sexta-feira, junho 06, 2025

Felizes Estranhos

Felizes Estranhos é o título de um texto/crônica escrita há quase quarenta anos por um irmão meu da vida, Márcio Neves, que conta a história do nosso pequeno grupo do colégio, do Curso de Operador de Computador Manhã da Escola Técnica de Comércio da UFRGS, lá na segunda metade dos anos oitenta. De como nos conhecemos, nos reunimos e como – de certa forma – a proximidade nos afastou. É um texto que é importante para alguns de nós que vivemos aquele tempo e estivemos evolvidos na situação.

 

Vinha chegando no trabalho por esses dias e – do nada – o título me veio à lembrança, trazendo com ele memórias daquele tempo e uma reflexão sobre o título, que é brilhante, e que dá a entender que éramos uma turma boa, cuja convivência era agradável, leve e divertida apenas enquanto não nos conhecíamos bem, e que foi só realmente aprendermos que eram os nossos companheiros que descobrimos que não eram tudo aquilo que pensávamos ou imaginávamos. Teria sido necessário nos conhecer melhor para entender que não éramos quem gostaríamos de conviver com.

 

Pensando agora, olhando para trás com os olhos do tempo e da experiência, me parece que realmente o que aconteceu – diferente do que o título faz parecer, e que é como eu também pensava – foi que crescer nos afastou. As mudanças rápidas daquele período, normais, da vida, acabaram por selecionar aqueles que seguiriam junto conosco, manteriam a amizade ao longo dos anos vindouros.

 

Como acontece ao longo de toda a vida, aliás.

 

Estamos sempre mudando (evoluindo ou não, não importa) e as pessoas que fazem parte de nossa vida vão mudando junto porque nem sempre as “antigas” se encaixam em nossas novas versões. É normal, é da vida. Precisamos saber deixar para trás aquelas que não tocam no mesmo tom que nós, que não estão na mesma sintonia, que não fazem mais sentido.

 

Algumas ficam, contudo.

 

Essas são especiais.

 

Até.