sexta-feira, fevereiro 14, 2025

Eu Quero Ser Cancelado

Talvez esse não seja um assunto inédito por aqui.

 

Tem um vídeo no You Tube, de um show da School of Rock Benjamin POA, de outubro de 2023, em que o grupo do Performance, programa da escola para adolescentes até dezoito anos, com a Marina como vocalista, toca Johnny B. Goode, e que tem mais de vinte mil visualizações. Para um canal com cerca de duzentos e poucos assinantes, é um feito.

 

Não só isso.

 

Junto ao vídeo, há uma série de comentários, praticamente todos elogiosos. A exceção são um ou dois comentários feitos em russo, e que com a ajuda do Google Translator descobrimos que são negativos, de haters. A reação da Marina ao descobrir isso? Achou bem legal. Se tens haters, concluo eu, é porque tens relevância.

 

E aí desvio o assunto para uma característica do uso da Internet e das redes sociais, que é o anonimato. Certamente, quase a totalidade daqueles que fazem comentários negativos, muitas vezes destrutivos, jamais o faria pessoalmente. Destilam seu ódio e sua insatisfação como se estivessem sozinhos no mundo ou como se não houvesse consequências para aquilo que dizem. E o grave é não saberem que aquilo que está escrito tem um peso muito maior do que aquilo que é dito.

 

Aprendi há um bom tempo a ter MUITO cuidado com que eu escrevo quando em comunicação com alguém, seja por e-mail (como faziam os maias e os astecas) ou por aplicativos de mensagens. Aquilo que eu escrevo e envio para alguém não está mais sob meu controle. A pessoa ou as pessoas, que recebem a mensagem, podem entender algo diferente do que escrevi, interpretar errado, dar um sentido totalmente diferente daquilo que era originalmente a intenção. E isso não depende de quem e nem da intenção que tinha quem escreveu. A leitura rápida e corrida muitas e muitas vezes leva a intepretações equivocadas.

 

Da mesma forma que não entendo quem perde o seu precioso tempo comentando notícias, vídeos de opinião ou não, pessoas que “invadem” perfis de pessoas para criticarem a vida alheia. Muitas vezes apenas para agredir gratuitamente.

 

Ou que patrulham a vida alheia, e – com o argumento de serem politicamente corretos, e de respeitarem a todos – acabam sendo tiranos, querendo impor sua verdade e mesmo seu dialeto a todos, sob a ameaça de cancelamento...

 

No fundo, eu entendo, sim.

 

São pessoas que usam desses subterfúgios para escapar – ao menos por instantes – de suas vidas sem sentido, vazias, medíocres. É a atualização do mundo moderno para quem vai ao estádio de futebol não para assistir ao jogo, mas para apenas vociferar contra tudo e todos, até para jogadores que nem em campo estão (história real).

 

Tristes vidas, tristes vidas.


Até.