De volta de um outubro de viagens, comemoro por ficar quieto em casa nessa noite de sexta-feira.
Viajar é sempre bom, sem dúvida, ainda mais bem acompanhado, como foi nas duas semanas que passei na Itália, de norte a sul, até a Sicília. Mas viajar não é só isso, chegar no destino e aproveitar: é muito mais.
Viajar é antecipar a viagem, estar no destino e, finalmente, voltar.
São três etapas indissociáveis e de igual importância, apesar de nem todos concordarem com isso. Sem uma dessas etapas, fica incompleta a experiência. Inevitável.
Antecipação e viagem em si, as duas primeiras partes do processo, são unanimidades, mas a terceira – a volta – é assunto controvertido. Muitos pensam que voltar, retomar a rotina, é a parte ruim da viagem, a parte dispensável. Estão enganados. Sem a volta, não seríamos viajantes, ou turistas, seríamos nômades.
Penso isso porque voltei para casa depois das minhas últimas viagens e agora fico por aqui por um mês e pouco até a próxima. Com relação à viagem para Montreal, voltei para casa, mas pensando na viagem à Itália, voltei mais ou menos.
Conversamos, a Jacque e eu, enquanto estávamos lá, que eu não teria a oportunidade de voltar para casa e encontrar a família para contar as histórias, as brincadeiras (“oguei”, “a água do doente”, “otchenta”, “vino tinto”, etc), montar o álbum, o mural de fotos. Então talvez essa viagem de agora só termine em dezembro, quando for à Porto Alegre depois de oito meses longe.
São as circunstâncias de ter duas casas. Uma aqui em Toronto, já moro há mais de um ano e a outra, de onde vim e para onde vou voltar em julho próximo, da qual, no fundo, nunca saí.
Até.
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