Disciplina.
Entre todas as valências humanas, talvez uma das mais subestimadas seja a disciplina. Mesmo já tendo sido cantada em prosa e verso ('Disciplina é liberdade', cantou a Legião Urbana) tenho a sensação, e é sensação, impressão mesmo, de que normalmente não é valorizada como deveria.
Valoriza-se muito mais o improviso, a rebeldia, a falta de método. O “gênio” seria alguém que, em arroubos ou espasmos de criatividade ou engenhosidade, criaria algo fora de série. Até acontece aqui e ali, mas são casos anedóticos, como se diz. O progresso humano é baseado em disciplina e constância, conceitos um pouco diferentes, mas relacionados.
Terminamos nossos projetos, alcançamos nossos objetivos, chegamos ao fim de caminhadas apenas com disciplina. Da mesma forma, nos tornamos excelentes no que fazemos apenas com dedicação e constância, com a disciplina que não nos deixa abandonar o que não está pronto.
Esse sempre foi um dos meus medos no passado.
Temia que eu fosse alguém que não terminasse o que havia começado, ou que nem começasse para não ter que ir até o final. Que fosse alguém que ficasse apenas no plano das ideias, vivendo em um mundo de sonho, ou fantasia, onde as coisas dariam certo até de manhã, quando eu acordasse para uma possível vida medíocre, onde vivesse uma vida que não era que eu havia imaginado, e que eu não houvesse feito nada para que fosse diferente. Que eu fosse um personagem coadjuvante em minha própria história.
Procuro diariamente evitar isso.
Até.