feriado, chamei Dom Paulo Coelho e saímos lado a lado, Lá na esquina da Augusta quando cruza com a Ouvidor, Não é que eu vi o Sílvio Santos?...". É incontrolável, isso de associar determinadas palavras e/ou expressões com uma letra de música ou nome de filme, por exemplo.
Como com o Dias dos Namorados.
É impossível, para mim, falar ‘Dia dos Namorados’ sem complementar com ‘Macabro”. Não importa a situação, o contexto. O Dia dos Namorados sempre vai ser completado por um Macabro. E isso não é nenhum tipo de mensagem subliminar ou ato falho. Parece que – se não houver o complemento – fica incompleto.
Assim como tenho minhas implicâncias linguísticas, que cultivo com certo orgulho, mesmo que sejam causas perdidas. Começou com um termo médico em inglês, severe asthma, em português asma grave, mas que algumas pessoas começaram a traduzir de forma equivocada como asma severa, que além de não ser – a meu ver – a melhor tradução possível, acho esteticamente desagradável. O que me causa(va) irritação ao ouvir.
Severo ou severa, é algo ou alguém rigoroso(a), inflexível, rígido(a). Uma das possíveis definições até, sim, pode ser grave, mas não é a primeira e nem a melhor. Em reuniões científicas em que participava e esse termo era utilizado, eu tinha por hábito fazer um aparte e explicar isso. Com o tempo, cansei e (na maior parte das vezes) não falo nada.
O quadro piorou, no fim das contas.
Atualmente não consigo mais ouvir ou ler ‘severo(a)’ como um adjetivo, independente do contexto, ou da adequação ou não do seu uso, que fico incomodado.
O que fazer?
Nada.
Paciência.
Até.