Vamos falar de filhos. Mais especificamente, da criação deles.
É cada vez mais difícil educar os filhos, e os fatores que complicam esta tarefa que no passado era bem mais simples são muitos e os mais variados. Desde a tecnologia – televisão, internet, etc - até a liberalização dos costumes, tudo que está aí serve para dificultar a vida dos pais.
Antes não, antes as coisas funcionavam de outro jeito. Os filhos aprendiam desde muito pequenos a respeitar os pais. Inclusive os chamavam de senhor/senhora (eu, na única vez que fui tratá-los com tamanha reverência, virei motivo de piada por um bom tempo…). Hoje, não. Tem filhos que até chamam os pais por adjetivos de baixo calão. Não se tem respeito. E essa falta de respeito se estende também para os professores, mas essa é outrra questão e não vou abordá-la hoje.
O fato é que a tarefa dos pais é imensamente maior hoje do que era, digamos, há vinte anos atrás, e eles tem que transitar por uma perigosa fronteira. Os filhos, as crianças em geral, são puramente impulso, são só id. Os pais, por seu turno, tem de ser o ego, o bom senso, a razão. O problema é que anda faltando superego, alguém que imponha limites, não tenha pudores em dizer não. Antigamente, um dos pais cumpria esse papel, mas, hoje em dia, concordo que não dá. É preciso mais.
O que falta, para auxiliar os pais a educarem os seus filhos, é um superego externo.
Eu, por exemplo.
Há algumas semanas, minha afilhada amada Roberta – que já teve cachorro e agora tem um hamster (rato, mas se eu disser isso ela fica braba) – inventou que queria um coelho. Os pais dela, com toda a razão, disseram não. Até aí tudo bem. O problema é que uma estratégia comum das crianças é insistir e repetir tanto o assunto até conseguir o seu objetivo. E, muitas vezes, conseguem, e nem é porque os pais são frouxos ou algo do gênero. É simplesmente porque os filhos vencem no cansaço. Não foi o caso dessa vez mas, falando com eles via Skype, ela me contou que queria um coelho. Instantaneamente, respondi: “Tá louca? Coelho para quê? Eles só servem para duas coisas: páscoa e churrasco…”. Foi aí que me dei conta da utilidade de um superego externo nessas situações.
Imagine os pais com o filho num shopping center, e o filho resolve que quer um, vejamos, PSP (o Play Station Portable), e fica repetindo aquele “me dáááá… Ahh paaaai…”. Nessa hora, o pai pega o seu telefone celular, liga para mim (por enquanto o único Superego Externo para Pais com certificação do ACSP – American College of Superegos for Parents) e passa o telefone para o filho, já quase às lágrimas implorando pelo brinquedo. A ligação:
Filho – Alô?
Eu – Vem cá guri, o que tu tá pensando!?
Filho – Quem é?
Eu – Não interessa. Tu pensa que dinheiro dá em árvore? Ou será que teu pai caga dinheiro?!
Filho – Quem ééé…?
Eu – Primeiro: deixa de ser fresco e FALA COMO HOMEM. Segundo, esquece essa coisa de joguinho eletrônico, vai pra casa jogar futebol ou brincar de pegar com as meninas.
Filho - ?
Eu – E tem mais: se continuar com esse lenga-lenga, eu vou até aí e dou um pau em ti e no teu pai, pra ele aprender a não me ligar mais e pra tu deixar de ser bundão.
Nesse momento, o menino deixa o celular cair no chão e se agarra nas pernas da mãe chorando. Ela olha o marido com cara de desaprovação, no que ele responde que é para o bem do filho deles. Leva tempo até o menino se recuperar, mas em outro dia, outro passeio ao shopping, e ele pede uma televisão de 29 polegadas e tela plana para o seu quarto. Eles dizem não e o menino ensaia uma birra, no que o pai pega o telefone celular. Ao ver isso, o menino fica sério, muda de assunto e sai da loja. Nunca mais pede nada de presente.
Psicologia, zero. Resultado, dez.
Até.
3 comentários:
Qual eh mesmo o teu celular????? O ultimo pedido da Laura foi um iPod Harry Potter (so $700) - depois de eu ja ter dado um iPod mini para ela. Sabes qual foi minha resposta? Pode ser o teu presente de Natal???
Adriana
Hahahahahaahaha
Adorei! Eu sou mo grossa tambem quando preciso!
Eu AMEI seu template novo. Ta bonitao viu! Beijos
HAhahahahaha!! Ótima!!!
Gostei do novo template! Mais "clean"!
Bjocas
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