Confesso que, volta e meia, penso na fragilidade da vida, na impermanência. A única constante que existe é que tudo muda o tempo todo no mundo, nada é para sempre. Muitas vezes vivemos a dificuldade em aceitar que nem sempre teremos controle sobre o que nos acontece.
Vale para a passagem do tempo.
Eu parei de jogar futebol, por exemplo. Não interessa que insinuem que foi um bem para o futebol eu não jogar mais... Fisicamente, não consigo. Minhas últimas tentativas foram frustrantes: de cinco jogos que participei, em quadro saí machucado de alguma maneira, lesões musculares, contusões e, na última, provavelmente foi quando fiz a hérnia de disco que me levou à cirurgia meses depois. Aprendi, nesse momento, que não era mais para mim.
O que não quer dizer que não fiz mais atividade física, evidentemente. Sigo fisicamente ativo, mas, futebol, não.
Com esse mesmo sentido, é comum no consultório a queixa de que “envelhecer é ruim, doutor”, no que prontamente respondo que a opção que existe a envelhecer até hoje ninguém voltou para dizer que era melhor, então eu pretendo envelhecer. E sei que vou enfrentar limitações e dores (algumas até já existem) que virão com o tempo, e entendo também que quanto mais tempo levar para aceitá-las, as limitações, mais vou sofrer.
Pretendo – trabalho - para ficar velho.
Busco a serenidade e a força para aceitar as consequências das minhas decisões, permanecer em pé em meio às intempéries do caminho, e estar presente para os meus nos momentos e que eu for necessário.
E talvez até bater uma bolinha vez que outra.
Amém.
Até.