domingo, junho 08, 2025

A Sopa

Sobre liberdade de expressão e piadas ruins.

 

Duas verdades (minhas, ao menos) que são como cláusulas pétreas na vida: primeiro, posso não concordar ou não gostar do que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-lo; e, segundo, o destino de uma piada ruim é o esquecimento, jamais a prisão. Quem esteve mais ou menos atento ao que se passou no Brasil na última semana certamente sabe que me refiro ao caso do humorista e artista de stand-up comedy, Léo Lins, condenado em primeira instância a oito anos de prisão e multa milionária por ter feito em seu show piadas vistas como misóginas e preconceituosas.

 

Eu acho uma condenação absurda.

 

Não sou fã, aliás, do pouco que vi/ouvi de seu trabalho não me interessou, como não me interessam muitas coisas em termos de humor, algumas de teatro e, principalmente, música. Logo, não dou audiência, e é isso. Se ele faz piadas misóginas ou homofóbicas, eu não vou ver porque eu não tenho interesse. E se aparecer em minhas redes sociais, eu vou ignorar. Assim como faço com piadas que tratam o gaúcho como gay. Não é para mim.

 

Sim, as pessoas têm direito a se sentirem ofendidas com piadas e/ou comentários. Porém, se esses comentários não estão fazendo apologia ao crime, incitando violência ou algo do gênero, sempre pensei que a melhor forma de lidar com isso, o melhor destino de uma piada ruim é o esquecimento. “Fazer onda” – processar alguém!? - por uma piada de mau gosto é amplificar sua audiência, é aumentar sua relevância, dar a ela uma importância que não tem.

 

Qual é o limite do humor e da liberdade de expressão?

 

Para mim, não fazer apologia ao crime, como eu disse, e não incitar a violência de nenhuma forma. Mesmo que eu não concorde ou goste do que o outro está dizendo, se o que ele diz não promove a violência de nenhuma forma, ele tem o direito de pensar e dizer o que quiser (até pensei em falar sobre músicas que fazem apologia ao crime e à violência sexual, mas resolvi deixar para lá, apenas não as ouço, apenas ignoro sua existência, apenas não entram em minha casa...).

 

Até.