Longe dos pescadores os rios infindáveis vão morrendo de sede lentamente...
Eles foram vistos caminhando de noite para o amor — oh, a mulher amada é como a fonte!
A mulher amada é como o pensamento do filósofo sofrendo
A mulher amada é como o lago dormindo no cerro perdido
Mas quem é essa misteriosa que é como um círio crepitando no peito?
Essa que tem olhos, lábios e dedos dentro da forma inexistente?
Pelo trigo a nascer nas campinas de sol a terra amorosa elevou a face pálida dos lírios
E os lavradores foram se mudando em príncipes de mãos finas e rostos transfigurados...
Oh, a mulher amada é como a onda sozinha correndo distante das praias Pousada no fundo estará a estrela, e mais além.
Crônicas e depoimentos sobre a vida em geral. Antes o exílio; depois, a espera. Agora, o encantamento. A vida, afinal de contas, não é muito mais do que estórias para contar.
terça-feira, dezembro 31, 2013
sábado, dezembro 28, 2013
terça-feira, dezembro 24, 2013
domingo, dezembro 22, 2013
sábado, dezembro 21, 2013
segunda-feira, dezembro 16, 2013
Fica a poeira se escondendo pelos cantos...
Frase de muitos significados no momento.
Pode ser porque desde outubro não frequente esse espaço, o maior período de ausência desde que foi criado, há quase dez anos. Pensei que pudesse ser porque "blogar" anda meio fora de moda, algo totalmente - sei lá - 2010, ou que eu tivesse perdido o encanto e estivesse fazendo isso por obrigação, o que seria completamente fora do espirito para o qual foi criado.
A poeira pelos cantos, e não só por ali e muito menos escondendo-se poderia significar também uma referência à obra aqui de casa, que foi o caos, o horror, o inferno, mas que passou e agora os detalhes que ainda faltam - alguns, alguns - não representam nenhum transtorno. Dos quarenta dias previstos mais ou menos sete dias de desvio-padrão, a obra durou exatos quarenta e cinco, sendo que mudamos de volta no quadragésimo dia, e hoje a casa está limpa e muito próxima do planejado em conjunto com os arquitetos Alexandre e Carla (que estava em seus últimos dias de gestação e o Pedro nasceu sábado, quando tinha acabado o principal), amigos de muitos e muitos anos e grandes profissionais. Vencemos a batalha.
O significado da frase do título pode ter a ver comigo também, que estou entrando de férias hoje (com o final da obra, do semestre, do ano). Nem tudo o que eu queria terminar antes de viajar (para o frio, para a família) eu consegui. Ficaram relatórios e projetos para entregar em janeiro. Paciência.
O ano foi dos mais pesados, e o descanso - além de bem vindo - é necessário.
O próximo vem com novos desafios, o que é sempre bom.
Até.
Pode ser porque desde outubro não frequente esse espaço, o maior período de ausência desde que foi criado, há quase dez anos. Pensei que pudesse ser porque "blogar" anda meio fora de moda, algo totalmente - sei lá - 2010, ou que eu tivesse perdido o encanto e estivesse fazendo isso por obrigação, o que seria completamente fora do espirito para o qual foi criado.
A poeira pelos cantos, e não só por ali e muito menos escondendo-se poderia significar também uma referência à obra aqui de casa, que foi o caos, o horror, o inferno, mas que passou e agora os detalhes que ainda faltam - alguns, alguns - não representam nenhum transtorno. Dos quarenta dias previstos mais ou menos sete dias de desvio-padrão, a obra durou exatos quarenta e cinco, sendo que mudamos de volta no quadragésimo dia, e hoje a casa está limpa e muito próxima do planejado em conjunto com os arquitetos Alexandre e Carla (que estava em seus últimos dias de gestação e o Pedro nasceu sábado, quando tinha acabado o principal), amigos de muitos e muitos anos e grandes profissionais. Vencemos a batalha.
O significado da frase do título pode ter a ver comigo também, que estou entrando de férias hoje (com o final da obra, do semestre, do ano). Nem tudo o que eu queria terminar antes de viajar (para o frio, para a família) eu consegui. Ficaram relatórios e projetos para entregar em janeiro. Paciência.
O ano foi dos mais pesados, e o descanso - além de bem vindo - é necessário.
O próximo vem com novos desafios, o que é sempre bom.
Até.
domingo, outubro 27, 2013
segunda-feira, outubro 21, 2013
Helpless
There is a town in north Ontario,
With dream comfort memory to spare,
And in my mind
I still need a place to go,
All my changes were there.
Blue, blue windows behind the stars,
Yellow moon on the rise,
Big birds flying across the sky,
Throwing shadows on our eyes.
Leave us
Helpless, helpless, helpless
Baby can you hear me now?
The chains are locked
and tied across the door,
Baby, sing with me somehow.
Blue, blue windows behind the stars,
Yellow moon on the rise,
Big birds flying across the sky,
Throwing shadows on our eyes.
Leave us
Helpless, helpless, helpless.
(Neil Young)
sábado, outubro 19, 2013
sábado, outubro 05, 2013
domingo, setembro 22, 2013
Domingo (e começa a primavera)
Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão
A minha gente hoje anda
Falando de lado
E olhando pro chão, viu
Você que inventou esse estado
E inventou de inventar
Toda a escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar
O perdão
Falou, tá falado
Não tem discussão
A minha gente hoje anda
Falando de lado
E olhando pro chão, viu
Você que inventou esse estado
E inventou de inventar
Toda a escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar
O perdão
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Eu pergunto a você
Onde vai se esconder
Da enorme euforia
Como vai proibir
Quando o galo insistir
Em cantar
Água nova brotando
E a gente se amando
Sem parar
Amanhã há de ser
Outro dia
Eu pergunto a você
Onde vai se esconder
Da enorme euforia
Como vai proibir
Quando o galo insistir
Em cantar
Água nova brotando
E a gente se amando
Sem parar
Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros, juro
Todo esse amor reprimido
Esse grito contido
Este samba no escuro
Você que inventou a tristeza
Ora, tenha a fineza
De desinventar
Você vai pagar e é dobrado
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros, juro
Todo esse amor reprimido
Esse grito contido
Este samba no escuro
Você que inventou a tristeza
Ora, tenha a fineza
De desinventar
Você vai pagar e é dobrado
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Inda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria
Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença
E eu vou morrer de rir
Que esse dia há de vir
Antes do que você pensa
Amanhã há de ser
Outro dia
Inda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria
Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença
E eu vou morrer de rir
Que esse dia há de vir
Antes do que você pensa
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia
Como vai se explicar
Vendo o céu clarear
De repente, impunemente
Como vai abafar
Nosso coro a cantar
Na sua frente
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia
Como vai se explicar
Vendo o céu clarear
De repente, impunemente
Como vai abafar
Nosso coro a cantar
Na sua frente
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai se dar mal
Etc. e tal
La, laiá, la laiá, la laiá
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai se dar mal
Etc. e tal
La, laiá, la laiá, la laiá
domingo, setembro 15, 2013
A Sopa 13/06
Não, esse não é um texto de auto-ajuda.
Podemos considerá-lo mais uma confissão, ou um desabafo.
Algum tempo atrás, formulei a tese (certamente não original, mas não importa) de que a busca pela sabedoria e - em última instância - pela felicidade, era o caminho da simplicidade. Retomar as origens do homem. O contato com a terra, poderia dizer a agricultura, como fonte de sapiência. Não me afastei de tudo e fui morar num sítio, afastado de tudo e todos, como poderia alguém imaginar como caminho lógico das minhas ideias.
O princípio, contudo, continua válido.
Lembrei disso quando, há algumas semanas, saturado por notícias, teses e comentários os mais variados - coerentes, estúpidos, raivosos, etc - me vi (me viram) perturbado. Estava - assim como aqueles dias de inverno sem sol, úmidos, frios e de chuva do mês passado - desgostoso com o mundo. O humor havia sumido, a tolerância era pouca. Eu estava me deixando afetar pelo mundo externo de forma muito intensa. E é claro que falo da questão do governo, dos médicos, o Brasil como um todo. Aquilo me afetou muito. Eu tomava cada crítica feita ao médicos como se fosse pessoal. Era eu quem estava sendo chamado de mercenário, de playboy, de estar com medo de estrangeiros, de ser um mau caráter. Não importava o fato de continuar fazendo a minha parte como sempre fiz, muitas vezes trabalhando de graça e não reclamando, além de procurar ser um cidadão exemplar, pagar meus impostos, não sonegar, etc: por ser médico eu era da turma do mal, que tinha uma dívida com meu país e blá-blá-blá... Cansei, e decidi tomar uma atitude, lançar mão de um mecanismo de defesa muito conhecido.
A negação.
Decidir negar. Não ler, não ouvir.
Há cerca de três semanas, deliberadamente não leio nada sobre o ministério da saúde, programa mais médicos, médicos cubanos, o SUS, mercado de pessoas, etc. Nada mesmo. Quando vejo a manchete, mudo a leitura, "oculto" no facebook, não compartilho, mudo de estação no rádio, viro a página do jornal. Como falei, negação completa. Até no carro, em que passava a maior parte do tempo ouvindo notícias, agora ouço quase que exclusivamente música.
É mais ou menos como férias mentais. Desde então, ao deixar de me sentir atacado por todos os lados, tenho vivido num estado de tranquilidade bem maior, preocupado - com minhas atenções direcionadas - com questões mais objetivas e práticas. Vivendo - forçando um pouco a barra, exagerando - num estado ignorância feliz.
A chave para a felicidade seria, também, a alienação.
Imagino que não vai durar para sempre. Logo, muito em breve provavelmente, desisto da atitude de contemplação passiva e volto ao debate, volto a defender minhas ideias, os valores nos quais acredito, com fervor - digamos assim - juvenil. Vou para a briga mesmo.
Ou não.
Pode ser que eu tenha cansado definitivamente e desistido de discutir com paredes. Talvez eu não me importe mais com nada, nem com as pesadas moedas do céu e nem com as sacolas de lixo viradas pelo caminho, pode ser que eu queira mesmo é ficar na minha, com diz a música. Só o tempo vai dizer.
Até.
Podemos considerá-lo mais uma confissão, ou um desabafo.
Algum tempo atrás, formulei a tese (certamente não original, mas não importa) de que a busca pela sabedoria e - em última instância - pela felicidade, era o caminho da simplicidade. Retomar as origens do homem. O contato com a terra, poderia dizer a agricultura, como fonte de sapiência. Não me afastei de tudo e fui morar num sítio, afastado de tudo e todos, como poderia alguém imaginar como caminho lógico das minhas ideias.
O princípio, contudo, continua válido.
Lembrei disso quando, há algumas semanas, saturado por notícias, teses e comentários os mais variados - coerentes, estúpidos, raivosos, etc - me vi (me viram) perturbado. Estava - assim como aqueles dias de inverno sem sol, úmidos, frios e de chuva do mês passado - desgostoso com o mundo. O humor havia sumido, a tolerância era pouca. Eu estava me deixando afetar pelo mundo externo de forma muito intensa. E é claro que falo da questão do governo, dos médicos, o Brasil como um todo. Aquilo me afetou muito. Eu tomava cada crítica feita ao médicos como se fosse pessoal. Era eu quem estava sendo chamado de mercenário, de playboy, de estar com medo de estrangeiros, de ser um mau caráter. Não importava o fato de continuar fazendo a minha parte como sempre fiz, muitas vezes trabalhando de graça e não reclamando, além de procurar ser um cidadão exemplar, pagar meus impostos, não sonegar, etc: por ser médico eu era da turma do mal, que tinha uma dívida com meu país e blá-blá-blá... Cansei, e decidi tomar uma atitude, lançar mão de um mecanismo de defesa muito conhecido.
A negação.
Decidir negar. Não ler, não ouvir.
Há cerca de três semanas, deliberadamente não leio nada sobre o ministério da saúde, programa mais médicos, médicos cubanos, o SUS, mercado de pessoas, etc. Nada mesmo. Quando vejo a manchete, mudo a leitura, "oculto" no facebook, não compartilho, mudo de estação no rádio, viro a página do jornal. Como falei, negação completa. Até no carro, em que passava a maior parte do tempo ouvindo notícias, agora ouço quase que exclusivamente música.
É mais ou menos como férias mentais. Desde então, ao deixar de me sentir atacado por todos os lados, tenho vivido num estado de tranquilidade bem maior, preocupado - com minhas atenções direcionadas - com questões mais objetivas e práticas. Vivendo - forçando um pouco a barra, exagerando - num estado ignorância feliz.
A chave para a felicidade seria, também, a alienação.
Imagino que não vai durar para sempre. Logo, muito em breve provavelmente, desisto da atitude de contemplação passiva e volto ao debate, volto a defender minhas ideias, os valores nos quais acredito, com fervor - digamos assim - juvenil. Vou para a briga mesmo.
Ou não.
Pode ser que eu tenha cansado definitivamente e desistido de discutir com paredes. Talvez eu não me importe mais com nada, nem com as pesadas moedas do céu e nem com as sacolas de lixo viradas pelo caminho, pode ser que eu queira mesmo é ficar na minha, com diz a música. Só o tempo vai dizer.
Até.
sábado, setembro 14, 2013
domingo, setembro 08, 2013
Soneto de domingo
Em casa há muita paz por um domingo assim.
A mulher dorme, os filhos brincam, a chuva cai...
Esqueço de quem sou para sentir-me pai
E ouço na sala, num silêncio ermo e sem fim,
Um relógio bater, e outro dentro de mim...
Olho o jardim úmido e agreste: isso distrai
Vê-lo, feroz, florir mesmo onde o sol não vai
A despeito do vento e da terra que é ruim.
Na verdade é o infinito essa casa pequena
Que me amortalha o sonho e abriga a desventura
E a mão de uma mulher fez simples, pura e amena.
Deus que és pai como eu e a estimas, porventura:
Quando for minha vez, dá-me que eu vá sem pena
Levando apenas esse pouco que não dura.
A mulher dorme, os filhos brincam, a chuva cai...
Esqueço de quem sou para sentir-me pai
E ouço na sala, num silêncio ermo e sem fim,
Um relógio bater, e outro dentro de mim...
Olho o jardim úmido e agreste: isso distrai
Vê-lo, feroz, florir mesmo onde o sol não vai
A despeito do vento e da terra que é ruim.
Na verdade é o infinito essa casa pequena
Que me amortalha o sonho e abriga a desventura
E a mão de uma mulher fez simples, pura e amena.
Deus que és pai como eu e a estimas, porventura:
Quando for minha vez, dá-me que eu vá sem pena
Levando apenas esse pouco que não dura.
(Vinicius de Moraes)
sábado, setembro 07, 2013
terça-feira, setembro 03, 2013
Surpresa
Aconteceu inesperadamente.
Comecei um pouco mais cedo o ambulatório, faltaram pacientes, e consegui sair cerca de meia hora antes. Tudo deu certo: estrada tranquila, entrada em Porto Alegre sem estresse.
Assim, simples.
E o dia terminou muito melhor.
Setembro, setembro...
Até.
Comecei um pouco mais cedo o ambulatório, faltaram pacientes, e consegui sair cerca de meia hora antes. Tudo deu certo: estrada tranquila, entrada em Porto Alegre sem estresse.
Assim, simples.
E o dia terminou muito melhor.
Setembro, setembro...
Até.
segunda-feira, setembro 02, 2013
sábado, agosto 31, 2013
sexta-feira, agosto 30, 2013
Sempre sexta-feira
Daquelas semanas pesadas.
O trânsito - como sempre - complicando a terça-feira e estressando, notícias potencialmente ruins vindas de variadas fontes, trabalho que chega e acumula, reuniões e compromissos. Prazos, orçamentos, limitações. Parece que sempre aumenta e nunca termina. Isso sem falar nos dias cinza e de chuva (e aqui abstraio questões filosóficas e de princípios que andam em pauta por esses dias).
Mas, como sempre na vida, o sol volta a brilhar.
O mundo dá voltas. E o que era antes já não é mais.
Os planos voltam, o ânimo ressurge, nem tudo o que parecia complicado se confirma assim.
E amanhã é sábado.
O melhor momento da semana.
Até.
O trânsito - como sempre - complicando a terça-feira e estressando, notícias potencialmente ruins vindas de variadas fontes, trabalho que chega e acumula, reuniões e compromissos. Prazos, orçamentos, limitações. Parece que sempre aumenta e nunca termina. Isso sem falar nos dias cinza e de chuva (e aqui abstraio questões filosóficas e de princípios que andam em pauta por esses dias).
Mas, como sempre na vida, o sol volta a brilhar.
O mundo dá voltas. E o que era antes já não é mais.
Os planos voltam, o ânimo ressurge, nem tudo o que parecia complicado se confirma assim.
E amanhã é sábado.
O melhor momento da semana.
Até.
quinta-feira, agosto 29, 2013
Ainda música
Ah! Vidinha burra
Nunca mais subi na montanha...
(enquanto me desintoxico e tento não mais ler comentários, música...)
quarta-feira, agosto 28, 2013
terça-feira, agosto 27, 2013
domingo, agosto 25, 2013
A Sopa 13/05
Final de semana de frio, chuva e muita umidade no sul do mundo.
Mais ou menos como me sinto nesse final de domingo. Desanimado não com a perspectiva da segunda-feira e da semana de trabalho, mas devido àquela sensação de frustração de olhar em volta, a cidade, o país, e começar a achar que as coisas, no final, não vão dar certo, por mais força que se faça. Que aquilo que no início eu falava olhando sério para o interlocutor, mas que sabia-se brincadeira pelo absurdo do que era dito, "há uma revolução em curso, estou estocando comida e comprei uma arma", começa a parecer nem tão absurdo assim.
Pode ser que esse olhar amargo sobre a vida seja só em virtude da chuva que cai incessantemente desde sexta à noite, mas que não impediu que fôssemos ao aniversário dos queridos amigos e parceiros de sempre Pedro e Maria José. Festa, aliás, que estava ótima. O repertório musical foi perfeito, e dançamos até quase o final da festa (mas só porque eu queria testar o meu joelho, só por isso...). O sábado foi de cansaço extremo e de receber a minha mãe no aeroporto, voltando de viagem, chegando do verão americano para o inverno nos pampas, cansada mas feliz ao ver a neta a esperando.
Foi um final de semana de ler posts no Facebook, compartilhar, responder, "curtir".
O assunto?
O mesmo dos últimos meses, claro, a sensação que estou chegando ao meu limite de tolerância. As pessoas tentando justificar o injustificável, e sendo desonestas - para dizer o mínimo - em seus argumentos. Utilizando-se de falsas informações para argumentar e defender o seu ponto de vista, desviando o assunto para não encarar os fatos.
Cansa.
Até a imprensa, que dizem ser contra o governo, fazendo-se ingênua, a última a saber: "O que?! O governo de Cuba fica com a maior parte do salário dos médicos que virão? Como é que ninguém disse nada antes?! Oh, meus deus!". Engraçado, não? Desde que começou a se falar em trazer médicos de lá, o que mais temos dito é exatamente isso, e vocês não ouviram? Em que mundo vocês vivem.
A última?
Virei xenófobo.
Por achar que todos os médicos formados no exterior, brasileiros ou estrangeiros, que venham trabalhar no Brasil deve ter o seu diploma revalidado no Brasil, como manda a lei, eu sou xenófobo. Por achar estranho que - de um dia para outro - o governo brasileiro consiga "importar", assim como quem importa sapatos ou computadores, 4.000 médicos de Cuba, que vão receber menos que os estrangeiros que vão vir para esse mesmo programa Mais Médicos do Ministro Diploma-Falso-de-Especialista Padilha, tornando esses médicos importados (que entram no cálculo a balança comercial de Cuba, assim como a exportação de charutos e o turismo) cidadãos de segunda-classe, mercadorias (já que chamar de trabalho escravo - que é o que ocorre - ofende alguns inocentes úteis do sistema), por tudo isso, virei xenófobo. Essa tentativa de lavagem cerebral, essa irracionalidade, não é falta de inteligência desses senhores, por mais incrível que pareça. É a cegueira ideológica, a velha ideia de que "nós somos os bons, e eles tem que pagar por isso". É parte de um plano, podem apostar.
Não podemos deixar isso prosseguir.
Mesmo cansado, mesmo sem paciência, não vou desistir.
Até.
Mais ou menos como me sinto nesse final de domingo. Desanimado não com a perspectiva da segunda-feira e da semana de trabalho, mas devido àquela sensação de frustração de olhar em volta, a cidade, o país, e começar a achar que as coisas, no final, não vão dar certo, por mais força que se faça. Que aquilo que no início eu falava olhando sério para o interlocutor, mas que sabia-se brincadeira pelo absurdo do que era dito, "há uma revolução em curso, estou estocando comida e comprei uma arma", começa a parecer nem tão absurdo assim.
Pode ser que esse olhar amargo sobre a vida seja só em virtude da chuva que cai incessantemente desde sexta à noite, mas que não impediu que fôssemos ao aniversário dos queridos amigos e parceiros de sempre Pedro e Maria José. Festa, aliás, que estava ótima. O repertório musical foi perfeito, e dançamos até quase o final da festa (mas só porque eu queria testar o meu joelho, só por isso...). O sábado foi de cansaço extremo e de receber a minha mãe no aeroporto, voltando de viagem, chegando do verão americano para o inverno nos pampas, cansada mas feliz ao ver a neta a esperando.
Foi um final de semana de ler posts no Facebook, compartilhar, responder, "curtir".
O assunto?
O mesmo dos últimos meses, claro, a sensação que estou chegando ao meu limite de tolerância. As pessoas tentando justificar o injustificável, e sendo desonestas - para dizer o mínimo - em seus argumentos. Utilizando-se de falsas informações para argumentar e defender o seu ponto de vista, desviando o assunto para não encarar os fatos.
Cansa.
Até a imprensa, que dizem ser contra o governo, fazendo-se ingênua, a última a saber: "O que?! O governo de Cuba fica com a maior parte do salário dos médicos que virão? Como é que ninguém disse nada antes?! Oh, meus deus!". Engraçado, não? Desde que começou a se falar em trazer médicos de lá, o que mais temos dito é exatamente isso, e vocês não ouviram? Em que mundo vocês vivem.
A última?
Virei xenófobo.
Por achar que todos os médicos formados no exterior, brasileiros ou estrangeiros, que venham trabalhar no Brasil deve ter o seu diploma revalidado no Brasil, como manda a lei, eu sou xenófobo. Por achar estranho que - de um dia para outro - o governo brasileiro consiga "importar", assim como quem importa sapatos ou computadores, 4.000 médicos de Cuba, que vão receber menos que os estrangeiros que vão vir para esse mesmo programa Mais Médicos do Ministro Diploma-Falso-de-Especialista Padilha, tornando esses médicos importados (que entram no cálculo a balança comercial de Cuba, assim como a exportação de charutos e o turismo) cidadãos de segunda-classe, mercadorias (já que chamar de trabalho escravo - que é o que ocorre - ofende alguns inocentes úteis do sistema), por tudo isso, virei xenófobo. Essa tentativa de lavagem cerebral, essa irracionalidade, não é falta de inteligência desses senhores, por mais incrível que pareça. É a cegueira ideológica, a velha ideia de que "nós somos os bons, e eles tem que pagar por isso". É parte de um plano, podem apostar.
Não podemos deixar isso prosseguir.
Mesmo cansado, mesmo sem paciência, não vou desistir.
Até.
sábado, agosto 24, 2013
quarta-feira, agosto 21, 2013
Médicas
A primeira coisa que li, logo cedo, ao acordar, foi com relação aos vetos da presidente à Lei do Ato Médico: haviam sido mantidos pelo congresso. No fundo, não surpreendeu. O que esperar de um legislativo corrupto, incompetente e manipulável? De onde menos se espera, daí é que não sai nada...
A vitória da ignorância sobre o bom senso. Da estupidez sobre a lucidez. Vitória do analfabetismo funcional.
O dia, dessa forma, começou cinza - independentemente da meteorologia. Seguiu assim por questões comezinhas relacionadas ao trabalho que também me tiraram o humor, num crescendo de indignação que me fez querer lutar boxe, ou outro esporte violento, para descarregar meu desconforto com as coisas, o mundo em geral. O almoço com uma querida amiga - encontro ao acaso - foi uma pausa agradável e a possibilidade de outros pontos de vista.
E sobre o SAMU?
O fato que é um senhor de 70 anos, com câncer, teve um mal súbito no meio da rua, no centro de Porto Alegre, ontem pela manhã. Acionado, o SAMU disse - através do médico regulador - que não havia ambulâncias disponíveis. Acontece que havia uma equipe de reportagem no local e acompanhou o caso por mais de vinte minutos e inclusive acionou, por telefone e sob a câmera, o polícia e o próprio SAMU. Quando o médico regulador foi chamado ao telefone, disse, em tom agressivo algo como "Já disse que não tem ambulância! Não tem. Ponto final!" e desligou. Tudo filmado e posteriormente mostrado e rede nacional.
O paciente? Depois desse tempo todo, levado ao hospital, infelizmente faleceu.
O médico foi afastado como culpado.
Todos só falam nisso, só apontam dedos para ele, o Judas. O secretário da saúde (de quem já ouvi dizerem que "não gosta de gente"), o Ministério Público e até o Conselho Regional de Medicina se manifestaram.
Eu?
Sei que não é bem assim.
Primeiro, uma certeza: aquela ligação não foi a primeira para lá sobe o caso. Imagino que tenham ligado várias vezes e a falta de ambulâncias havia sido explicada em todas elas, orientações dadas. Naquela última vez, a filmada, o médico "estourou". Tenho certeza que foi assim. Nenhum médico regulador falaria daquele jeito na primeira vez que alguém liga, não é o padrão (sei porque já trabalhei lá, mesmo que por pouco tempo).
Nada justifica o modo com ele reagiu (apesar do parágrafo acima explicar).
E a falta de mais equipes e ambulâncias? É culpa de quem?
Como não era um acidente, o paciente poderia - na situação de não haver disponibilidade de ambulâncias - ser transportado para o hospital mais próximo em carro comum. Por que a equipe de reportagem, sabendo que o SAMU dizia não ter ambulâncias para enviar, estando com carro disponível, não se dispôs a transportá-lo a um hospital, ao invés de ficar filmando. Não tinha obrigação, claro, mas seria humano. Difícil se colocar nessa situação, não?
De novo, não se justifica a reação do médico, mas estou certo de que crucificar o médico não é o mais certo. É a corda estourando no lado mais fraco.
Até.
terça-feira, agosto 20, 2013
Cinco Anos
sábado, agosto 17, 2013
quarta-feira, agosto 14, 2013
Nós vamos prosseguir, companheiro
Nós vamos prosseguir, companheiro
Medo não há
No rumo certo da estrada
Unidos vamos crescer e andar
Nós vamos repartir, companheiro
O campo e o mar
O pão da vida, meu braço, meu peito
Feito pra amar.
terça-feira, agosto 13, 2013
Aqueles longos dias
Cansam.
E, por uma razão que não conheço, lembram Manuel Bandeira.
"Então doutor, não é possível tentar um pneumotórax?
Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino"
Até.
E, por uma razão que não conheço, lembram Manuel Bandeira.
"Então doutor, não é possível tentar um pneumotórax?
Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino"
Até.
segunda-feira, agosto 12, 2013
Há 23 anos
História.
Em 1990, a essa hora, provavelmente já havia sido transferido do HPS, em coma, para o Hospital São Lucas da PUCRS, onde era aluno do segundo ano da faculdade de medicina. Como lembrei ontem, havia sido vítima de um acidente de trânsito na madrugada do dias dos pais. Ficaria treze dias na UTI até acordar, e levaria um longo tempo para superar o fato e seguir em frente.
Durante um tempo, procurei culpados para o que acontecera, desde o mais óbvio - o motorista que dormira - até o Universo, que estaria me mandando alguma mensagem, passando por culpar a mim mesmo, afinal eu ficara no carro mesmo achando que não deveria e, pior, dormira e não prestara atenção no que se passava. Tudo bobagem, tudo em vão.
Não era nenhuma mensagem, nem culpa de ninguém, afinal de contas.
Foi o acaso, simplesmente.
Uma série de pequenos fatos, ou detalhes, que levaram a um evento ruim. Só isso.
Quantas vezes já havia passado pela mesma situação, andar na noite com amigos (alguns até sem carteira de motorista), voltar muito tarde, dormir como caroneiro? Muitas, e nunca acontecera nada. Naquela noite, aconteceu, azar o meu.
Mas nem tão azar assim.
Saí zero quilômetro, no final das contas. Sem sequelas (sempre vai ter um engraçadinho que vai comentar que elas existem...) e sem cicatrizes. Nem o semestre da faculdade perdi. Quem mais sofreu - fiquei sabendo depois, e lamento por isso - foram os que ficaram esperando que eu acordasse, em dúvida. Meus pais, a família, os amigos, que estiveram na sala de espera da UTI todos aqueles dias. Até hoje me emociono ao lembrar das histórias que me contaram depois, e sei de todos que lá estavam, com quem eu podia (e posso) contar.
Tenho muita sorte por isso.
Até.
Em 1990, a essa hora, provavelmente já havia sido transferido do HPS, em coma, para o Hospital São Lucas da PUCRS, onde era aluno do segundo ano da faculdade de medicina. Como lembrei ontem, havia sido vítima de um acidente de trânsito na madrugada do dias dos pais. Ficaria treze dias na UTI até acordar, e levaria um longo tempo para superar o fato e seguir em frente.
Durante um tempo, procurei culpados para o que acontecera, desde o mais óbvio - o motorista que dormira - até o Universo, que estaria me mandando alguma mensagem, passando por culpar a mim mesmo, afinal eu ficara no carro mesmo achando que não deveria e, pior, dormira e não prestara atenção no que se passava. Tudo bobagem, tudo em vão.
Não era nenhuma mensagem, nem culpa de ninguém, afinal de contas.
Foi o acaso, simplesmente.
Uma série de pequenos fatos, ou detalhes, que levaram a um evento ruim. Só isso.
Quantas vezes já havia passado pela mesma situação, andar na noite com amigos (alguns até sem carteira de motorista), voltar muito tarde, dormir como caroneiro? Muitas, e nunca acontecera nada. Naquela noite, aconteceu, azar o meu.
Mas nem tão azar assim.
Saí zero quilômetro, no final das contas. Sem sequelas (sempre vai ter um engraçadinho que vai comentar que elas existem...) e sem cicatrizes. Nem o semestre da faculdade perdi. Quem mais sofreu - fiquei sabendo depois, e lamento por isso - foram os que ficaram esperando que eu acordasse, em dúvida. Meus pais, a família, os amigos, que estiveram na sala de espera da UTI todos aqueles dias. Até hoje me emociono ao lembrar das histórias que me contaram depois, e sei de todos que lá estavam, com quem eu podia (e posso) contar.
Tenho muita sorte por isso.
Até.
domingo, agosto 11, 2013
Ainda o dia dos pais
sábado, agosto 10, 2013
quinta-feira, agosto 08, 2013
Festa do Dia dos Pais
Tinha certeza que seria chamado para ser assistente do mágico (Tio Tony, que deve ter uns cento e cinquenta anos, pois lembro dele desde sempre), afinal minha performance como dançarino na festa do ano passado já se tornou um clássico. Do horror, claro.
Mas não, não fui chamado.
Se bem que achei que seria quando o Tio Tony, conversando com a Marina - ela sim, no palco - perguntou o nome do pai dela. "Marcelo". "Martelo?", respondeu ele pegando um martelo de borracha e atirando na platéia. Ela se portou bem no palco, um pouco tímida como o pai, mas ameçou sair quando ele disse que ia tranformá-la num coelho. Ficou, e acabou transformada...
Depois, a homenagem e o presente.
Foi bom.
Até.
Mas não, não fui chamado.
Se bem que achei que seria quando o Tio Tony, conversando com a Marina - ela sim, no palco - perguntou o nome do pai dela. "Marcelo". "Martelo?", respondeu ele pegando um martelo de borracha e atirando na platéia. Ela se portou bem no palco, um pouco tímida como o pai, mas ameçou sair quando ele disse que ia tranformá-la num coelho. Ficou, e acabou transformada...
Depois, a homenagem e o presente.
Foi bom.
Até.
quarta-feira, agosto 07, 2013
Sobre o tempo e o transito
Minha semana tem, em média, seiscentos quilômetros. Cerca de doze horas no trânsito em dias úteis, de segunda a sexta. Mais ou menos dois mil e quinhentos quilômetros por mês.
Estou acostumado, é também terapêutico esse tempo que passo ouvindo música ou, em boa parte desse tempo, ouvindo notícias e programas de debate. Mas, é claro, tudo tem limite (confesso que não imaginei que descobriria isso tão rápido - se é que foi rápida a descoberta).
Ontem, voltando de Santa Cruz do Sul, chegando em Porto Alegre pela BR-116 - que normalmente é complicada - resolvi entrar pelo aeroporto, mesmo sabendo que a Av. Farrapos, com bloqueios por obras, estava trancada. Justamente por isso, e porque estava indo para o Zona Norte de Porto Alegre, decidi ir por trás o aeroporto, passando em meio ao que sobrou daquilo que foi um dia a Vila Dique (acho que esse é o nome) e chegando na Av. Sertório quase no Jardim Lindoia, meu destino inicial em Porto Alegre.
Vinha tudo bem até chegar no acesso a rua que atravessa as ruínas da vila (onde vai passar a pista estendida do aeroporto, se é que um dia vão fazer a obra). O dito acesso é feito por uma ponte onde passa apenas um carro por vez, num sentindo ou outro, alternadamente, conforme manda um semáforo no local. Acontece que ninguém respeita o sinal, e isso só atrapalha o trânsito. Levei muito tempo nisso, esperando a minha vez e vendo o pessoal não respeitando a sinalização. Quase tanto tempo quando vir de Santa Cruz para Porto Alegre. Até que enchi o saco.
Confesso.
Perdi o humor, a tolerância e qualquer tipo de paciência.
Baixei o vidro do carro e, quando passava lentamente por mim o terceiro ou quarto carro que havia cruzado o sinal vermelho retardando que os carros que estavam esperando para atravessar assim como eu, olhei para o motorista e disse "VAI PARA A PUTA QUE TE PARIU!!", assim, com dois pontos de exclamação, para não deixar dúvidas.
Foi um desabafo e, como tal, inútil.
Não me senti melhor: continuei sem humor e paciência, o que piorou quando, ao chegar na rua da escola da Marina, carros parados no meio da rua (mão única com carros estacionados dos dois lados) esperando que pessoas embarcassem. Olhei para cima, amaldiçoei o mundo, e fui adiante. Aparentemente, todos os carros do mundo estavam na rua e mais ou menos TODAS as ruas de Porto Alegre estavam ou estão em obras.
Está difícil circular por Porto Alegre e, a cada dia, surge uma obra e um desvio diferente.
Há de se ter paciência.
Muita.
Até.
Estou acostumado, é também terapêutico esse tempo que passo ouvindo música ou, em boa parte desse tempo, ouvindo notícias e programas de debate. Mas, é claro, tudo tem limite (confesso que não imaginei que descobriria isso tão rápido - se é que foi rápida a descoberta).
Ontem, voltando de Santa Cruz do Sul, chegando em Porto Alegre pela BR-116 - que normalmente é complicada - resolvi entrar pelo aeroporto, mesmo sabendo que a Av. Farrapos, com bloqueios por obras, estava trancada. Justamente por isso, e porque estava indo para o Zona Norte de Porto Alegre, decidi ir por trás o aeroporto, passando em meio ao que sobrou daquilo que foi um dia a Vila Dique (acho que esse é o nome) e chegando na Av. Sertório quase no Jardim Lindoia, meu destino inicial em Porto Alegre.
Vinha tudo bem até chegar no acesso a rua que atravessa as ruínas da vila (onde vai passar a pista estendida do aeroporto, se é que um dia vão fazer a obra). O dito acesso é feito por uma ponte onde passa apenas um carro por vez, num sentindo ou outro, alternadamente, conforme manda um semáforo no local. Acontece que ninguém respeita o sinal, e isso só atrapalha o trânsito. Levei muito tempo nisso, esperando a minha vez e vendo o pessoal não respeitando a sinalização. Quase tanto tempo quando vir de Santa Cruz para Porto Alegre. Até que enchi o saco.
Confesso.
Perdi o humor, a tolerância e qualquer tipo de paciência.
Baixei o vidro do carro e, quando passava lentamente por mim o terceiro ou quarto carro que havia cruzado o sinal vermelho retardando que os carros que estavam esperando para atravessar assim como eu, olhei para o motorista e disse "VAI PARA A PUTA QUE TE PARIU!!", assim, com dois pontos de exclamação, para não deixar dúvidas.
Foi um desabafo e, como tal, inútil.
Não me senti melhor: continuei sem humor e paciência, o que piorou quando, ao chegar na rua da escola da Marina, carros parados no meio da rua (mão única com carros estacionados dos dois lados) esperando que pessoas embarcassem. Olhei para cima, amaldiçoei o mundo, e fui adiante. Aparentemente, todos os carros do mundo estavam na rua e mais ou menos TODAS as ruas de Porto Alegre estavam ou estão em obras.
Está difícil circular por Porto Alegre e, a cada dia, surge uma obra e um desvio diferente.
Há de se ter paciência.
Muita.
Até.
terça-feira, agosto 06, 2013
segunda-feira, agosto 05, 2013
Don't think twice, it's all right
It ain't no use to sit and wonder why, babe
If you don't know by now
An' it ain't no use to sit and wonder why, babe
It doesn't matter anyhow
When your rooster crows at the break of dawn
Look out your window and I'll be gone
You're the reason I'm trav'lin' on
Don't think twice, it's all right
If you don't know by now
An' it ain't no use to sit and wonder why, babe
It doesn't matter anyhow
When your rooster crows at the break of dawn
Look out your window and I'll be gone
You're the reason I'm trav'lin' on
Don't think twice, it's all right
It ain't no use in turnin' on your light, babe
That light I never knowed
An' it ain't no use in turnin' on your light, babe
I'm on the dark side of the road
Still I wish there was somethin' you would do or say
To try and make me change my mind and stay
We never did too much talkin' anyway
So don't think twice, it's all right
That light I never knowed
An' it ain't no use in turnin' on your light, babe
I'm on the dark side of the road
Still I wish there was somethin' you would do or say
To try and make me change my mind and stay
We never did too much talkin' anyway
So don't think twice, it's all right
So it ain't no use in callin' out my name, gal
Like you never did before
It ain't no use in callin' out my name, gal
I can't hear you any more
I'm a-thinkin' and a-wond'rin' walking down the road
I once loved a woman, a child I'm told
I give her my heart but she wanted my soul
But don't think twice, it's all right
Like you never did before
It ain't no use in callin' out my name, gal
I can't hear you any more
I'm a-thinkin' and a-wond'rin' walking down the road
I once loved a woman, a child I'm told
I give her my heart but she wanted my soul
But don't think twice, it's all right
I'm walkin' down that long, lonesome road, babe
Where I'm bound, I can't tell
But goodbye's too good a word, babe
So I'll just say fare thee well
I ain't sayin' you treated me unkind
You could have done better but I don't mind
You just kinda wasted my precious time
But don't think twice, it's all right
Where I'm bound, I can't tell
But goodbye's too good a word, babe
So I'll just say fare thee well
I ain't sayin' you treated me unkind
You could have done better but I don't mind
You just kinda wasted my precious time
But don't think twice, it's all right
domingo, agosto 04, 2013
A Sopa 13/04
Segundo semestre.
Terminou julho, e na terça-feira recomeça o semestre letivo - para mim, ao menos - na universidade. Voltam as viagens ao amanhecer de todas as semanas, tendo como companhia a música ou as notícias matinais do rádio, junto aos pensamentos barulhentos que muitas vezes ofuscam o som que vem de fora de mim. São duas horas na ida e, bom, viva o trânsito, três de volta. Estou acostumado, e não reclamo.
A rotina - importante para a sanidade mental da mesma forma que o são as gavetas - estabelece a hora de acordar, de sair de casa, o trajeto - que as obras por Porto Alegre devem mudar - e os possíveis pontos de parada na ida, ainda antes das 7h e muitas vezes ignorado, e o da volta, esse sagrado, para uma ida rápida ao toalete e para comprar a água que vai me manter hidratado até em casa. É a semana normal, que normalmente é "subindo morro" até o meio-dia de quarta-feira e, a partir da noite, começa a desacelerar, mentalmente, ao menos, mesmo que a quinta seja de dia inteiro no consultório e que a sexta-feira possa se estender até depois das 19h.
Olhando um pouco para trás, o primeiro semestre foi bem pesado - mesmo que, e talvez também por isso - eu tenho tirado duas semanas de férias entre abril e maio. A organização do Congresso Gaúcho, entre outros compromissos que me exigiram atenção, tornou o semestre "mais longo" que o usual. Julho, entre protestos médicos e a formatura da medicina do último dia 27, foi intenso.
Já avançamos por agosto, o mês mais longo de todos segundo a crença popular. Assim que terminar, acabou o ano. Os últimos quatro meses do ano são lomba abaixo, passam num piscar de olhos.
E ainda há tanto a fazer...
Até.
Terminou julho, e na terça-feira recomeça o semestre letivo - para mim, ao menos - na universidade. Voltam as viagens ao amanhecer de todas as semanas, tendo como companhia a música ou as notícias matinais do rádio, junto aos pensamentos barulhentos que muitas vezes ofuscam o som que vem de fora de mim. São duas horas na ida e, bom, viva o trânsito, três de volta. Estou acostumado, e não reclamo.
A rotina - importante para a sanidade mental da mesma forma que o são as gavetas - estabelece a hora de acordar, de sair de casa, o trajeto - que as obras por Porto Alegre devem mudar - e os possíveis pontos de parada na ida, ainda antes das 7h e muitas vezes ignorado, e o da volta, esse sagrado, para uma ida rápida ao toalete e para comprar a água que vai me manter hidratado até em casa. É a semana normal, que normalmente é "subindo morro" até o meio-dia de quarta-feira e, a partir da noite, começa a desacelerar, mentalmente, ao menos, mesmo que a quinta seja de dia inteiro no consultório e que a sexta-feira possa se estender até depois das 19h.
Olhando um pouco para trás, o primeiro semestre foi bem pesado - mesmo que, e talvez também por isso - eu tenho tirado duas semanas de férias entre abril e maio. A organização do Congresso Gaúcho, entre outros compromissos que me exigiram atenção, tornou o semestre "mais longo" que o usual. Julho, entre protestos médicos e a formatura da medicina do último dia 27, foi intenso.
Já avançamos por agosto, o mês mais longo de todos segundo a crença popular. Assim que terminar, acabou o ano. Os últimos quatro meses do ano são lomba abaixo, passam num piscar de olhos.
E ainda há tanto a fazer...
Até.
sexta-feira, agosto 02, 2013
Eles de novo...
De tempos em tempos, eles aparecem.
A última, não lembro quando tinha sido, mas acredito que fazia um tempo maior que o normal (no sentido de estatisticamente mais frequente). Hoje, eles voltaram. Talvez tenha sido depois de uma mensagem no celular ou um e-mail lido pela manhã, não importa. O fato é que eles estão à volta, rondando, tentando me derrubar (ou estragar o final de semana).
Os inimigos imaginários.
Velhos conhecidos, antigas paranoias, hábitos de muito tempo, sugerindo que tudo é pior do que realmente é, tentando fazer a onda parecer maior que é. Forçando para me levar ao córner e baixar a guarda.
Não vão conseguir, não vão conseguir.
Até.
A última, não lembro quando tinha sido, mas acredito que fazia um tempo maior que o normal (no sentido de estatisticamente mais frequente). Hoje, eles voltaram. Talvez tenha sido depois de uma mensagem no celular ou um e-mail lido pela manhã, não importa. O fato é que eles estão à volta, rondando, tentando me derrubar (ou estragar o final de semana).
Os inimigos imaginários.
Velhos conhecidos, antigas paranoias, hábitos de muito tempo, sugerindo que tudo é pior do que realmente é, tentando fazer a onda parecer maior que é. Forçando para me levar ao córner e baixar a guarda.
Não vão conseguir, não vão conseguir.
Até.
quinta-feira, agosto 01, 2013
Agosto
Esse deve ser um texto (mais um) em que me repito. Paciência.
Por muito tempo acreditei que agosto era um mês que estava sobrando. O inverno, que já vinha há quase dois meses com seus dias frios e nublados e chuvosos, já estávamos prontos para a primavera, com suas flores e tardes de sol, mas ainda tínhamos que passar por todo agosto, com seus trinta e um longos dias até o alívio de setembro.
Não mais.
Casei em agosto, num trinta e um chuvoso; e a Marina nasceu num vinte de agosto de sol e céu sem nuvens. A vida, e o mês de agosto, ou pelo mês de agosto, passou a ter outro sentido.
Melhor, muito melhor.
Até.
Por muito tempo acreditei que agosto era um mês que estava sobrando. O inverno, que já vinha há quase dois meses com seus dias frios e nublados e chuvosos, já estávamos prontos para a primavera, com suas flores e tardes de sol, mas ainda tínhamos que passar por todo agosto, com seus trinta e um longos dias até o alívio de setembro.
Não mais.
Casei em agosto, num trinta e um chuvoso; e a Marina nasceu num vinte de agosto de sol e céu sem nuvens. A vida, e o mês de agosto, ou pelo mês de agosto, passou a ter outro sentido.
Melhor, muito melhor.
Até.
quarta-feira, julho 31, 2013
E o vírus?
Houve, nos últimos dois dias, uma paralisação nacional de médicos protestando contra o governo federal e suas medidas desesperadas desencadeadas depois dos protestos que tomaram as ruas do Brasil em junho (parece há tanto tempo, e parece que era realmente por vinte centavos, mas deixa para lá). Participei do movimento, e o ambulatório que atenderia hoje à tarde foi cancelado e os pacientes reagendados. Pela manhã estive no hospital, inclusive. Não foram dois dias de folga, como - confesso - até seria bom.
Mas estive imprestável, por conta de um resfriado que iniciou no sábado à noite.
Poderia dizer que uni o útil ao desagradável...
Ainda ontem, fui consultar com o ortopedista a respeito do meu joelho, na esperança de ser liberado para retomar às atividades físicas e, quem sabe, o plano de correr entre vulcões em 2015.
Frustração.
Nova ressonância e, no horizonte, mais uma artroscopia, agora no outro joelho.
Paciência, paciência.
À tarde, por fim, tive que buscar o Marina mais cedo na escola por que teve febre.
Maldito rinovírus, maldito rinovírus.
Até.
Mas estive imprestável, por conta de um resfriado que iniciou no sábado à noite.
Poderia dizer que uni o útil ao desagradável...
Ainda ontem, fui consultar com o ortopedista a respeito do meu joelho, na esperança de ser liberado para retomar às atividades físicas e, quem sabe, o plano de correr entre vulcões em 2015.
Frustração.
Nova ressonância e, no horizonte, mais uma artroscopia, agora no outro joelho.
Paciência, paciência.
À tarde, por fim, tive que buscar o Marina mais cedo na escola por que teve febre.
Maldito rinovírus, maldito rinovírus.
Até.
segunda-feira, julho 29, 2013
Cidades Fluidas
Koblenz, Alemanha.
Köblenz é a terceira maior cidade da região conhecida como Renânia Palatinado, uma das dezesseis regiões, ou estados, da Alemanha. Tem mais de dois mil anos de história, e também é conhecida como a "Esquina da Alemanha" (Deutches Eck), pois está situada justamente na confluência dos rios Reno e Mosel. Fica a cerca de 90km a sudeste de Colônia, conhecida por sua catedral de linhas exclusivamente verticais.
Pois bem.
Em maio 1999, estávamos nós - os Perdidos na Espace originais (veja aqui) - viajando pela Alemanha de carro, numa Renault Espace. Havíamos visitado Colônia, e decidimos dormir em Koblenz, para no dia seguinte visitarmos o castelo sobre a cidade e a esquina da Alemanha. Numa época pré-GPS, viajávamos com nosso bom e velho atlas Michelin de estradas da Europa (o primeiro de vários que utilizamos ao longo dos anos). Chegamos bem em Koblenz, encontramos o bom e velho (que, para mim, ainda era novidade à época) Ibis e nos instalamos. Sem problemas.
Fizemos um curto passeio a pé perto de onde estávamos e, após o banho, decidimos sair de carro para jantar. Encontramos um bom restaurante italiano e ali ficamos (na época, ainda não tinha iniciado a busca pelo espaguete à carbonara perfeito). Discutimos, durante o jantar, ideias e planos de roteiro (éramos seis adultos e uma criança de dois anos e meio). Deu tudo certo. Até a hora de voltar para casa.
Não lembro quem dirigia ou quem servia de navegador, mas rodamos um pouco, não muito, quando - de repente - surgiu a placa de que faltavam 4km para chegar à cidade. Levamos 22 minutos para voltar ao hotel. A única conclusão possível, sem deixar dúvida.
A cidade havia mudado de lugar.
Corta para 2013.
Sábado à noite, Santa Cruz do Sul.
Formatura da Medicina da UNISC. Havíamos passado por três festas, tínhamos ainda mais três para passar. Já era bem tarde, quase na hora de começar o baile. Com o GPS, chegamos na quarta festa, quase terminando. Fotos, beijo na formanda, ficamos um pouco e saímos para ir para as duas últimas, em locais mais afastados do centro. Ao sair da festa rapidamente tentando chegar em tempo das outras duas, sem ligar o GPS, dobro uma rua, uma segunda e - quando vejo - estou muito fora da cidade. Mas muito mesmo. Uma única conclusão possível, como em 1999: a cidade mudou de lugar.
Deve ser pela Oktoberfest.
Sei lá.
O que sei é que nesse momento, em que desistimos de ir adiante, porque já estavacom os pródromos do que estou tendo agora, enquanto escrevo esse texto de cama, com febre, e mal estar.
Maldito rinovírus (assim espero).
Até.
Köblenz é a terceira maior cidade da região conhecida como Renânia Palatinado, uma das dezesseis regiões, ou estados, da Alemanha. Tem mais de dois mil anos de história, e também é conhecida como a "Esquina da Alemanha" (Deutches Eck), pois está situada justamente na confluência dos rios Reno e Mosel. Fica a cerca de 90km a sudeste de Colônia, conhecida por sua catedral de linhas exclusivamente verticais.
Pois bem.
Em maio 1999, estávamos nós - os Perdidos na Espace originais (veja aqui) - viajando pela Alemanha de carro, numa Renault Espace. Havíamos visitado Colônia, e decidimos dormir em Koblenz, para no dia seguinte visitarmos o castelo sobre a cidade e a esquina da Alemanha. Numa época pré-GPS, viajávamos com nosso bom e velho atlas Michelin de estradas da Europa (o primeiro de vários que utilizamos ao longo dos anos). Chegamos bem em Koblenz, encontramos o bom e velho (que, para mim, ainda era novidade à época) Ibis e nos instalamos. Sem problemas.
Fizemos um curto passeio a pé perto de onde estávamos e, após o banho, decidimos sair de carro para jantar. Encontramos um bom restaurante italiano e ali ficamos (na época, ainda não tinha iniciado a busca pelo espaguete à carbonara perfeito). Discutimos, durante o jantar, ideias e planos de roteiro (éramos seis adultos e uma criança de dois anos e meio). Deu tudo certo. Até a hora de voltar para casa.
Não lembro quem dirigia ou quem servia de navegador, mas rodamos um pouco, não muito, quando - de repente - surgiu a placa de que faltavam 4km para chegar à cidade. Levamos 22 minutos para voltar ao hotel. A única conclusão possível, sem deixar dúvida.
A cidade havia mudado de lugar.
Corta para 2013.
Sábado à noite, Santa Cruz do Sul.
Formatura da Medicina da UNISC. Havíamos passado por três festas, tínhamos ainda mais três para passar. Já era bem tarde, quase na hora de começar o baile. Com o GPS, chegamos na quarta festa, quase terminando. Fotos, beijo na formanda, ficamos um pouco e saímos para ir para as duas últimas, em locais mais afastados do centro. Ao sair da festa rapidamente tentando chegar em tempo das outras duas, sem ligar o GPS, dobro uma rua, uma segunda e - quando vejo - estou muito fora da cidade. Mas muito mesmo. Uma única conclusão possível, como em 1999: a cidade mudou de lugar.
Deve ser pela Oktoberfest.
Sei lá.
O que sei é que nesse momento, em que desistimos de ir adiante, porque já estavacom os pródromos do que estou tendo agora, enquanto escrevo esse texto de cama, com febre, e mal estar.
Maldito rinovírus (assim espero).
Até.
domingo, julho 28, 2013
Rescaldos do final de semana
A formatura da Medicina da UNISC, no sábado à noite, foi emocionante.
Tive a honra - sinceramente não esperada - de ser homenageado como professor. Minha vontade, ao ouvir o nome de cada formando ser chamado para receber o diploma, era de estar entre eles para pular e vibrar com todos. Como parte da mesa, queria abraçar e dar um beijo em cada um.
Claro que não consegui, e nem seria apropriado.
Também não pude dizer a cada um o enorme orgulho de ter feito parte da formação deles, por menor que tenha sido minha participação. Que podem contar comigo sempre que precisarem, como um amigo um pouco mais velho.
A noite de sábado, depois de não conseguir ir a todas as festas que gostaria de ter ido, foi de frio e tremores, antecipando o provável vírus que está chegando, e que - espero - que não me derrube.
Valeu, valeu.
Até.
Tive a honra - sinceramente não esperada - de ser homenageado como professor. Minha vontade, ao ouvir o nome de cada formando ser chamado para receber o diploma, era de estar entre eles para pular e vibrar com todos. Como parte da mesa, queria abraçar e dar um beijo em cada um.
Claro que não consegui, e nem seria apropriado.
Também não pude dizer a cada um o enorme orgulho de ter feito parte da formação deles, por menor que tenha sido minha participação. Que podem contar comigo sempre que precisarem, como um amigo um pouco mais velho.
A noite de sábado, depois de não conseguir ir a todas as festas que gostaria de ter ido, foi de frio e tremores, antecipando o provável vírus que está chegando, e que - espero - que não me derrube.
Valeu, valeu.
Até.
sábado, julho 27, 2013
sexta-feira, julho 26, 2013
Amanhã não vou ser eu
A sexta-feira começou atrasada por causa de um despertador não programado somado ao hábito de dormir tarde mesmo quando o trabalho requer despertar cedo do dia seguinte. Tudo bem, a rotina foi abreviada para dar tempo de fazer a rota da manhã. Tudo isso, toda a correria e pacientes acabam faltando e aparecer tempo para café, assinar documentos e chegar mais cedo no outro hospital, onde à tarde atenderia. Ambulatório de convênios pela manhã, consultório à tarde - hoje não foi dia de churrasco - e vendo paciente do SUS após, como sempre, DE GRAÇA, no amor à camiseta, feliz em ajudar.
Eu definitivamente gosto da sexta-feira.
Porque antecede o sábado de manhã, o melhor momento da semana.
E porque amanhã vamos - a Jacque e eu - para Santa Cruz do Sul no começo da tarde para a formatura da Medicina da UNISC. Além da alegria de ver tornarem-se médicos outra leva de alunos meus, de cuja formação tive ao menos um pequena parcela de responsabilidade, a felicidade de ser Professor Homenageado (pela primeira vez, justamente agora em que sou professor efetivo, concursado). Uma felicidade que não imaginei ter na vida, e que me dá a sensação de dever cumprido.
Não importa como me sinto. Amanhã é tudo deles e para eles, os formandos.
Em tempos em que o governo tenta desmerecer o trabalho médico, uma pausa para celebrar com eles a felicidade de terminarem essa etapa.
Até.
quinta-feira, julho 25, 2013
Ainda o frio
Gosto do inverno.
Claro que prefiro as estações de temperatura mais amena, de dias mais longos e noites de céu de estrelas com mesas na rua e churrascos com amigos, mas a introspecção do frio e do cinza sempre foram parte de mim. Os tempos de silêncio, vento e filosofia ficaram um pouco perdidos no passado, mas ainda me são caros.
Os anos canadenses foram repletos de dias frios, longas noites a olhar a neve cair e pensar a vida. O final de novembro, após as cores de outono terem caído com as últimas folhas, era de céu cinza e vários dias seguidos sem a luz do sol. Janeiro era de extremos de temperatura negativa, neve e o eventual dia de céu azul e com o sol enganador, que ilumina mas não aquece. Fevereiro, curto mês em que remávamos tediosamente pelas ruas sujas de neve suja, já esperando março e a primavera. O mês de março, mesmo que ainda frio e branco, trazia a mudança de ânimo com a primavera que viria, e as cores voltavam à cidade e os sorrisos aos rostos, mesmo que o mês terminasse e o frio ainda estivesse lá, e mesmo que ainda nevasse em abril ("sometimes snows in April...").
O fato de morar sozinho, chegar de volta em casa perto das 18h com noite fechada, algumas vezes nevando, me dava a oportunidade de ficar olhando a neve cair pela janela, luzes apagadas, algumas vezes ouvindo milongas do sul do mundo, ao mesmo tempo em que acentuava o sentimento de saudades do pampa onde nunca vivi, também me proporcionava a boa sensação de pertencer a um lugar, a um país.
O inverno fazia isso, dava tempo e oportunidade para refletir, pensar, planejar.
Lembrava da vida que tinha deixado em Porto Alegre ao mudar (temporariamente) para o Canadá, sabia (e lamentava) que a vida não seria a mesma na volta, porque eu não seria o mesmo, e imaginava como seria a volta. Sabia que tinha ido numa viagem - de certa forma - sem volta, e pensava em quem eu seria quando voltasse.
Agora, um bom tempo depois de voltar para casa, vejo que as coisas se ajeitaram.
E, sempre que volta o frio aqui pro sul do mundo, penso nos invernos de silêncio e noite do meu exílio canadense.
Até.
Claro que prefiro as estações de temperatura mais amena, de dias mais longos e noites de céu de estrelas com mesas na rua e churrascos com amigos, mas a introspecção do frio e do cinza sempre foram parte de mim. Os tempos de silêncio, vento e filosofia ficaram um pouco perdidos no passado, mas ainda me são caros.
Os anos canadenses foram repletos de dias frios, longas noites a olhar a neve cair e pensar a vida. O final de novembro, após as cores de outono terem caído com as últimas folhas, era de céu cinza e vários dias seguidos sem a luz do sol. Janeiro era de extremos de temperatura negativa, neve e o eventual dia de céu azul e com o sol enganador, que ilumina mas não aquece. Fevereiro, curto mês em que remávamos tediosamente pelas ruas sujas de neve suja, já esperando março e a primavera. O mês de março, mesmo que ainda frio e branco, trazia a mudança de ânimo com a primavera que viria, e as cores voltavam à cidade e os sorrisos aos rostos, mesmo que o mês terminasse e o frio ainda estivesse lá, e mesmo que ainda nevasse em abril ("sometimes snows in April...").
O fato de morar sozinho, chegar de volta em casa perto das 18h com noite fechada, algumas vezes nevando, me dava a oportunidade de ficar olhando a neve cair pela janela, luzes apagadas, algumas vezes ouvindo milongas do sul do mundo, ao mesmo tempo em que acentuava o sentimento de saudades do pampa onde nunca vivi, também me proporcionava a boa sensação de pertencer a um lugar, a um país.
O inverno fazia isso, dava tempo e oportunidade para refletir, pensar, planejar.
Lembrava da vida que tinha deixado em Porto Alegre ao mudar (temporariamente) para o Canadá, sabia (e lamentava) que a vida não seria a mesma na volta, porque eu não seria o mesmo, e imaginava como seria a volta. Sabia que tinha ido numa viagem - de certa forma - sem volta, e pensava em quem eu seria quando voltasse.
Agora, um bom tempo depois de voltar para casa, vejo que as coisas se ajeitaram.
E, sempre que volta o frio aqui pro sul do mundo, penso nos invernos de silêncio e noite do meu exílio canadense.
Até.
terça-feira, julho 23, 2013
Não Sou Profissional de Saúde.
Nunca fui.
Sou médico.
Peço licença para ficar em pé, olhar para frente e, com orgulho, reafirmar: sou médico!
Vamos parar com essa palhaçada de "profissionais da saúde". Não!
Somos médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, assistentes sociais, técnicos de enfermagem, etc. Todos profissionais igualmente importantes em seus papéis, todos parte de uma equipe de saúde, todos com suas atribuições específicas. E ponto. Não fazemos parte de um saco de gatos, todos juntos e misturados, onde ninguém mais sabe o que realmente é. Isso é a ideia que estão tentando vender para a população.
Não somos iguais, só isso.
Diferentes. Não melhores ou piores do que ninguém.
O problema dessa ideia de que todos somos trabalhadores profissionais da saúde, sem nos (entre todos nós que trabalhamos com saúde) diferenciar, é que dá margem a todos se julguem no "direito" de encampar atividades que são peculiares, privativas, se quiserem, das outras especialidades. É o que está acontecendo com a discussão da Lei do Ato Médico.
Quem se manifesta contra - como já falei aqui outras vezes - é porque não leu ou não entendeu (e não sei o que é pior) o que diz o texto da lei. Ela só regulamenta o que já acontece há dezenas, centenas de anos. Mas na crença que "todos os profissionais da saúde são iguais" é que alguns idiotas se arvoram o direito de se meter onde não deveriam. Se cada um fizesse a sua parte, aquela para qual foi preparado e está habilitado, não haveria problema. Ou, melhor, seria um problema a menos no sistema de saúde.
Até.
Sou médico.
Peço licença para ficar em pé, olhar para frente e, com orgulho, reafirmar: sou médico!
Vamos parar com essa palhaçada de "profissionais da saúde". Não!
Somos médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, assistentes sociais, técnicos de enfermagem, etc. Todos profissionais igualmente importantes em seus papéis, todos parte de uma equipe de saúde, todos com suas atribuições específicas. E ponto. Não fazemos parte de um saco de gatos, todos juntos e misturados, onde ninguém mais sabe o que realmente é. Isso é a ideia que estão tentando vender para a população.
Não somos iguais, só isso.
Diferentes. Não melhores ou piores do que ninguém.
O problema dessa ideia de que todos somos trabalhadores profissionais da saúde, sem nos (entre todos nós que trabalhamos com saúde) diferenciar, é que dá margem a todos se julguem no "direito" de encampar atividades que são peculiares, privativas, se quiserem, das outras especialidades. É o que está acontecendo com a discussão da Lei do Ato Médico.
Quem se manifesta contra - como já falei aqui outras vezes - é porque não leu ou não entendeu (e não sei o que é pior) o que diz o texto da lei. Ela só regulamenta o que já acontece há dezenas, centenas de anos. Mas na crença que "todos os profissionais da saúde são iguais" é que alguns idiotas se arvoram o direito de se meter onde não deveriam. Se cada um fizesse a sua parte, aquela para qual foi preparado e está habilitado, não haveria problema. Ou, melhor, seria um problema a menos no sistema de saúde.
Até.
segunda-feira, julho 22, 2013
Frio
Eu gosto do inverno.
Se eu estiver de férias, numa estação de esqui, mesmo que eu não esquie (até brinco um pouco, caio muito, me divirto... não importa). Mesmo que - principalmente, aliás - eu fique dentro de casa olhando a neve cair.
Como muito fiz em Toronto, em noites de neve e silêncio.
Fora isso, e por ter morado e vivido dois invernos canadenses, gosto muito mais do verão hoje em dia do que no passado. MUITO mais. E para todos os que dizem que preferem o inverno, sempre digo que não, vocês não sabem o que dizem.
Vocês não conhecem O Frio.
Assim mesmo, com maiúsculas.
Esse eu respeito, apesar de passar mais frio em Porto Alegre que passava em Toronto...
Até.
Se eu estiver de férias, numa estação de esqui, mesmo que eu não esquie (até brinco um pouco, caio muito, me divirto... não importa). Mesmo que - principalmente, aliás - eu fique dentro de casa olhando a neve cair.
Como muito fiz em Toronto, em noites de neve e silêncio.
Fora isso, e por ter morado e vivido dois invernos canadenses, gosto muito mais do verão hoje em dia do que no passado. MUITO mais. E para todos os que dizem que preferem o inverno, sempre digo que não, vocês não sabem o que dizem.
Vocês não conhecem O Frio.
Assim mesmo, com maiúsculas.
Esse eu respeito, apesar de passar mais frio em Porto Alegre que passava em Toronto...
Até.
domingo, julho 21, 2013
A Sopa 13/03
Tenho pensado muito - como já ficou claro nos últimos dias - no plano B.
Você sabe, a carta na manga para o caso de as coisas não darem certo, ou mesmo para se - de repente - eu chegasse à conclusão de que o caminho escolhido não era aquele em que eu realmente queria estar e decidisse mudar de vida. Ou mudar a vida.
Durante anos, sempre convivi com o plano B muito vivo em mim, muito próximo, quase ao alcance da mão. Como se eu estivesse caminhando de olho na estrada paralela, pronto para troca de estrada a qualquer momento. Um erro, confesso, que me levou a andar muito mais devagar do que eu poderia, ou deveria, por um bom tempo. Eu acabava não me dedicando às minhas escolhas como deveria por sempre achar que eu tinha que deixar uma porta aberta para fugir. Por querer deixar uma porta aberta para fugir, eu nunca entrava em nenhuma porta. Confuso, não?
Na verdade, não.
Houver um momento, então, que decidi que era hora de deixar de pensar na rota alternativa e seguir com vontade pelo caminho que eu tinha escolhido. Se lá na frente eu percebesse que estava errado, não era isso que eu queria, era só voltar um pouco e mudar de rumo. Lembro perfeitamente quando foi isso, já há mais de dez anos, mas não vem ao caso. O que importa é que tomei uma decisão, segui em frente e vi onde dava. E deu certo.
Mas ainda hoje, aqui de longe, olhando para trás, vejo que minhas dúvidas - que, sim, me atrasaram - não eram fora de propósito. Eu tinha razão no que pensava (falo das minhas verdades) e continuo pensando da mesma forma.
Ainda tenho o Plano B, mesmo que o Plano A esteja indo muito bem, obrigado.
Mas, muito mais importante, começo a fazer o Plano A se aproximar do B, por mais confuso e sem sentido que isso possa parecer a você, caro leitor. Se parece complicado enquanto escrevo, é a simplicidade que busco.
Uma vida mais simples.
Isso é tudo.
Até.
sábado, julho 20, 2013
sexta-feira, julho 19, 2013
Casa no campo (um pensamento recorrente)
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras
Pastando solenes no meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
E meu filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Pastando solenes no meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
E meu filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros e nada mais
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros e nada mais
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos, meus livros e nada mais
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros e nada mais
Meus discos, meus livros e nada mais
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros e nada mais
Ou poderia chamar de plano B?
Até.
quinta-feira, julho 18, 2013
Quase sexta
Longo dia de consultório, com reunião à noite.
Números e contas.
Ainda bem que amanhã é sexta-feira que, mesmo longa, é dia de churrasco.
Até.
Números e contas.
Ainda bem que amanhã é sexta-feira que, mesmo longa, é dia de churrasco.
Até.
quarta-feira, julho 17, 2013
Roda Viva
Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu...
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu...
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino prá lá ...
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino prá lá ...
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...
A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira prá lá...
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira prá lá...
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...
A roda da saia mulata
Não quer mais rodar não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou...
Não quer mais rodar não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou...
A gente toma a iniciativa
Viola na rua a cantar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a viola prá lá...
Viola na rua a cantar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a viola prá lá...
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...
O samba, a viola, a roseira
Que um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou...
Que um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou...
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a saudade prá lá ...
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a saudade prá lá ...
terça-feira, julho 16, 2013
Nas Ruas
Hoje foi dia de ir para a rua pela saúde, mais uma vez.
Outra mobilização dos médicos, e caminhada até a Prefeitura. Estudantes, residentes, médicos de várias gerações. Meus professores e alguns alunos.
Na chegada à Prefeitura, saí do grupo, passei por baixo do cordão de isolamento e, na escadaria principal, pude fotografar mais um pouco...
Até a próxima...
segunda-feira, julho 15, 2013
Pensamentos
Ando pensando em outras dimensões.
Mais leves, mais simples.
Em diminuir o peso das coisas...
Até.
Mais leves, mais simples.
Em diminuir o peso das coisas...
Até.
domingo, julho 14, 2013
É possível
Um final de semana sem muito pensar em trabalho.
Não é fácil, confesso.
Precisamos abstrair para manter a sanidade.
E a mente inquieta, a espinha ereta e o coração tranquilo...
Até.
Não é fácil, confesso.
Precisamos abstrair para manter a sanidade.
E a mente inquieta, a espinha ereta e o coração tranquilo...
Até.
sábado, julho 13, 2013
Sábado (e é dia de rock)
sexta-feira, julho 12, 2013
Confissão de sexta à noite
"Queria dizer que te considero pra c..."
Não, não é isso.
É que nunca antes da história desse país me senti tão desanimado e injustiçado pelo fato de ser médico, o que é de uma insanidade sem precedentes. Parece que isso agora se tornou uma coisa ruim, me tornou um pária. Entre tanta bobagem, desconhecimento e má intenção presentes no que tenho lido dos detratores da classe médica, e a reação de amigos e colegas, um frase se destacou positivamente.
"Me jogue aos lobos que eu volto liderando a matilha".
Pois é.
Até.
Não, não é isso.
É que nunca antes da história desse país me senti tão desanimado e injustiçado pelo fato de ser médico, o que é de uma insanidade sem precedentes. Parece que isso agora se tornou uma coisa ruim, me tornou um pária. Entre tanta bobagem, desconhecimento e má intenção presentes no que tenho lido dos detratores da classe médica, e a reação de amigos e colegas, um frase se destacou positivamente.
"Me jogue aos lobos que eu volto liderando a matilha".
Pois é.
Até.
quinta-feira, julho 11, 2013
Falando com as paredes
Definitivamente, uma mentira repetida mil vezes vira uma verdade.
Sim, e lamento por isso, continuo falando sobre o momento atual do Brasil, em especial sobre o ataque premeditado que o atual governo (incompetente e corrupto) brasileiro ora faz sobre uma categoria profissional, os médicos. Poderiam citar como conflito de interesse nas minhas análises o fato de eu ser médico, mas é justamente esse fato que me faz entender o que está acontecendo, visto pelo lado de quem está sendo ameaçado. É verdade, tenho um lado a defender e defendo com convicção do que falo.
Mas vamos às últimas novidades.
Por onde começo? Ah, por nós médicos, agora acusados de engomadinhos, burgueses (de novo? sério mesmo?), e de termos nojo de povo. E que a inconstitucional, imoral, autoritária, inefetiva e burra ideia de estender a formação médica em dois anos para que os novos formandos conheçam a realidade do SUS é uma forma de humanizá-los. Esse argumento é tão ESTÚPIDO que fica difícil de debater. Onde as pessoas pensam que se cursa medicina? Num shopping center? Que só atendemos pacientes privados? Ou em bonecos? Aprendemos a diagnosticar com Playmobil e a operar com Legos? Assim que nos formamos, abrimos no dia seguinte um consultório privado naquele mesmo shopping center e ficamos ali, esperando o dinheiro entrar? Pergunta: em que mundo vivem as pessoas?
TODOS os estudantes de medicina atendem pacientes do SUS durante o curso, e 70% dos médicos trabalham no SUS. Alguém do governo diz isso? Pois é.
SIM, nós queremos ir para o interior. Mas queremos ir com dignidade, para que possamos levar nossas famílias, educar nossos filhos. Isso não é questão de salário, apenas. Queremos ter condições de trabalhar direito: postos de saúde em condições, hospitais para onde encaminhá-los quando necessário, exames, equipes de saúde completas, direitos trabalhistas (férias, décimo-terceiro salário, etc), um plano de carreira, possibilidade de progressão. Ou vocês acham que haveria juízes, ou delegados, em todas as comarcas e cidades se as condições oferecidas a eles fossem as mesmo que oferecem aos médicos?
O FRACO governo Dilma Roussef, mais perdido desde que começaram as manifestações populares pelo Brasil, escolheu o alvo da vez, e - já pensando na eleição do ano que vem - lançou esse plano demogógico e eleitoreiro para "satisfazer" as ruas, que pediam saúde. Não se faz saúde sem médicos, mas também não se faz SOMENTE com médicos. Mas isso não importa para eles, o importante é a eleição do ano que vem, quando a possivelmente a presidente (mas não ficaria nada surpreso se o ex viesse aí) vai tentar a reeleição e o ministro da saúde - e seu certificado de especialista falso - vai a governador.
A tática atual - que não vai funcionar - é bater na classe médica, tentar colocar a população contra nós.
Não vão conseguir.
O que me lembra a piada aquela em que um cidadão encontra um amigo e diz:
- Minha gata teve ninhada. Sete gatinhos, e quatro são do PT.
- Do PT? Como assim?
- É que os outros já abriram os olhinhos...
Espero que consigamos fazer a pessoas verem que há uma revolução em curso, e que as próximas vítimas podem ser elas...
Até.
Sim, e lamento por isso, continuo falando sobre o momento atual do Brasil, em especial sobre o ataque premeditado que o atual governo (incompetente e corrupto) brasileiro ora faz sobre uma categoria profissional, os médicos. Poderiam citar como conflito de interesse nas minhas análises o fato de eu ser médico, mas é justamente esse fato que me faz entender o que está acontecendo, visto pelo lado de quem está sendo ameaçado. É verdade, tenho um lado a defender e defendo com convicção do que falo.
Mas vamos às últimas novidades.
Por onde começo? Ah, por nós médicos, agora acusados de engomadinhos, burgueses (de novo? sério mesmo?), e de termos nojo de povo. E que a inconstitucional, imoral, autoritária, inefetiva e burra ideia de estender a formação médica em dois anos para que os novos formandos conheçam a realidade do SUS é uma forma de humanizá-los. Esse argumento é tão ESTÚPIDO que fica difícil de debater. Onde as pessoas pensam que se cursa medicina? Num shopping center? Que só atendemos pacientes privados? Ou em bonecos? Aprendemos a diagnosticar com Playmobil e a operar com Legos? Assim que nos formamos, abrimos no dia seguinte um consultório privado naquele mesmo shopping center e ficamos ali, esperando o dinheiro entrar? Pergunta: em que mundo vivem as pessoas?
TODOS os estudantes de medicina atendem pacientes do SUS durante o curso, e 70% dos médicos trabalham no SUS. Alguém do governo diz isso? Pois é.
SIM, nós queremos ir para o interior. Mas queremos ir com dignidade, para que possamos levar nossas famílias, educar nossos filhos. Isso não é questão de salário, apenas. Queremos ter condições de trabalhar direito: postos de saúde em condições, hospitais para onde encaminhá-los quando necessário, exames, equipes de saúde completas, direitos trabalhistas (férias, décimo-terceiro salário, etc), um plano de carreira, possibilidade de progressão. Ou vocês acham que haveria juízes, ou delegados, em todas as comarcas e cidades se as condições oferecidas a eles fossem as mesmo que oferecem aos médicos?
O FRACO governo Dilma Roussef, mais perdido desde que começaram as manifestações populares pelo Brasil, escolheu o alvo da vez, e - já pensando na eleição do ano que vem - lançou esse plano demogógico e eleitoreiro para "satisfazer" as ruas, que pediam saúde. Não se faz saúde sem médicos, mas também não se faz SOMENTE com médicos. Mas isso não importa para eles, o importante é a eleição do ano que vem, quando a possivelmente a presidente (mas não ficaria nada surpreso se o ex viesse aí) vai tentar a reeleição e o ministro da saúde - e seu certificado de especialista falso - vai a governador.
A tática atual - que não vai funcionar - é bater na classe médica, tentar colocar a população contra nós.
Não vão conseguir.
O que me lembra a piada aquela em que um cidadão encontra um amigo e diz:
- Minha gata teve ninhada. Sete gatinhos, e quatro são do PT.
- Do PT? Como assim?
- É que os outros já abriram os olhinhos...
Espero que consigamos fazer a pessoas verem que há uma revolução em curso, e que as próximas vítimas podem ser elas...
Até.
segunda-feira, julho 08, 2013
Espanto
Nos últimos dias, frente às notícias produzidas no Brasil, essa música tem estado o tempo todo tocando na minha cabeça... É uma pena que que seja cada dia mais verdadeira...
Vamos celebrar
A estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja
De assassinos
Covardes, estupradores
E ladrões...
Vamos celebrar
A estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso estado que não é nação...
A estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso estado que não é nação...
Celebrar a juventude sem escolas
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião...
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião...
Vamos celebrar Eros e Thanatos
Persephone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade...
Persephone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade...
Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
Os mortos por falta
De hospitais...
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
Os mortos por falta
De hospitais...
Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras
E seqüestros...
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras
E seqüestros...
Nosso castelo
De cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda a hipocrisia
E toda a afetação
Todo roubo e toda indiferença
Vamos celebrar epidemias
É a festa da torcida campeã...
De cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda a hipocrisia
E toda a afetação
Todo roubo e toda indiferença
Vamos celebrar epidemias
É a festa da torcida campeã...
Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar o coração...
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar o coração...
Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado
De absurdos gloriosos
Tudo que é gratuito e feio
Tudo o que é normal
Vamos cantar juntos
O hino nacional
A lágrima é verdadeira
Vamos celebrar nossa saudade
Comemorar a nossa solidão...
Nosso passado
De absurdos gloriosos
Tudo que é gratuito e feio
Tudo o que é normal
Vamos cantar juntos
O hino nacional
A lágrima é verdadeira
Vamos celebrar nossa saudade
Comemorar a nossa solidão...
Vamos festejar a inveja
A intolerância
A incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer a nossa gente
Que trabalhou honestamente
A vida inteira
E agora não tem mais
Direito a nada...
A intolerância
A incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer a nossa gente
Que trabalhou honestamente
A vida inteira
E agora não tem mais
Direito a nada...
Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta
De bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror
De tudo isto
Com festa, velório e caixão
Tá tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou
Essa canção...
De toda a nossa falta
De bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror
De tudo isto
Com festa, velório e caixão
Tá tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou
Essa canção...
Ainda desanimado.
Até.
domingo, julho 07, 2013
A Sopa 13/02
Sou contra a violência.
Definitivamente. Peremptoriamente.
(Importante esclarecimento para contextualizar o que virá a seguir no texto)
Sou tão contra a violência que não considero UFC, MMA, essas coisas, como esporte. Para mim, é a mesma coisa que rinha de galo, com a diferença que os "galinhos" são pagos para isso, para se quebrarem. De novo, é MINHA opinião. Por outro lado, e já falei sobre isso, admiro o boxe, com suas regras, pompa e circunstância...
Mas falava que sou radicalmente qualquer tipo de violência.
(nesse momento, não estou esquecendo e nem negando a participação em eventos, vamos dizer, potencialmente violentos num passado muito distante, que não dizem respeito ao que digo ou penso agora, quando sou absolutamente contra a violência)
Pois então, após esse preâmbulo em que manifesto minha oposição radical à violência (não sei se deixei isso claro...) de qualquer tipo contra qualquer um, pessoas ou animais, posso chegar ao ponto central dessa sopa.
Precisamos de um exemplo.
Frente ao que vem acontecendo no Brasil, a esse desrespeito às instituições, ao dinheiro público e à democracia por parte de nossos representantes, esse deboche - como o uso de avião da FAB para compromissos pessoais de senadores, deputados e ministros - para com os cidadãos do Brasil, esse oportunismo de ouvir a voz das ruas e fazer de conta que não é com eles, que parece que a única solução é escolher um como exemplo para os outros.
Acabar com a sensação de impunidade reinando no país.
Peguemos - hipoteticamente - o Presidente do Senado, ou um Ministro qualquer, ou um deputado que propõe que se cure gays, sei lá, e que foi eleito pelo povo. Ele seria o exemplo para os outros do que acontece com quem usa jatos da FAB para uso pessoal, ou renúncia para não perder o mandato por quebra de decoro parlamentar, ou alguma falcatrua qualquer que ele possa ter feito. Como nos tempos da escola, alguém pegaria ele na saída e daria uma lição. E que os outros ficassem sabendo que o mesmo aconteceria com eles em caso de desvios.
Sei lá, apenas uma ideia perdida num domingo de chuva.
Até.
sábado, julho 06, 2013
sexta-feira, julho 05, 2013
O dia em que desisti
Hoje, sexta-feira.
Como normalmente acontece, atendo ambulatório em um dos hospitais universitários de Porto Alegre no período da manhã. A tarde é dedicada ao meu consultório, que fica em outro dos hospitais universitários de Porto Alegre. Muitas vezes, contudo, a tarde de atendimento é desmarcada para reuniões ou mesmo para ajudar no ambulatório do SUS do Centro de Obesidade onde também trabalho, atividade - no caso - não remunerada.
Atendi meus pacientes no consultório e, na metade da tarde, depois do prejuízo de uma paciente que marcou consulta, confirmou presença e não apareceu, deixei o consultório para ir ao Centro de Obesidade porque havia um paciente do SUS para eu atender. De novo, para não deixar dúvidas, de graça, sem ser remunerado por isso. Paciente grave, que lembrou Dickens (e meus alunos sabem por que), pude ajudá-lo. Orientei, fizemos um plano de tratamento, programamos uma nova consulta em cerca de um mês. Me contou que levou três anos preso na burocracia para chegar a começar a avaliação, mas que agora faltava pouco - nossa esperança, afinal é um caso grave - para que pudesse fazer a cirurgia, que melhorará em muito sua vida. Saí duplamente feliz, por ele e por mim, que pude ajudá-lo dentro das limitações impostas (vários dos exames que ele precisava e até já tinha feito não são cobertos pelo SUS).
Mas aí - infelizmente - voltei a ler o que andam escrevendo sobre a questão e a postura dos médicos no Brasil. Como médico e brasileiro, quando falam, falam também de mim.
E desanimei.
Aquele momento em que realizas que a revolta é sem sentido por inútil, que não há nada que eu possa dizer, por mais que eu tente mostrar como são as coisas, nada vai mudar a ideia estabelecida de que, por ser médico, eu faço parte de uma elite que só quer dinheiro e não está nem aí para a população. Que não quero trabalhar num Posto de Saúde ganhando treze mil reais por que acho pouco. Que não vou para o interior ganhando trinta mil (!) porque acho pouco. Eu não tenho solução, talvez a solução seja mesmo a execução em praça pública.
Não adianta explicar que boa parte dos médicos que estavam nas passeatas estavam lá não por salários, afinal nem trabalham no SUS, mas sim por melhores condições, mais investimentos no sistema de saúde, por uma carreira de estado para médicos, com possibilidade de ascensão, que começariam - assim como juízes - em cidades menores e que teriam a possibilidade de - depois de um tempo migrarem para outras regiões de sua escolha, mas que aí seriam substituídos por outros em mesma situação. Não adianta GRITAR que não é a questão de serem cubanos ou portugueses, espanhóis ou canadenses, é o princípio da necessidade de validação de seus diplomas, como acontece em qualquer lugar do mundo. Se mostrarem competência, TODOS serão bem recebidos.
Tudo em vão.
Pessoas inteligentes sendo iludidas e manipuladas por uma cortina de fumaça lançada por um governo que está perdido, e seguindo pesquisas de opinião esquizofrênicas ("Você acha que a saúde melhoraria com mais médicos? Sim? Viu só, faltam médicos no Brasil!). Aliás, eu espero que estejam sendo iludidas, não seja cegueira ideológica ("esses médicos, todos de direita, só querem o lucro, eles deveriam trabalhar de graça, afinal saúde é um direito de todos").
Final de tarde de sexta-feira, desanimado, decidi largar de mão.
Chega. Acabou. Não aguento mais.
Mas aí olho meu e-mail e recebo o convite oficial para compor a mesa - como Professor Homenageado - da formatura da ATM 2013/1 do Curso de Medicina da UNISC. Ainda tenho por que lutar.
Sorrio.
De volta à luta.
Até.
Como normalmente acontece, atendo ambulatório em um dos hospitais universitários de Porto Alegre no período da manhã. A tarde é dedicada ao meu consultório, que fica em outro dos hospitais universitários de Porto Alegre. Muitas vezes, contudo, a tarde de atendimento é desmarcada para reuniões ou mesmo para ajudar no ambulatório do SUS do Centro de Obesidade onde também trabalho, atividade - no caso - não remunerada.
Atendi meus pacientes no consultório e, na metade da tarde, depois do prejuízo de uma paciente que marcou consulta, confirmou presença e não apareceu, deixei o consultório para ir ao Centro de Obesidade porque havia um paciente do SUS para eu atender. De novo, para não deixar dúvidas, de graça, sem ser remunerado por isso. Paciente grave, que lembrou Dickens (e meus alunos sabem por que), pude ajudá-lo. Orientei, fizemos um plano de tratamento, programamos uma nova consulta em cerca de um mês. Me contou que levou três anos preso na burocracia para chegar a começar a avaliação, mas que agora faltava pouco - nossa esperança, afinal é um caso grave - para que pudesse fazer a cirurgia, que melhorará em muito sua vida. Saí duplamente feliz, por ele e por mim, que pude ajudá-lo dentro das limitações impostas (vários dos exames que ele precisava e até já tinha feito não são cobertos pelo SUS).
Mas aí - infelizmente - voltei a ler o que andam escrevendo sobre a questão e a postura dos médicos no Brasil. Como médico e brasileiro, quando falam, falam também de mim.
E desanimei.
Aquele momento em que realizas que a revolta é sem sentido por inútil, que não há nada que eu possa dizer, por mais que eu tente mostrar como são as coisas, nada vai mudar a ideia estabelecida de que, por ser médico, eu faço parte de uma elite que só quer dinheiro e não está nem aí para a população. Que não quero trabalhar num Posto de Saúde ganhando treze mil reais por que acho pouco. Que não vou para o interior ganhando trinta mil (!) porque acho pouco. Eu não tenho solução, talvez a solução seja mesmo a execução em praça pública.
Não adianta explicar que boa parte dos médicos que estavam nas passeatas estavam lá não por salários, afinal nem trabalham no SUS, mas sim por melhores condições, mais investimentos no sistema de saúde, por uma carreira de estado para médicos, com possibilidade de ascensão, que começariam - assim como juízes - em cidades menores e que teriam a possibilidade de - depois de um tempo migrarem para outras regiões de sua escolha, mas que aí seriam substituídos por outros em mesma situação. Não adianta GRITAR que não é a questão de serem cubanos ou portugueses, espanhóis ou canadenses, é o princípio da necessidade de validação de seus diplomas, como acontece em qualquer lugar do mundo. Se mostrarem competência, TODOS serão bem recebidos.
Tudo em vão.
Pessoas inteligentes sendo iludidas e manipuladas por uma cortina de fumaça lançada por um governo que está perdido, e seguindo pesquisas de opinião esquizofrênicas ("Você acha que a saúde melhoraria com mais médicos? Sim? Viu só, faltam médicos no Brasil!). Aliás, eu espero que estejam sendo iludidas, não seja cegueira ideológica ("esses médicos, todos de direita, só querem o lucro, eles deveriam trabalhar de graça, afinal saúde é um direito de todos").
Final de tarde de sexta-feira, desanimado, decidi largar de mão.
Chega. Acabou. Não aguento mais.
Mas aí olho meu e-mail e recebo o convite oficial para compor a mesa - como Professor Homenageado - da formatura da ATM 2013/1 do Curso de Medicina da UNISC. Ainda tenho por que lutar.
Sorrio.
De volta à luta.
Até.
quinta-feira, julho 04, 2013
Eu sou a favor dos médicos cubanos
Aliás, sou a favor dos médicos. Ponto.
Nós, médicos, estamos deixando a discussão ir para o lado errado.
Ingenuamente, estamos sendo manipulados, e - com isso - ficamos cada vez mais antipáticos perante a opinião pública, que já "sabe" pela grande imprensa que somos os profissionais mais "bem remunerados" do Brasil. Além de marajás, temos medo de concorrência.
Sei, sabemos, qual é o problema da saúde pública no Brasil, e que "importar" médicos estrangeiros não vai resolvê-lo. Mas temos a maior parte da opinião pública sendo colocada contra nós porque estamos perdendo o foco da discussão. Cada vez mais parecemos estar preocupados com o nosso "feudo". Temos um problema de comunicação.
Estive na manifestação dos médicos ontem.
Em sua maioria, os argumentos eram os adequados, mas à vezes ocorriam deslizes, justamente quando se falava dos médicos de Cuba. Sem falar na boa intenção do carro de som com o "puxador" das palavras de ordem, esforçadas, mas fraquinhas (em termos de marketing).
Foi bonito, emocionante mesmo, encontrar professores, colegas e alunos, todos juntos ali em defesa do SUS, dos investimentos em saúde. Mostrou que o momento é de luta, de ir para a rua mesmo. Teve um momento que três mais jovens se dirigiram a um container de lixo. Alguns olharam assustados, se viraram como se fossem defendê-lo, e se acalmaram quando perceberam que a intenção era apenas uma foto...
Foi bonito ver que muitas pessoas aplaudiam a passagem do "cortejo" médico em direção ao Palácio Piratini, e aqueles de carro buzinavam. Foi importante nos manifestarmos. E foi muito bem. E éramos muito, mas muito mais que os 300 citados pelo Correio do Povo ou 600 segundo a Zero Hora.
Só que - no geral - acho que estamos perdendo a batalha pela simpatia do povo.
Esqueçam de onde virão - se virão mesmo - os médicos estrangeiros. Não importa se de Cuba, Portugal, Espanha, ou qualquer que seja seu país. Todos serão bem recebidos, independente da origem ou da formação.
Só precisam fazer o que fazemos quando vamos trabalhar no exterior: revalidar o diploma. Afora isso, é uma ilegalidade. É crime.
Temos médicos suficientes. O que não temos, por outro lado, são governos sérios e competentes.
Até.
Nós, médicos, estamos deixando a discussão ir para o lado errado.
Ingenuamente, estamos sendo manipulados, e - com isso - ficamos cada vez mais antipáticos perante a opinião pública, que já "sabe" pela grande imprensa que somos os profissionais mais "bem remunerados" do Brasil. Além de marajás, temos medo de concorrência.
Sei, sabemos, qual é o problema da saúde pública no Brasil, e que "importar" médicos estrangeiros não vai resolvê-lo. Mas temos a maior parte da opinião pública sendo colocada contra nós porque estamos perdendo o foco da discussão. Cada vez mais parecemos estar preocupados com o nosso "feudo". Temos um problema de comunicação.
Estive na manifestação dos médicos ontem.
Em sua maioria, os argumentos eram os adequados, mas à vezes ocorriam deslizes, justamente quando se falava dos médicos de Cuba. Sem falar na boa intenção do carro de som com o "puxador" das palavras de ordem, esforçadas, mas fraquinhas (em termos de marketing).
Foi bonito, emocionante mesmo, encontrar professores, colegas e alunos, todos juntos ali em defesa do SUS, dos investimentos em saúde. Mostrou que o momento é de luta, de ir para a rua mesmo. Teve um momento que três mais jovens se dirigiram a um container de lixo. Alguns olharam assustados, se viraram como se fossem defendê-lo, e se acalmaram quando perceberam que a intenção era apenas uma foto...
Foi bonito ver que muitas pessoas aplaudiam a passagem do "cortejo" médico em direção ao Palácio Piratini, e aqueles de carro buzinavam. Foi importante nos manifestarmos. E foi muito bem. E éramos muito, mas muito mais que os 300 citados pelo Correio do Povo ou 600 segundo a Zero Hora.
Só que - no geral - acho que estamos perdendo a batalha pela simpatia do povo.
Esqueçam de onde virão - se virão mesmo - os médicos estrangeiros. Não importa se de Cuba, Portugal, Espanha, ou qualquer que seja seu país. Todos serão bem recebidos, independente da origem ou da formação.
Só precisam fazer o que fazemos quando vamos trabalhar no exterior: revalidar o diploma. Afora isso, é uma ilegalidade. É crime.
Temos médicos suficientes. O que não temos, por outro lado, são governos sérios e competentes.
Até.
terça-feira, julho 02, 2013
Mandei um e-mail para a Dilma
Estou ficando sem paciência.
As pessoas falam demais, e falam bobagens. E não importa o assunto, todos tem opiniões definitivas, peremptórias, sobre como tudo é e como deveria ser. Quanto mais certeza tem, mais intolerantes parecem ficar. E te olham, desafiadoras, um dedo em riste a apontar para os defeitos os outros, nunca os seus.
Eu não. Cada vez sei menos, tenho menos certezas. Só que ainda tenho a tendência a falar mais que do deveria e, pior, continuo prolixo. O esforço para melhorar, rumo ao silêncio, ou - ao menos - à concisão é contínuo.
Controladores eletrônicos de velocidade. Mesmo já tendo sido multado mais do que gostaria, sou totalmente a favor, afinal eles só multam quem está acima do limite de velocidade. Chamar de "indústria da multa" ou "caça-niqueis" é uma distorção de valores que beira o ridículo. Lembrem-se, ele só multa quem está ACIMA do limite de velocidade. E não faz diferença que o azulzinho esteja escondido, camuflado, fantasiado: ele não multa quem está dentro da lei. É difícil entender? Falando em multa, alías, acho que se multa pouco no trânsito. A quantidade de aberrações cometidas por motoristas nas ruas e estradas do Rio Grande do Sul, que concluo que as autoridades são extremamente tolerantes com os infratores.
Protestos contra a corrupção. Acho ótimo ir para a rua protestar, sou a favor. Continuemos lutando por um país melhor. Mas, cá entre nós, e a tua parte, estás fazendo? E as pequenas corrupções do dia-a-dia, não contam? Pedir para um colega assinar a presença para ti quando faltas à aula (não, nós professores não percebemos NUNCA isso acontecer...), por exemplo, é exemplo de correção? Receber o troco a mais e não falar nada, subornar o guarda para não receber multa? Justificar o dano ao patrimônio público e privado como "parte" do protesto é correto? Orientar a força policial a não intervir mesmo que testemunhando destruição e saques está bem? Pois é.
E nós médicos, que temos medo que venham médicos de outros países tirar nossos lugares, para pegar nossa parte na fortuna que as prefeituras pagam para nós não trabalharmos? E quando digo que existem médicos que trabalham de GRAÇA para o SUS, não acreditam. De graça? Não pode ser! Pois é, parte do meu trabalho é, sim, não remunerada. Aliás, já passei dois meses inteiros indo ao hospital todos os dias (inclusive aos finais de semana) ver uma paciente do SUS e não recebi nada por isso. Mas isso não vem ao caso. O problema somos nós, médicos? Está bem, façam como achar melhor. Depois conversamos, companheiro.
Não, não foi nada disso que escrevi no e-mail que mandei para a Presidente.
Apenas, como parte da campanha estimulada pelo CFM, pedi respeitosamente que ela sancione a Lei do Ato Médico.
Era isso.
Até.
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