‘A vida não examinada não vale ser vivida’.
A afirmação, atribuída a Sócrates no julgamento em que seria condenado à morte, tem sido – mesmo antes de eu saber dela, a frase – um tipo de norte para mim. Tenho, e não escondo de ninguém, o hábito, costume ou obsessão por pensar a vida, refletir sobre o que se passa comigo e com o mundo ao meu redor.
Os caminhos escolhidos e as decisões tomadas em minha vida sempre são alvo de análise, que é feita idealmente (mas nem sempre) antes ou – talvez mais frequentemente – depois do acontecido. Penso muito, logo muitas vezes sou ansioso, algo com que aprendi a conviver, mas nunca paralisado por dúvidas ou temores.
Penso, então, em viagens e seu processo.
Uma viagem, aprendi cedo, é composta de três partes igualmente importantes. Existe a preparação, etapa de tempo variável, com detalhamento também variável, que consiste em desde a escolha do destino, em termos gerais, orçamento geral, meio de transporte até e no destino, hospedagem, até itens específicos como passeios no local e ingressos de atrações, por exemplo. Esse período de preparação, seja em uma viagem individual, em família ou em grupo, é – mais uma vez – variável, e esse tempo já é parte da viagem.
Temos a viagem em si, da qual não é preciso falar muito. Como chegamos no destino, onde ficaremos, como nos hospedaremos, o que visitaremos, e por aí vai. De destino único ou múltiplos destinos, essa é a parte que todos consideram a mais importante, e de certa forma é, porque é nela em que vivemos as experiências que vamos guardar conosco, as histórias que vamos contar.
A terceira parte de uma viagem é a volta, e que – ao contrário do que muitos pensam – não é o final. É apenas o início da importante e mais longa parte: o depois. Justamente as lembranças que teremos para sempre, as histórias que contaremos, as fotos que veremos de tempos em tempos, e mesmo as situações inusitadas e talvez tensas virarão as melhores histórias das viagens.
Como a vida.
Tudo o que vivemos tem um antes (as circunstâncias que levaram a ele), um durante (o evento em si) e um longo depois, em que refletiremos e contaremos para nós mesmos ou para outros o que aconteceu e como vimos o que aconteceu, o que aprendemos, quem esteve conosco e que continua conosco.
Por isso conto e reflito as (minhas) estórias.
Porque é o que nos faz vivos de verdade, o que faz valer à pena estar vivo.
Até.