Não preciso de férias.
Preciso, contudo, de um recesso, uma parada. Um período em que eu possa ficar na minha, quieto, em casa, com minhas coisas, com meus livros, artigos científicos, papéis, guardados diversos, roupas, sapatos e tênis. Velhos, usados.
Porque sinto estou em um momento em que existe a necessidade de me desfazer daquilo que se tornou descartável, seja por muito velho, por obsoleto ou porque perdeu o sentido de ser. O que representa alguém que não sou mais.
Quero andar e viver mais leve, com menos peso.
Nunca fui um acumulador, exceto de memórias e histórias, então não tem por que guardar objetos – de qualquer tipo – que não mais me representem, que estejam ocupando espaço sem ter mais significado.
Para isso, precisaria de alguns dias, ou semana, para – com calma – olhar item por item, lembrar da história associada a cada um desses objetos e definir pela manutenção ou não dele entre meus guardados. Não tenho perspectiva de ter um tempo assim, infelizmente. A solução é ir fazendo aos poucos ao longo do tempo, e torcendo para não acumular novos enquanto não me desfaço dos velhos.
Eu ia dizer que o princípio vale para pessoas. Existem algumas cuja presença em nossas vidas não tem mais razão de ser, cuja relação de se tornou tóxica, perdeu a razão de ser. Só que essas saem de nossas vidas por conta própria, não precisamos descartá-la.
Que sorte.
Até.