Uma das primeiras estranhezas que vivenciei quando cheguei ao Canadá, logo que aluguei o apartamento – bem localizado, vigésimo-primeiro andar -, foi o fato de que não havia janela nem na cozinha nem no banheiro. Também não tinha uma área de serviço, mas isso eu já sabia, eu lavaria a roupa na lavanderia do próprio edifício ou em alguma próxima. Mas a falta de janelas foi uma surpresa, e eu estranho até hoje.
O banheiro sem janelas – onde ao se apagar a luz cai-se num breu total, o que torna a experiência de tomar banho no escuro algo pertubador – e cujo interruptor de luz fica no lado de fora, tem um chuveiro muito bom e banheira. E é todo branco, o que torna a limpeza obsessiva um imperativo. Se cai um mísero cabelo – e os meus estão caindo sempre – já parece que não limpei o banheiro.
Com relação a banheiras, saibam que tenho um relação conflituada com elas. Principalmente as italianas. Há alguns anos, quase morri em Roma por causa de um delas, e saí ileso de um atentado por outra em Florença. Em Roma, consegui escorregar e cair para fora da banheira!
Foi no Hotel Margutta, situado na Via Laurina, próximo à Piazza del Popolo e da Piazza di Spagna, quase esquina com a Via dei Corso, não tão longa caminhada até o monumento a Vittorio Emmanuelle, o Coliseu e ao Fórum Romano. Nosso quarto ficava no terraço, e tinha um pequeno jardim com flores, mesmo num dezembro de pouco frio.
Mas eu falava da minha queda da (e não na) banheira. Caí para fora, nem sei explicar como, assim como não sei dizer como não bati de cabeça na pia ou no bidê. Imagine a cena e a manchete: turista brasileiro encontrado morto, por traumatismo craniano, em hotel de Roma. Morrer não seria nada, pior seria o vexame.
Em Florença, por outro lado, caí na banheira.
Aqui, até agora, estou ileso.
Que continue assim…