quarta-feira, abril 20, 2005

Chuva

Eu ia dizer que odeio guarda-chuva. Mas dizer “eu odeio” alguma coisa é quase uma declaração de bichisse. Se, além disso, eu ainda dissesse que sapateio em cima de guarda-chuvas, bom, aí não haveria dúvida.

Então digo que não gosto de guarda-chuva, assim, sério, circunspecto. Não gosto mesmo. No Brasil, por ter que me deslocar de um lado a outro de Porto Alegre no mesmo dia, andava de carro e dispensava os guarda-chuvas. Aqui não posso fazer isso.

Depois de duas semanas de temperaturas agradáveis e tempo seco (num início de primavera atípico, segundo todos) hoje choveu e deve esfriar um pouco até o final de semana. Tudo coincidindo com a minha volta para cá, associação essa que seria claramente por minha causa se eu fosse paranóico ou megalomaníaco. Ops, eu sou paranóico e megalomaníaco: o tempo piorou porque voltei para Toronto! Mas eu falava da minha relação com guarda-chuvas, que não existe. A relação, quero dizer.

Uma vez, numa dinâmica de grupo, parte de um teste psicotécnico antes de eu entrar na Força Aérea Brasileira (como médico, claro), foi pedido ao grupo que – assim, de improviso, em poucos minutos – inventássemos algo e apresentássemos ao grupo na forma de um anúncio. Pensei, e “inventei” o No Rain, o guarda-chuva inflável.

Simples, quando começasse a chover, era só pegá-lo e, através de um ventil, encher o guarda-chuva, como aqueles colchões de ar para piscina. Foi um sucesso, eu acho.

Pelo menos não me rejeitaram na Aeronáutica, não me declaram incapaz nem me prenderam, o que quase aconteceu depois, durante o treinamento quando dei uma aula a todos em que o assunto era eu mesmo.

Mas isso é outra história.