quinta-feira, julho 31, 2025

Memento Mori

Um dia, todos vamos morrer.

 

Antes disso, contudo, há um outro marco. É o momento em realmente nos damos conta que um dia, mais cedo ou mais tarde, isso vai acontecer. Quando algum evento acontece, seja ele qual for, e o resultado é que nos surge essa percepção, como uma epifania, o impacto sobre nós é grande. 

 

Memento mori, lembre-se da morte.

 

Antes de ser um tema sombrio, ou mórbido, esse conceito pode ser visto mais como um lembrete de que devemos priorizar o que é importante, viver com mais consciência, aproveitar a vida que vivemos enquanto pudermos. Nem sempre é fácil, mas esse é o caminho.

 

Como já contei diversas vezes, eu tive essa percepção ao dezoitos anos, quando do acidente que me fez passar treze dias em uma UTI em coma. Isso há trinta e cinco anos, em um doze de agosto. Alguns meses depois, já recuperado, um dia tive essa ‘revelação’: eu poderia ter morrido aos dezoito anos, sem ter ‘vivido quase nada’, sem ter experimentado uma série de situações que gostaria e deveria viver. A ilusão da imortalidade havia sido desfeita muito cedo.

 

Foi um processo lento, esse de entender as implicações de me sentir mortal, de saber que os dias estão contados, mesmo que não saibamos quando será o fim. Ainda hoje estou aprendendo, e é um esforço contínuo manter em perspectiva essa ideia, de que é necessário priorizar o que realmente importa na vida, e deixar lado as pequenas questões, os pequenos problemas dos dias.

 

Voltei a pensar nisso porque acompanhei, nas últimas semanas, um amigo que lida com uma situação de saúde que, mesmo que tratável e curável, o apresentou claramente à perspectiva da morte, sua ou de alguém querido, e pude ver em seus olhos a sensação de desamparo que a consciência da mortalidade traz, mesmo que ele racionalmente já soubesse disso. Quase nunca estamos preparados.

 

O que nos resta é viver. Aproveitar ao máximo. Com aqueles que nos fazem bem. Enquanto pudermos. 


Até. 

quarta-feira, julho 30, 2025

Outra do trânsito

Não foi por causa da Jacque. Mas poderia ter sido.

 

Ontem, enquanto a Jacque e eu voltávamos para casa do trabalho, fizemos um parada para comprar alguns itens necessários para os gatos da casa. A loja, grande, tem entrada por um rua atrás e saída pela Av. Ipiranga. Então, fiz o trajeto usual para entrar no local. Ao ingressar na rampa para acessar o estacionamento, havia outro carro manobrando, voltado em minha direção.

 

Tranquila e educadamente, parei e esperei que ela (era uma motorista, informação irrelevante para a história) completasse a manobra. Só que ela permaneceu parada, e deu sinal de luz, para que eu entrasse. Foi quando percebi: ele planejava sair pela rota de entrada.

 

Em um fração de segundos cogitei genuinamente ficar ali, bloqueando a via de entrada para que ela não usasse como saída, e sinalizasse a ela que fizesse a rota de saída correta. Que eu tinha razão em fazer isso, em não compactuar com a (mínima, eu sei) infração que ela cometeria, porque – além de fazer o que é certo – não posso tolerar o errado. Até lembrei que o meu pai, em seus dias mais implicantes, provavelmente faria isso mesmo. E lembrei que sou assim também, bem implicante quando quero ser.

 

Mas não fiz, mesmo que – confesso – tenha me irritado um pouco com a situação, o que definitivamente não deveria acontecer, afinal não é sobre mim. No final, percebi e corrigi a tempo, estava esquecendo do meu mantra enquanto motorista.

 

Nunca é sobre mim.


Até. 

terça-feira, julho 29, 2025

Na Academia

Em fevereiro passado, completei seis anos consecutivos de atividades físicas regulares, e agora no início de agosto alcancei a mesma marca frequentando a mesma academia. Regular e religiosamente.

 

Mais ou menos.

 

Exclua-se dessa conta os períodos em que estive afastado por questões médicas, e aí me refiro a traumas e cirurgias. Nada muito grave, no final das contas, e que não motivou grandes afastamentos, devo dizer. Nesse período, cheguei a praticar atividades físicas sete dias por semana. Saía de casa às seis e meia da manhã para isso, de segunda à sexta. Não consigo mais, por diversas razões.

 

Ontem, ao chegar na academia, abaixo de vento e chuva, a instrutora responsável pelos meus treinos me disse que tinha uma boa e uma má notícia, e perguntou qual eu queria ouvir primeiro. Respondi que tanto fazia, estava pronto para o que desse e viesse. Me disse que a boa era que era segunda-feira e a “má notícia” é que era hora de treino novo.

 

Disse que tudo bem, mas lembrei a ela a minha máxima sobre treinos de força: sempre os vi como uma ‘carta de intenções’, um desejo. Um norte, que se um dia conseguir chegar lá, ótimo. E fui fazer meu treino.

 

Quando estava fazendo um determinado exercício, um outro instrutor – cheio de boa vontade – veio me orientar, e perguntou a razão de eu fazer o tal exercício da forma que estava fazendo. Perguntou se eu tinha algum problema na coluna. Respondi que não mais, depois da cirurgia...

 

Após uns minutos, a minha instrutora veio falar comigo, e disse que não sabia disso, e me perguntou por que eu não havia comentado. Lembrei que havia comentado com um instrutor anterior, mas que estava tudo bem, eu adaptava o treino pensando nas minhas “limitações”. Como assim, ela perguntou.

 

Disse que já tinha feito artroscocopia em ambos os joelhos, tinha tido hérnia de disco cervical e outra lombar que foi operada, tinha quebrado o braço e feito cirurgia para colocar um placa, e atualmente já vinha há alguns meses com dor no ombro esquerdo com Rx normal e tinha alguns cuidados.

 

Quase me encaminhou para hidroginástica...

 

Até.

segunda-feira, julho 28, 2025

Sou Muitos

“Eu sou vários, há multidões em mim. Na mesa de minha alma sentam-se muitos, e eu sou todos eles.

 

De, ou atribuída a, Nietzsche, essa frase se encaixa perfeitamente na forma que sempre entendi o mundo, e o meu mundo em particular. Desde os tempos em que procurava entender as diferentes personas que eu representava nos diferentes ambiente de convívio que frequentava, até o momento em que progressivamente passei a mostrar-me como único, resultado da soma de todas as partes que me compunham/compõe, a ideia de complexidade, de sermos seres complexos e potencialmente múltiplos, sempre foi muito presente para mim.

 

O mesmo sentido pode ser visto na leitura da Bíblia, em Marcos 5:9, em que o conceito aparece no dizer “Eu sou Legião, porque somos muitosAli é um homem que Jesus encontra e que é atormentado por uma legião de demônios que está respondendo à pergunta de qual seu nome.

 

Uma das interpretações é de que devemos fazer esforço para buscar identidade e unidade, mesmo reconhecendo a multiplicidade de aspectos de nossa personalidade. Somos formados por muitas experiências diferentes, somos resultado de todas elas.

 

A missão que temos, então, é reconhecer o quão complexos somos, e buscar – na medida do possível – essa unidade que é o resumo, a síntese de tudo o que nos forma. Esse é um trabalho diário, de autoconhecimento e de identificação com os outros, que muitas vezes espelham características que fazem parte de quem somos.

 

Eu estou sempre com esses aspectos em vista.

 

Procuro estar sempre aprendendo.


Até.  

domingo, julho 27, 2025

A Sopa

Ainda em uma fase de reflexões.

 

Como já reparado por alguns, e até já comentado por mim recentemente, os últimos meses, e não consigo precisar quando isso começou, têm sido um misto de pensar em projetos a serem realizados e repensar situações vividas. Como se em um balanço indo e voltando, vou alternadamente de pensar o futuro para rever, reavaliar, o passado.

 

Pode ser porque cheguei em um momento de vida em que já vivi o bastante para poder olhar para trás e ter uma visão de perspectiva de um caminho razoável já percorrido, histórias vividas e algumas delas contadas, mas também poder porque consegui organizar a vida de forma que analisá-la (assim como ler e escrever) pôde tornar-se parte de minha rotina. Após garantir o básico para viver bem, sem maiores dificuldades financeiras e/ou emocionais, é possível abstrair e procurar o sentido nisso tudo, que cada vez mais entendo que é uma busca individual, solitária.

 

Cada um sabe o que é importante para si, o que traz sentido para sua própria existência, o que o motiva a seguir. E ninguém tem nada com isso. É uma jornada – a do entendimento de si mesmo e nossa relação com o mundo – de uma vida toda, e que caminhamos sós. Porém, como não canso de dizer, sempre alguém caminhará em paralelo a nós, terá seu caminho compartilhado por períodos com o nosso, dividiremos a mesma mesa e o mesmo pão (companheiros) e o churrasco (não poderia deixar de falar em churrasco).

 

A vida vai, de um forma ou de outra, selecionando os que caminham conosco ao longo dessa jornada, porque são esses os de valor, os que contam de verdade, os de fé.


Até. 

sábado, julho 26, 2025

Sábado (passado)

 

'Eu Pai, Eu Filho', meu novo livro


        Foi sábado passado, no Nina Café de Casa, o lançamento do meu segundo livro de crônicas. Alguns amigos e familiares estiveram lá, e foi bem legal.
        
     O livro está à venda no site da Editora Bestiário, mas pode ser comprado também diretamente comigo. É só mandar mensagem.

         Bom sábado a todos.

         Até.

sexta-feira, julho 25, 2025

Durante a tempestade

Cada um reage de uma maneira.

 

Quando enfrentamos uma situação de estresse, de dificuldades, de ansiedade por qualquer razão, nossa resposta ao ocorrido é bem variável, dependendo de diversos fatores. E não há um forma certa ou errada.

 

Falando de mim, por exemplo, eu lido com ansiedade conversando a respeito. Eu preciso desabafar, colocar para fora. É ao verbalizar um problema, ou uma preocupação, ou uma dificuldade, ao me ouvir e ouvir outros (o que não é fundamental) que eu começo a racionalizar e entender e começar a pensar claramente em uma solução, se necessário. Outras vezes, mesmo que não seja para resolver, o falar é apenas para diminuir o tamanho do problema, que em sua maior parte não é tão complicado quanto parece em um primeiro momento. 

 

Ou não há solução e o jeito é aceitar.

 

Entendo, contudo, que existem pessoas que são exatamente o oposto de mim, que precisam se recolher e ficar em silêncio, afastadas de todos, sofrendo e trabalhando sozinhos. Diferente de mim, preferem lidar sós com as dificuldades reais ou imaginárias.

 

Como disse, cada um tem seu jeito e devemos respeitar. 

 

Quando um amigo está em dificuldades, mesmo que eu queira ajudar, participar da resolução ou de sua tentativa, o que faço é me colocar a disposição, mostrar que estou ao lado para o que for preciso, que se tiver que ir longe para ajudar eu irei.

 

Que quando eu for necessário – caso eu possa fazer algo - estarei aqui. Mesmo que seja apenas para ficar em silêncio, olhando o mar.


Até. 

quinta-feira, julho 24, 2025

Pensamento Mágico

Perdemos.

 

E agora não tem mais volta, já há um bom tempo ultrapassamos o ponto de onde não há mais retorno. Temos, então, de viver com as consequências de nossas omissões, principalmente.

 

Os antivacinas, os pseudocientistas, os ortomoleculares, os adeptos dos tratamentos alternativos sem evidências científicas, prescritores de soroterapias, de enemas de café e de ozônio, de infusões de vitaminas que apenas colorem a urina, os que cobram caro por atendimentos cujo pagamento deve ser feito muito antes da consulta, os que pedem exames sem nenhuma indicação, os famosos de redes sociais e suas dancinhas, os que prometem milagres sem terem como entregar, não ser a mágica de tirar dinheiro fácil dos incautos. Eles venceram, e o sinal está fechado para nós, que somos sérios.

 

Parece uma queixa de alguém magoado, ressentido?

 

Não é, afirmo peremptoriamente.

 

É uma constatação de alguém que muitas vezes, quase que diariamente, passa boa parte do tempo de consulta tentando desfazer falsas crenças sobre saúde e tratamentos. Cansa fazer isso? Algumas vezes, sim. Só que não há o que fazer, a não ser seguir.

 

Sou de uma geração anterior às redes sociais, quando já lutávamos contra os mitos que eram disseminados no boca a boca, em progressão aritmética. Hoje, com os Tik Toks e Instagrams da vida, uma bobagem dita, mas editada e com uma dancinha, atinge milhares, se não milhões de pessoas. É assim, e não podemos fazer nada, paciência (percebi que peço muito, que preciso de muita paciência...).

 

As pessoas querem se iludir, querem soluções mágicas e simples. A vida não é assim, lamento. O jeito é seguir fazendo o meu trabalho diário, procurando orientar e tratar bem as pessoas.

 

Até.

quarta-feira, julho 23, 2025

Das Escolhas dos Filhos

Dizem que não é incomum que pais projetem em seus filhos expectativas que eram suas, o desejo que se tornem e/ou façam aquilo que não puderam ou tiveram coragem de fazer e/ou ser. Para isso, matriculam seus filhos em inúmeras atividades extraescolares, diferentes cursos ou esportes, e muitas vezes insistem para que façam e são mais animados e felizes que os próprios filhos nessas situações. E esses últimos, sem opções, o fazem obrigados apenas para agradar aos seus pais, o que pode levar ao resultado oposto do que os pais gostariam.

 

O mesmo acontece com as escolhas de vida dos filhos, como a profissão, por exemplo. É bem comum os pais tentarem (e conseguirem) influenciá-los para a escolha de determinada atividade, que os pais desejariam que eles fizessem, seja por potencial estabilidade financeira ou mesmo – como falei acima – projetando o caminho que eles, os pais, gostaria de ter seguido. 

 

Entendo os pais o que fazem isso, o que não quer dizer que concorde. Existe a tendência natural de querer proteger os filhos das adversidades da vida, de que eles não sofram o que sofremos. Queremos, muitas vezes, que os nossos erros sirvam para que eles aprendam e não cometam erros, o que é utópico, porque eles devem aprender a fazer suas próprias escolhas e arcar com as consequências dessas escolhas e de seus próprios erros. Não podemos – mesmo que muitos por aí queiram – manter nossos filhos sob nossa proteção o tempo todo, sempre. Não podemos os deixar em uma redoma de vidro mesmo que virtual. Eles precisam viver.

 

E a vida é composta de alegrias e de tristezas, e frustrações.

 

É aprendendo desde cedo a lidar com os contratempos que surgem que vamos crescer e nos tornamos pessoas independentes e viver uma vida plena. Dessa forma, por caminhos mais ou menos tortuosos, que eles chegarão aonde desejam.

 

Vejo assim as coisas, e procuro viver dessa forma. 


Até. 

terça-feira, julho 22, 2025

Outras Conversas

Mudando de assunto.

 

E o quê acontece no Brasil (e no mundo)?

 

Muito louco, muito estranho. Tenho pensado em como me posicionar politicamente por esses dias extremamente polarizados e, sim, difíceis de entender. Se pararmos para pensar um pouco, poucos fatos fazem sentido e, na boa, ninguém tem razão. É muita gritaria porque no fundo todos querem ganhar assim, no grito.

 

Eu ia escrever e me posicionar mais fortemente, mas confesso que me preocupei em como vou ser interpretado e rotulado, em como serei colocado em um lado da história ou de outro e que tipo de consequências isso pode ter. Sim, fiz autocensura.

Lamentável.

 

Mas não tenho nenhuma obrigação de fazer isso aqui, porque esse espaço é um espaço meu e de meus pensamentos, minhas reflexões e abstrações. Algumas vezes até de poesia, e não deixar meus escritos pessoais e, sim, autobiográficos, serem contaminados com as confusões do mundo exterior é até terapêutico.

 

Já aconteceu, há tempos, de eu publicar uma piada política em uma rede social e alguém ler e comentar me agredindo, coisa normal, no sentido de estatisticamente frequente, de acontecer. Eu bloqueei, porque não permito ninguém vir até minha casa me ofender. Com o tempo, parei de procurar polêmicas e decidi focar no que importa, nas pessoas e nas relações com elas. 


Até. 

segunda-feira, julho 21, 2025

O Caminho

O final do domingo, Dia do Amigo, foi – por conta do desejo de publicar em rede social uma homenagem aos meus amigos – de rever fotos e escolher algumas que representassem a minha relação com aqueles com quem tenho uma identificação maior. A seleção, como qualquer outra feita por qualquer razão, é sempre incompleta e injusta, porque sempre há aquele que deveria estar e ficou faltando. 

 

Então estava eu revendo fotos para escolher algumas entre elas, em meio às mais de oitenta mil que mantenho, e lembrando e revivendo diversos desses momentos com diferentes amigos em diferentes épocas, desde muito tempo até sábado que passou, quando pude encontrar alguns deles no lançamento do meu segundo livro, e ainda depois no final do dia no churrasco que fizemos. E me senti feliz, abraçado, por ter a chance de viver esses momentos de conexão com quem esteve lá e de forma igual com quem não pôde estar, mas sei que existe a ligação e o carinho.

 

O que fica é a sensação de estar no caminho certo.

 

E estou andando com as pessoas certas.


Até. 

domingo, julho 20, 2025

A Sopa

Oitenta mil fotos. 

 

Oitenta. Mil. Fotos. Sem contar os vídeos. É o que tenho armazenado “na nuvem”. E, também, sem contar as fotos físicas e as que estão armazenadas em alguns HDs externos. É muita foto.

 

Passamos do tempo em que tínhamos que ser extremamente criteriosos na hora de fazer uma foto, porque deveria ser posteriormente enviada a um laboratório para ser revelada e isso não era barato, até os dias atuais em que de cada “pose” para foto são feitas três ou quatro, para escolher a melhor. As que não ficaram perfeitas, contudo, não costumam ser excluídas.

 

Eu, ao menos, não excluo. Aliás, sou totalmente contrário à exclusão ou deleção de qualquer foto tirada (com as devidas exceções, claro), algo que nem todos concordam. Eu acho que todas as fotos, mesmo as imperfeitas, contam uma história. E todas as histórias merecem ser contadas, todas as histórias são importantes.

 

Como eu dizia, tenho mais de oitenta mil fotos armazenadas, a maioria certamente dos últimos anos, à medida em que a tecnologia facilitou. Costumo brincar que, se eu não tivesse outras razões para continuar com a Jacque, eu permaneceria só por causa de todas as fotos que temos juntos dos últimos trinta anos, ou a maior parte da minha vida. Nossa história está registrada em fotos ao longo desses anos todos, desde a primeira, em oito de março de mil novecentos e noventa e cinco, até as que foram tiradas ontem, quando lancei o meu segundo livro, ‘Eu Pai, Eu Filho’, que é dedicado também e principalmente ela porque ela é parte fundamental dessa história.

 

Assim como são os amigos, de quem tenho falado muito nos últimos dias e cujo dia se celebra hoje.


Abraço a todos os (meus) amigos.


Até. 

sábado, julho 19, 2025

Sábado (e um inverno qualquer)

 

Tarde fria de 2023

Uma tarde fria de inverno por aí,  2023.

Bom sábado a todos!

Até.

PS - Ah, hoje a partir das 16h tem o lançamento do meu novo livro: 'Eu Pai, Eu Filho'.
        Nina Café de Casa - Rua Gonçalo de Carvalho, 129.

        Estarei lá.

        Abraço!

sexta-feira, julho 18, 2025

Auditoria da Vida

Ontem me foi perguntado da razão pela qual as minhas crônicas venham sendo monotemáticas, que esteja escrevendo sobre amigos e amizades, ao menos na última semana. Teria eu sido abandonado, ou tido alguma decepção com algum amigo recentemente?

 

Não, afirmo serena e tranquilamente.

 

Estou, contudo, em um processo que poderia chamar de auditoria da vida nos últimos tempos, e o tema amizades faz parte desse processo. A partir de leituras diversas, comecei a avaliar minha vida de um modo geral, procurando dar a importância devida a cada aspecto dela, buscando entender o que realmente devo valorizar, se valorizo o que deveria valorizar e se estou dando uma importância indevida ao que não deveria. Um exercício complexo, mas interessante.

 

Quais os critérios que estou utilizando e se se são os melhores, os mais adequados, para julgar se estou tendo sucesso naquilo que me propus a fazer e ser, por exemplo. E se esses critérios são válidos apenas para mim ou valem para outros, a forma como vejo a vida dos outros. Se caio na armadilha de comparar minha vida com a de outros, se julgo meus “sucessos” baseado em critérios meus ou de outros.

 

Como parte dessa grande auditoria da vida que procuro fazer, e que é um processo que deve ser contínuo, saber com quem ando e porque é uma parte significativa. Por isso tenho pensado e falado mais dos meus amigos e das amizades.

 

Também como exercício de reflexão, tenho pensado no que o Marcelo de 16 anos de idade diria do Marcelo com 53 anos. 

 

Preciso escrever sobre isso um dia desses.


Até. 

quinta-feira, julho 17, 2025

Ainda os Amigos

Próximo domingo.

 

O 20 de julho é, desde muito tempo, considerado o Dia do Amigo. Existem outros dias em que se celebram os amigos, mas o mais popular é o vigésimo dia do sétimo mês do ano. A escolha desse dia em especial é pela chegada do homem à Lua, em 20 de julho de 1969. Uma forma de homenagear a união e a fraternidade entre as pessoas. Sigo, então, pensando e refletindo sobre os amigos e amizades.

 

Eu valorizo MUITO as amizades e os (meus) amigos.

 

Contudo, a ideia de que amizades são para sempre é imprecisa. Temos, sim, amigos de uma vida toda, que surgem a qualquer momento de nossas vidas e permanecem, enquanto outros amigos permanecem por um período e o tempo os faz deixar de ser. Existem aqueles cujas vidas seguem paralelas às nossas, próximas, como se estivéssemos em um mesmo barco, mesmo que não nos encontremos diariamente, mesmo que não compartilhemos da rotina dos dias. E outros que, apesar de fisicamente, geograficamente próximos, tornam-se distantes, perdem a naturalidade e a sintonia. Como sempre digo, faz parte, acontece.

 

E o fato de não serem mais próximos a nós, não possuírem mais a mesma conexão de outrora conosco, não invalida, desmerece ou apaga o que se viveu, o que se criou junto, as memórias e as histórias. Apenas rumos diferentes foram seguidos.

 

Falando de mim especificamente, que é o que faço por aqui (no último ano, com frequência diária), digo que tenho a tendência (defeito) de, por respeitar o que passou, valorizar pessoas e fatos que considero importantes, muitas vezes tentar recuperar, trazer de volta para perto aqueles que, por uma razão ou outra, se afastaram. Não consigo evitar, é parte de quem sou, mas sei que muitas vezes essa tentativa é um erro, porque não há interesse da(s) outra(s) parte(s) ou porque não faz mais absolutamente nenhum sentido.

 

Sigo aprendendo, sigo aprendendo.

 

Até.

quarta-feira, julho 16, 2025

Círculos de Convívio

Independente da impossibilidade de fazer uma pausa na vida para reavaliá-la, para analisar se os resultados práticos obtidos até aqui estão em conformidade com os objetivos de vida pré-determinados e, mais, se existem mesmo objetivos definidos a priori, em meio ao turbilhão de eventos que é a vida diária, ainda assim tenho pensado em - mais do que em quem sou – com quem tenho andado, com quem gostaria de andar mais e com quem não deveria estar mais convivendo. Como se, de lupa, estivesse olhando para o mundo ao meu redor e, sim, em tese menos para o meu umbigo.

 

O que é uma falsa premissa, pois é a partir de minhas impressões que essas “análises” estão sendo feitas. Então, olhando para o exterior, estou olhando em um espelho em que me vejo nos outros, e aprendendo sobre mim nessa minha relação com as pessoas, com o mundo.

 

Fazendo um exercício prático, reconheço que convivo diariamente com muitas pessoas em diferentes ambientes pelos quais circulo, e com quem tenho diferentes tipo relações. São conhecidos, colegas de trabalho, amigos de trabalho, amigos, e grandes amigos, digamos, além de familiares, ex-colegas, e até – se é que existe – ex-amigos, em uma classificação em níveis de proximidade (geográfica e de conexão). Usualmente não pensamos nisso no dia a dia, mas seria interessante colocar em um papel esses diferentes círculos de proximidade, com aqueles com quem mais podemos contar mais no centro, e à medida que o grau de proximidade da conexão diminua, mais afastados desse centro.

 

Qual é o nosso círculo mais próximo de relações, aqueles com quem podemos contar sempre, de um jeito ou de outro? Aqueles para quem hipoteticamente poderíamos ligar em meio à madrugada dizendo que “precisamos de ajuda, vai ser feio e vamos machucar pessoas” e que responderiam “no teu carro o no meu?”.

 

Eu sei quem são, eles sabem que são.


Até. 

terça-feira, julho 15, 2025

Acumular e descartar

Não preciso de férias.

 

Preciso, contudo, de um recesso, uma parada. Um período em que eu possa ficar na minha, quieto, em casa, com minhas coisas, com meus livros, artigos científicos, papéis, guardados diversos, roupas, sapatos e tênis. Velhos, usados. 

 

Porque sinto estou em um momento em que existe a necessidade de me desfazer daquilo que se tornou descartável, seja por muito velho, por obsoleto ou porque perdeu o sentido de ser. O que representa alguém que não sou mais.

 

Quero andar e viver mais leve, com menos peso.

 

Nunca fui um acumulador, exceto de memórias e histórias, então não tem por que guardar objetos – de qualquer tipo – que não mais me representem, que estejam ocupando espaço sem ter mais significado. 

 

Para isso, precisaria de alguns dias, ou semana, para – com calma – olhar item por item, lembrar da história associada a cada um desses objetos e definir pela manutenção ou não dele entre meus guardados. Não tenho perspectiva de ter um tempo assim, infelizmente. A solução é ir fazendo aos poucos ao longo do tempo, e torcendo para não acumular novos enquanto não me desfaço dos velhos.

 

Eu ia dizer que o princípio vale para pessoas. Existem algumas cuja presença em nossas vidas não tem mais razão de ser, cuja relação de se tornou tóxica, perdeu a razão de ser. Só que essas saem de nossas vidas por conta própria, não precisamos descartá-la.

 

Que sorte.

 

Até. 

segunda-feira, julho 14, 2025

O que preciso para viver?

Tenho pensado em como avalio a (minha) vida.

 

Quais são os critérios que uso para entender como as coisas estão, além da sensação subjetiva de se estar bem ou não? Como devo julgar se tenho tido sucesso em meus empreendimentos pessoais, em termos de relacionamentos, de ser parte de uma comunidade, de me sentir parte de algo maior, significativo? Bens materiais têm importância nesse tipo de avaliação?

 

O primeiro ponto que mostra que as coisas estão indo bem é que tenho tempo para me preocupar com isso, porque as condições mínimas de sobrevivência foram alcançadas e não são motivos de ansiedade. Um teto sobre o qual vivo, comida na mesa, família e amigos próximos, churrascos, um trabalho com significado. Check, check, check, check e check. Fazer diferença na vida de alguém? Check.

 

O que mais é preciso?

 

Música?

 

Temos.

 

Tudo está bem, então.


Até. 

domingo, julho 13, 2025

A Sopa

De tempos em tempos, o algoritmo da vida faz com que eu veja ou leia o (ao menos para mim) famoso Harvard Study of Adult Development, um chamado estudo de coorte que vem acompanhando, há mais de 80 anos, a vida de um grupo inicial de mais de setecentas pessoas de diferentes origens e extratos sociais e seus descendentes, em busca de responder, entre outras coisas, à pergunta: o que faz a vida satisfatória? Confesso que sou fascinado pelo estudo (tem até uma apresentação do TED sobre ele) e pelo tema. 

 

Inicialmente, eram dois grupos separados estudados, um de alunos do segundo ano de Harvard, e outro grupo de pessoas de áreas de baixa renda de Boston, de maior vulnerabilidade. A pesquisa tem acompanhado esse grupo, e seus descendentes, desde então, em busca de identificar os determinantes de uma boa vida. E um dos resultados encontrados, que é muito interessante, não é uma novidade para mim, alguém que sempre foi (é) um ‘botador de pilhas’. O importante, o que determina uma vida satisfatória e boa, não são as condições socioeconômicas, não é o emprego ou os bens adquiridos, não é a fama.

 

São os relacionamentos.

 

Relacionamentos fortes e de apoio foram identificados como preditores muito melhores de uma vida longa e feliz do que fatores como status social, QI ou até mesmo genética. Isso significa que a presença de conexões significativas e de confiança com outras pessoas é fundamental para o bem-estar geral.

 

Em outras palavras, ter alguém com quem contar durante os altos e baixos da vida é crucial para o bem-estar geral. Os participantes que relataram ter relacionamentos de qualidade, como amizades próximas, laços familiares fortes ou um parceiro amoroso confiável, tendiam a ser mais felizes e saudáveis ao longo do tempo. É como sempre pensei: a importância dos relacionamentos não pode ser subestimada quando se trata de promover uma vida longa e satisfatória.

 

Por esse conhecimento, inicialmente empírico, mas agora baseado em dados científicos, que procuro manter as amizades, as parcerias, as confrarias, os grupos de convívio próximos. Por isso a importância dos churrascos, aos quais nunca digo não a um convite. Por isso fazer parte de grupos sempre foi fundamental para mim, e a sensação de (possível ou real) exclusão é bem ruim.

 

De tempos em tempos, deveríamos pensar em quem chamaríamos se tivéssemos um problema no meio da noite e precisássemos de ajuda. Quem não hesitaria em nos ajudar.

 

Esses são os de fé.


Até. 

sábado, julho 12, 2025

Sábado (que vem, na verdade)


O lançamento do meu novo livro será no próximo sábado, 19/07.
Editora Bestiário.

Na rua mais bonita do mundo, segundo os porto-alegrenses...

Nina Café de Casa. Rua Gonçalo de Carvalho, 129. 

Vai ser bem legal.

Até.


sexta-feira, julho 11, 2025

Sexta-feira

Ainda sobre as comparações.

 

Não interessa se a grama do vizinho parece mais verde que a nossa. Aliás, nem devemos olhar para a grama do vizinho. Estava lendo esses dias alguém que escreveu algo como ‘não devemos olhar para o caminho que não percorremos”. Esse deve ser o princípio.

 

Ficar preso no ‘E se...’, nas possibilidades de desfechos diferentes em caso de escolhas que não as que fizemos é – além de um exercício estéril – injusto para conosco. Quase sempre o que não vivemos parecerá melhor do que vivemos agora, porque está no campo das possibilidades, das probabilidades. O mundo ideal seria aquele que não escolhemos, e não o que estamos agora, fruto de todas as nossas decisões prévias.

 

Não é verdade.

 

Prefiro acreditar que onde estamos hoje, agora, e que é resultado de tudo o que fomos e vivemos até hoje, é o melhor, levando em conta que estamos fazendo o melhor possível a cada o momento, a cada escolha. Claro que o resultado nem sempre (ou quase nunca) depende exclusivamente de nós, mas – se estamos fazendo nossa parte – prefiro acreditar no melhor desfecho possível.

 

É certo, também, que erramos de tempos em tempos. 

 

Quando isso acontece, o melhor é fazer como quando se pega um trem errado: o melhor é descer na primeira estação (oportunidade), porque quanto mais longe formos no caminho errado, maior o custo de retomar o caminho correto.


Até. 

quinta-feira, julho 10, 2025

Apenas

Que triste isso.

 

Estava conversando com um professor de música por esses dias e ele me contou que dava aulas para um médico há algum tempo, e esse aluno médico, que fazia aulas de canto, disse que não poderia se apresentar em público porque era médico e, afinal, “vidas estavam em suas mãos diariamente”.

 

Teria uma imagem a preservar, não queria ser mal interpretado, provavelmente parecer menos “sério” do que realmente era, ou algo assim. Que sua atividade era muito importante, que ele era muito importante, imagino, para que tivesse sua imagem associada à outra atividade que não fosse o ‘sacerdócio médico’.

 

Fiquei pensativo, logo após lamentar por ele. 

 

Sim, lamento profundamente essa visão – em minha opinião, claro – estreita da vida e do mundo, associada a um grau elevado de arrogância. A atividade médica é importante, claro, como são importantes quase todas as atividades humanas, em maior ou menos grau, e não compete a mim e nem a ninguém julgar a sua atividade ou a dos outros dessa forma. Ele é médico. Bom para ele, parabéns. 

 

E daí?

 

Esse fato específico, ser médico, o torna melhor ou pior do que alguém? Evidentemente que não. Todos os anos de formação e treinamento, toda dedicação, finais de semana perdidos em estudo e trabalho apenas o tornam melhor que sua versão anterior, que vai ser inferior – se tudo correr bem – à sua própria versão do futuro, digamos assim.

 

Além disso, não acredito que devemos ser definidos apenas pela nossa ocupação. Que triste isso, de alguém se considerar ou definir por sua profissão. Somos muito mais que ‘apenas’ médicos, advogados, engenheiros ou artistas. Sempre acreditei que podemos ser (e somos) muitos. E lembro Raul Seixas que, além de Metamorfose Ambulante, escreveu:

 

Ah!
Eu é que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar

Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador


Vamos viver tudo que há para viver.

 

Até.

quarta-feira, julho 09, 2025

Sobre ser coadjuvante da própria vida

Disciplina.

 

Entre todas as valências humanas, talvez uma das mais subestimadas seja a disciplina. Mesmo já tendo sido cantada em prosa e verso ('Disciplina é liberdade', cantou a Legião Urbana) tenho a sensação, e é sensação, impressão mesmo, de que normalmente não é valorizada como deveria.

 

Valoriza-se muito mais o improviso, a rebeldia, a falta de método. O “gênio” seria alguém que, em arroubos ou espasmos de criatividade ou engenhosidade, criaria algo fora de série. Até acontece aqui e ali, mas são casos anedóticos, como se diz. O progresso humano é baseado em disciplina e constância, conceitos um pouco diferentes, mas relacionados.

 

Terminamos nossos projetos, alcançamos nossos objetivos, chegamos ao fim de caminhadas apenas com disciplina. Da mesma forma, nos tornamos excelentes no que fazemos apenas com dedicação e constância, com a disciplina que não nos deixa abandonar o que não está pronto.

 

Esse sempre foi um dos meus medos no passado.

 

Temia que eu fosse alguém que não terminasse o que havia começado, ou que nem começasse para não ter que ir até o final. Que fosse alguém que ficasse apenas no plano das ideias, vivendo em um mundo de sonho, ou fantasia, onde as coisas dariam certo até de manhã, quando eu acordasse para uma possível vida medíocre, onde vivesse uma vida que não era que eu havia imaginado, e que eu não houvesse feito nada para que fosse diferente. Que eu fosse um personagem coadjuvante em minha própria história.

 

Procuro diariamente evitar isso.


Até. 

terça-feira, julho 08, 2025

Educação Musical

Há muito passou o tempo em que, enquanto levava a Marina de um lugar a outro, inventávamos jogos para passar o tempo. Nada mais natural, afinal ela está prestes a completar dezessete anos. Houve a fase em que conversávamos e ouvíamos música, as que eu escolhia, afinal meu carro, minhas regras. E era também educativo, pois eu seguia apresentando a ela sons que eu achava que ela deveria conhecer e ouvir.

 

Depois, passamos a ouvir também músicas que ela sugeria, pois também passou a ter sons que queria me apresentar, nada mais natural. Em outros momentos, com fones de ouvido, ela ouvia / ouve o que está com vontade naquele momento. De umas semanas para cá, acabamos voltando a jogar, em mais uma forma de nos conectar através da música.

 

É um jogo de conhecimento musical.

 

Funciona assim: seleciono uma playlist no Spotify, ela fecha os olhos, e deve reconhecer a música que começa a tocar, por nome e de quem é. 

 

Tem sido muito legal.

 

Ontem, para orgulho do pai, a sequência de músicas que ela reconheceu foi de Another Brick in the Wall (Pink Floyd), além de Immigrant Song (Led Zeppelin),Back in Black (AC/DC), Three Little Birds (Bob Marley), Song 2 (Blur), entre outras do Nirvana, Rolling Stones, Fleewood Mac e Animals, entre outras. Sem falar que está atualmente cantando The Weight (The Band), uma das músicas da minha vida.

 

Que orgulho.

 

A Jacque, a School of Rock e eu temos feito um grande trabalho em termos de educação musical.

 

Até.

segunda-feira, julho 07, 2025

Amanheceu, e tem neblina

Começo a semana assim, pouco inspirado.

 

Poderia chamar de preguiça mental, ou é efeito da neblina, que esconde parte da cidade ao clarear o dia? Não sei, mas vejo a semana pela frente e reafirmo a preguiça, agora também física, e sinto o ombro direito, que desde a madrugada de sábado para domingo dói como se tivesse feito um esforço que não fiz, porque no sábado fiquei mais tempo na cama ao invés de ir até a academia antes da quermesse da escola da Marina, que vamos não por causa dela, mas porque gostamos da festa, e além de tudo tinha show do Elton Saldanha, que lembra que somos do Sul, a nossa terra tem o céu azul, é só olhar e ver....

 

Passamos da metade do ano, e seguimos.

 

Nem tudo planejado aconteceu, como sempre, afinal a vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos, e está tudo certo, está tudo bem. Vamos nos adaptando, vamos ajustando.

 

Boa semana para nós.


Até. 

domingo, julho 06, 2025

A Sopa

Escolhas e renúncias.

 

Ao longo do tempo, venho definindo, descobrindo, aprendendo, quais são minhas prioridades, aquilo que é importante para minha vida, e quais caminhos são os que considero mais certos que eu percorra. A partir dessas definições, da definição do que quero, tenho procurado ajustar a vida, através também de mudanças da rotina, de alguns hábitos e renunciando a outros, a esses objetivos os quais defini e sigo definindo. É um trabalho diário, esse da disciplina da mudança de hábitos.

 

De tempos em tempos, por razões diversas, podem ocorrer deslizes – digamos assim – e recaímos por um tempo a hábitos que não nos servem mais. O importante é reconhecer esses desvios do caminho e voltar à rota original. 

 

Importante, também, é a noção de que as pessoas não precisam entender o caminho que escolhes, porque quase nunca elas terão como saber de forma completa as razões de nossas escolhas. Porque o que elas conhecem de nós sempre é uma parte do todo, um frame, uma ‘captura de tela’ de quem somos. E esperam que vivamos de acordo com sua expectativa baseada nessa parte do todo. Nem sempre será assim, nem sempre seremos o que esperam de nós porque somos muito mais que isso, muito mais que a superfície que elas veem.

 

Parte do crescimento – e entendo a ironia de alguém com mais de cinquenta anos falando em crescimento e amadurecimento quando eu imaginava já ter todas as respostas com essa idade – significa reconhecer e mostrar aos outros (ao mundo) que somos mais do que aquilo que todos veem na vitrine de nossas vidas, ou na vitrine da rede social, por exemplo. 

 

Eu, como disse, tenho procurado fazer isso.

 

Reconheço, também, que cada escolha implica em renúncias, em abandonar, sendo extremo, uma vida que não faz mais sentido a quem somos hoje, renunciando também a potenciais benefícios envolvidos com o caminho do qual abrimos mão. É outro aprendizado. Mesmo que estejamos convictos de para onde estamos indo, às vezes olhar para aquilo de que abrimos mão pode nos fazer pensativos. É temporária, essa sensação de exclusão (e a sensação de ser excluído é das piores para mim), mas é preciso estar certo e tranquilo com o caminho e seguir.

 

Eu estou.


Até. 

sábado, julho 05, 2025

sexta-feira, julho 04, 2025

A Casa da Praia

Tenho alguns sonhos recorrentes.

 

Essa noite, depois de um certo tempo, sonhei com a casa da praia, a do Imbé, onde passei os verões de minha infância e adolescência. Fazia tempo que não sonhava com a casa.

 

Era para ser um feriado, e a casa ao lado, à esquerda de quem olha de frente, tinha muitos carros em frente e estava sendo limpa para receber pessoas. Estávamos na casa dos fundos, meio improvisados, e a casa da frente estava fechada. 

 

Em algum momento do sonho decidi abri-la, pois estava fechada provavelmente desde o verão, e teríamos que abrir janelas e limpá-la para ficarmos lá. Só que as luzes não acendiam, e fui ao quadro de disjuntores para verificar. Liguei e desliguei alguns deles até que percebi que o quadro estava em lugar que não era o habitual. Foi quando me dei conta, lembrei.

 

A casa não era mais nossa.

 

Estava (de novo) na nossa casa da praia que já não era nossa, e não deveria estar ali. Lembrei que havíamos vendido a casa em dois mil e quatorze (!). E que sigo sonhando de tempos em tempos com a casa, e sempre tenho percebido durante o sonho que não deveria estar mais ali, pois já não é o nosso lugar.

 

Não têm mais os verões e sábados de manhã de sol em que a música que toca é (de um vinil) ‘Cúmplice’, do Cazuza, que diz:

 

‘Hoje eu acordei querendo encrenca
escrevi teu nome no ar
bati três vezes na madeira
senti você me chamar

 

Na verdade uma carta em braile
me deu uma certeza cega
Você estava de volta ao bairro
em alguma esquina á minha espera’...

 

 

Em alguns dos sonhos, meu pai também aparece, e sei que ele não está mais lá. As pessoas que eram importantes para a casa da praia não estão lá.

 

A casa da praia continua em mim, e sigo, mesmo que não mais frequente a praia de outros tempos. Existem outras praias e outras casas, mas nenhuma como a (minha) casa da praia.

 

É vida.

 

Até.