Não sou velho.
Partindo do conceito – acho que quem escreveu isso ou, ao menos, eu li escrito por ele, foi o Domenico de Masi, sociólogo italiano criador do conceito do 'ócio criativo' - de que ficamos velhos dois anos antes de morrer, definitivamente não sou velho. Mas progressivamente me torno um 'Ex'. Voluntariamente, devo dizer.
Já fui professor de cursos de medicina, não sou mais. Virei ex-professor (existe isso?). Sou ex-presidente da Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do Rio Grande do Sul. Sou ex-coordenador do Ambulatório de Fibrose Cística de Adultos do Hospital da PUCRS, do qual optei por deixar de ser recentemente. Assim como fui Coordenador de um Serviço de Pneumologia de um grande hospital de Porto Alegre do qual também optei por me desvincular. Fui especialista médico de uma empresa do setor farmacêutico e deixei de ser antes da pandemia. Já fui funcionário de carteira assinada de hospitais, o que já não sou.
Não falo isso de modo melancólico.
Quase todos esses movimentos foram voluntários e pensados, foram opções, ou decisões, que tomei conscientemente, conhecedor de suas (potenciais) consequências. Movimentos pensados, baseados em uma ideia de vida que, como tudo, tem seus prós e contras. Algumas vezes, contudo, por mais que tenham sido planejadas e antecipadas as mudanças de rota, demoro (demoramos) a me (nos) acostumar com ela. Sei também que faz parte, é um processo.
Quanto mais o tempo passa, menos bagagem tento carregar, mais leve procuro andar. Por isso o deixar pelo caminho o que não está bem alinhado com aquilo que quero para mim. Procuro a serenidade de saber aquilo que preciso e o que não preciso – e isso vale para atividades e pessoas – em minha vida.
E assim seguimos, aprendendo a cada dia.
Até.