Domingo de sol, temperatura amena em Porto Alegre.
Não saí de bicicleta hoje cedo, como normalmente eu faria em um domingo de sol, mesmo com a temperatura mais baixa ao amanhecer. A razão é prudência, confesso. Mesmo tendo pedalado quase dez mil quilômetros pelas ruas de Porto Alegre nos últimos anos, o fato de que ter tido aquela queda em outubro de 2023 quando fraturei o punho direito corrigido cirurgicamente com a colocação de uma placa, e ter ocorrido poucas semanas antes de um show de temporada, acabou me impedindo de tocar, evidentemente.
Resolvi, então, como temos show no próximo sábado, cujos ingressos estão praticamente esgotados, não correr o risco – por menor que fosse – de perdê-lo por um improvável acidente. Certamente não ocorreria nada, no creo em las brujas, pero que las hay... Isso, a minha história de acidente no passado, me fez pensar.
Sim, tenho uma história de acidentes – maiores ou menores – ao longo dos anos, o que me fez passar a brincar com a ideia de que “eu era um cara que caía”, autodefinição bem-humorada que se tornou de certa maneira uma profecia autorrealizável, com os raros – sim, raros – episódios confirmando essa profecia. Eu virei “vítima” da minha própria narrativa.
Dizer que eu caía, me afirmar alguém que caía, atraia a atenção das pessoas para as situações que confirmassem essa “previsão”. Como falei, a narrativa estaria moldando minha realidade. Mesmo que pudesse contar nos dedos de uma mão as vezes em que tivera problemas com quedas ou acidentes, eu acreditei nisso como verdade.
Não mais, já contei por aqui.
Mudei o discurso, mudei a realidade.
Não sou o cara que cai.
Mesmo assim, hoje não saí de bicicleta. Tem show sábado que vem, vou tocar guitarra, e... sei lá...
Vai quê, não?
Até.