quinta-feira, dezembro 11, 2025

A Ilha, de novo

Deixa de ser besta e para com essa bobagem’.

 

Essa é uma frase que digo a mim mesmo de tempos em tempos. É uma espécie de chamado de volta à realidade, uma lembrança para colocar novamente os pés no chão e parar com sentimentos de inadequação, ou quando a sensação de ilha bate mais forte. Você sabe, quando nos sentimos sós em meio a uma multidão.

 

São cada vez mais raros, mas ainda acontecem vez que outra. O que fazer nesses momentos? Se não é possível evitar, ao menos tenho tentado (e, sim, conseguido) torná-los cada vez mais breves.

 

Essa eventual, possível, sensação de não fazer parte, ou – extremo – de ser excluído, é o fantasma rondou (ronda?) em minha volta ao longo da vida e, mesmo velha conhecida, ainda algumas vezes consegue me incomodar. Reconheço imediatamente sua ocorrência e prontamente começo o trabalho de neutralizar seus efeitos. Quase como uma nuvem escura que baixa sobre a vida. E não consigo não lembrar...

 

Hello darkness, my old friend
I've come to talk with you again
Because a vision softly creeping
Left its seeds while I was sleeping
And the vision that was planted in my brain
Still remains
Within the sound of silence

 

In restless dreams I walked alone
Narrow streets of cobblestone
'Neath the halo of a street lamp
I turned my collar to the cold and damp
When my eyes were stabbed by the flash of a neon light
That split the night
And touched the sound of silence

 

And in the naked light I saw
Ten thousand people, maybe more
People talking without speaking
People hearing without listening
People writing songs that voices never share
No one dared
Disturb the sound of silence

 

"Fools" said I, "You do not know
Silence like a cancer grows
Hear my words that I might teach you
Take my arms that I might reach you"
But my words like silent raindrops fell
And echoed in the wells of silence

 

And the people bowed and prayed
To the neon god they made
And the sign flashed out its warning
In the words that it was forming

And the sign said, "The words of the prophets
Are written on the subway walls
And tenement halls
And whispered in the sounds of silence" * 

 

Mas, como eu disse, dura pouco essa sensação.

 

Tudo o que preciso, nesses momentos, é olhar para o todo, ter uma visão de perspectiva, para saber que, sim, as coisas estão como deveriam ser, e que não estou só.

 

Até.


Simon and Garfunkel, 1964.