As melhores chicken wings de Toronto.
Já comi em dois lugares que eram “os melhores de Toronto” no quesito “chicken wings”, segundo opiniões honestas e sinceras de amigos. Em ambos, a mesma inquietação: não sei dizer se uma é melhor que a outra. Como com cerveja.
Existem pessoas que possuem teorias refinadas sobre qual é a melhor cerveja, qual não se deve tomar, qual é mais forte, mais leve, etc. Sou do tempo em que cerveja era clara ou escura, sendo que a última podia ser malzbier – mais “doce” – ou não. Essa coisa de mil e uma variedades diferentes, muitas opções e tal coisa, só dificulta a vida de quem tem que escolher. Eu, ao menos, não noto diferenças. Não é como o sagu, por exemplo, ou o apfelstrudel, ou mesmo a massa a carbonara, dos quais estou em busca do exemplar perfeito.
Cerveja tem que ser simples, fácil de escolher. Assim como quando numa encruzilhada em que não sei para que lado seguir sempre vou virar à esquerda, tenho que ter princípios definidos sobre cerveja. Aqui no Canadá, já defini: cerveja clara é Stella Artois, enquanto escura é Guiness, e ponto final. Mas eu falava de chicken wings.
Sem querer, um dia descobri aquelas que considerei as melhores de Toronto, e bem perto aqui de casa. O local se chama “Kiwi Kick - The Proud of Downunder”, ou pelo menos eu acho que se chama assim. O dono é um neozelandês muito louco, já falo dele. Deixa eu contar de como cheguei lá na sexta-feira, dia em que pretendia ficar em casa.
Estava pronto para começar a preparar a minha janta, ainda tomando chimarrão, quando me ligaram a Camilla e o Henrique, dizendo que estavam próximos e perguntando se eu não queria sair para dar uma volta. Disse que sim, só precisa falar com a Jacque antes, já que aguardava sua ligação. Combinamos que ele viriam aqui para casa e daí decidiríamos. Quando chegaram, eu estava falando com a Jacque no iChat. Tímidos, foram para a sacada esperar que eu terminasse de falar com ela. Ainda bem que não estava –15ºC…
Decidimos, então, ao invés de pedir uma pizza, ir até o dito pub/bar para jantar e bater papo. Chegando lá, pedimos as wings e batatas fritas. Para o Henrique e eu, Guiness. A Camilla, coca-cola. Enquanto espáravamos, percebemos que haveria música ao vivo. Confesso que fiquei temeroso. Nisso, o músico que iria se apresentrar parou junto a nossa mesa e perguntou, em português claro e sem sotaque: “Brasileiros?”. Sim, respondemos, e ele nos contou que havia morado no Brasil nos anos 70, por quatro anos. Ele? Húngaro.
Quando começou a tocar, a grata surpresa: tocava e cantava muito bem, e o repertório era MUITO bom, e bem adequado ao meu gosto, como se fosse eu quem tivesse escolhido as músicas. Tocou Beatles, Simon & Garfunkel, U2 e Eagles, entre muitos outros. O clima do bar era bem legal. O dono, que também estava comandando a cozinha, botava pilha no público, agitava. Tirava algumas meninas para dançar (e dançava do mesmo jeito, independente da música ou do ritmo), passava nas mesas, brindava com os clientes.
Enquanto ele tocou, o clima sempre se manteve muito bom, o pessoal cantando, como se todo mundo se conhecesse. Ele tocou inclusive “Gostava Tanto de Você” (quando o dono do bar convidou umas meninas que estavam lá para dançar, comigo, o que educadamente rejeitamos, eu a e menina…). Mas astral mesmo. Ficamos um tempão ouvindo a música, aproveitando a energia positiva que ajudamos a criar, aplaudindo e incentivando.
O tempo passou voando e, ao sair, o dono despediu-se de nós como se fôssemos velhos amigos.
Definitivamente vou voltar lá.
Até.
Um comentário:
Que legal isso!
Beijos
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