sexta-feira, junho 27, 2025

Chinelos e Meias

Esses dias, enquanto atendia um paciente no consultório, ao me preparar para examiná-lo, não pude deixar de notar que ele estava usando uma calça de abrigo, meias brancas e chinelos de dedo. Qualquer fiscal de estilo alheio teria ficado horrorizado, certamente.

 

Eu achei o máximo.

 

E lembrei dos adolescentes nas escolas hoje em dia, pelo menos a pequena amostra que tenho próximo a mim. Eles também costumam ir para suas aulas com roupas confortáveis, muitas vezes com esses chinelos tipo Rider e meias, como se não precisassem provar nada para ninguém, como se estivesse totalmente em paz com seu jeito próprio, com o ser e não com o parecer, o que é sensacional. 


Diferente da lembrança que tenho de quando eu era adolescente, e que sentia (sentíamos?) que precisava provar algo, mostrar ao mundo quem eu era e o modo que me vestia deveria refletir isso. E daí nos vestíamos parecidos, e já falei do All Star preto que nos identificava como grupo.

 

Depois, com o passar do tempo, surgiram outras formas de identificação com outros grupos, também para aceitação, ou ao menos se pensava isso. O tipo de roupa, a marca aquela famosa, entre outras características. Com o tempo, e a maturidade, vamos sendo cada vez mais quem somos, e nos diferenciando, mostrando o que nos é único. É parte do processo.

 

Por isso achei o máximo o paciente com meias brancas e chinelos de dedo em uma manhã fria no consultório. Parecia uma declaração de princípios. 


Ou não, poderia ser falta de estilo mesmo.

 

Não importa.

 

Até.