domingo, agosto 31, 2025

A Sopa

Vinte e nove anos.

 

Era sábado, e chovia. O último dia do mês de agosto do ano de mil novecentos e noventa e seis. O padre, quando fui marcar o casamento na igreja, comentou que ninguém se casava em agosto, porque as pessoas acreditavam que dava azar. Respondi que a festa ia terminar em setembro e, por isso, estávamos, a Jacque e eu, imunes ao dito azar de mês de agosto.

 

Naquela época eu já superara diversas superstições, esses pensamentos mágicos e crenças que as pessoas entendem como verdade e que podem algumas vezes prejudicar suas vidas. A história do mundo está cheia de exemplos de pensamentos irracionais que mataram pessoas. 

 

Mesmo com a evolução do conhecimento, a ciência sendo capaz de explicar os fenômenos naturais, ainda há pessoas que se ‘agarram’ a crenças diversas, pensamentos irracionais. O mais próximo e atual, por exemplo, tem relação com vacinas, que são uma das poucas descobertas que realmente mudaram o mundo para melhor, mas não vou entrar nessa polêmica (que não existe, na verdade).

 

Falava da crença de que o mês de agosto era um mês maldito. Sei que já falei disso, mas parte dessas crenças está associada ao fato de que – na época das grande navegações e descobertas – as expedições partiam no início de setembro para buscar novos mundos, e nunca sabiam se iriam conseguir retornar. Por isso, ao se casar em agosto, assumia-se o risco de a esposa ficar viúva pouco tempo depois, então evitava-se esse casamentos nesse mês. E a crença persistiu nos séculos seguintes.

 

Eu, do meu lado, implicava com agosto porque – após dois meses de inverno, junho e julho – ainda teríamos o mês de agosto frio e úmido, antes de entrar setembro e sua promessa de dias longos e temperaturas mais amenas. Quando foi em uma noite de agosto em que houve o acidente em que me envolvi e me deixou na UTI em coma por treze dias, reforcei essa minha crença.


Quando fomos marcar o casamento, já não me preocupava com isso. Choveu no dia, a festa foi até a madrugada de primeiro de setembro e estamos há vinte e nove anos juntos. A Marina, nossa filha, nasceu em um agosto alguns anos depois, reforçando que esse é um ótimo mês.

 

E assim vai a vida.

 

Muito bem, obrigado.


Até. 

sábado, agosto 30, 2025

Sábado (e Livros)

Exposição
 

Expostos na AMHSL (Associação dos Médicos do Hospital São Lucas da PUCRS) estão os meus dois livros entre os recém lançados livros dos Professores, agora Amigos, e eternos Mestres Ivan Antonello e Domingos D'Avila.

Que honra.

Bom sábado a todos.

Até.

sexta-feira, agosto 29, 2025

Uma Vida Morna?

Anticlímax.

 

Eu passei no vestibular para Medicina na PUCRS em janeiro de 1989. Por ter feito curso secundário técnico, pela menor ênfase às disciplinas habituais e que eram importantes para o concurso que dava acesso à Universidade, o ano de 1988 havia sido de curso pré-vestibular, só que para aprender muito mais que revisar determinadas matérias. 

 

Muito mais por não estudar tanto quanto deveria do que por uma formação mais precária, acabei não passando no vestibular da UFRGS, bem mais disputado e difícil na época por, além de tudo, ser Universidade pública e gratuita, como diziam da UFRGS. Com relação ao vestibular da PUCRS, acabei passando em primeira chamada.

 

O resultado, na época pré-internet, saia no rádio (e lembro bem da leitura do listão da UFRGS na rádio em pleno janeiro, às vezes em um domingo de praia), no jornal ou tinha as listas de aprovadas divulgadas nos cursos pré-vestibulares, fixadas nas paredes. Então, íamos para a frente dos cursinhos aguardar a divulgação das listas.

 

Em janeiro de 1989, ainda sem saber se passara no vestibular da PUCRS, fui com alguns amigos esperar o resultado em frente a uma das sedes do Universitário, que eu havia cursado, que ficava na Praça Conde de Porto Alegre, no Centro. Ficamos ali, aguardando até que foi divulgado. Fui até as listas, atrás de, na esperança de ler o meu nome. Não estava na lista. 

 

Eu não havia passado no vestibular.

 

Frustrado, me afastei do local enquanto os outros procuravam seus nomes em listas, já antecipando o ano que viria, de estudo e – planejava, imaginava – até trabalho. Paciência. Repensaria minhas opções, teria tempo, afinal havia entrado precocemente na escola, estava um ano adiantado, ao menos.

 

Fiquei um tempo ali, pensativo, até que decidi ir embora. Antes de sair, já com pouco movimento, afinal os aprovados tinham migrado para outros locais para celebrar, fui dar mais uma olhada na lista. E, para minha surpresa, encontrei o meu nome entre os aprovados.

 

Eu havia passado!

 

Vibrei, claro, praticamente sozinho. Não houve grande festa no local, apenas a satisfação do dever cumprido. Foi muito boa a sensação. Mas havia perdido o timing da celebração efusiva com o grande grupo de aprovados. Como falei, a sensação de um anticlímax. 

 

Uma sensação que, confesso, tive em outros momentos da vida, e me preocupava o que me parecia ser uma tendência a me sentir vivendo uma vida morna, sem grandes emoções. Após essa sensação, esse temor, decidi tomar uma atitude.

 

Fazer o possível para viver grandes emoções, picos de felicidade. Com a família, com amigos.

 

Até. 

quinta-feira, agosto 28, 2025

Para Evitar o Esquecimento

É da idade, eu sei.

 

Venho, há não sei quanto tempo, observando um fenômeno interessante que acontece comigo, e que tem relação com o quanto o (meu) passado “aparece” no presente. Falo em memórias mais ou menos vívidas, mais ou menos claras, que surgem em diferentes situações do meu dia a dia.

 

Já falei repetidas vezes disso, sim.

 

Começou com a música e seu poder de me transportar, de me fazer sentir vivamente como se estivesse vivendo o momento em que determinada canção tornou-se importante para mim. Só que não é apenas com diferentes músicas que isso tem acontecido. Existem gatilhos que ainda não identifiquei que me remetem a fatos do passado, a memórias – felizmente – boas de acontecimentos marcantes ou não da minha vida.

 

Os momentos em que estou só, recolhido a meus pensamentos, como quando dirigindo pela cidade, por exemplo, são alguns dos momentos em que isso acontece, e fico entre fatos do presente, projetos de futuro mais ou menos distantes, e esses flashs do passado. Não deixo de muitas vezes pensar em onde imaginava estar em comparação a onde estou neste momento de vida.

 

Também tenho, por vezes, a sensação de que isso é um esforço para evitar o esquecimento, para que as histórias (algumas delas, ao menos) não se percam de minha memória e se apaguem para sempre. Saber de onde vim e o que vivi ajuda a entender quem sou e onde estou. 


Até. 

quarta-feira, agosto 27, 2025

A Tentação do Não Fazer

A importância do grupo.

 

Devido ao fato de eu ter viajado na quarta-feira da semana passada para participar como ouvinte de um congresso médico em Salvador, Bahia, e na véspera eu ter feito o jantar para a Marina (que estaria de aniversário no dia que eu viajaria), para a Jacque e para mim, acabei não participando do ensaio da banda de que faço parte na atual temporada da School of Rock Benjamin, que ocorre justamente nas terças-feiras à noite. Mais, com a viagem, evidentemente fiquei sem tocar o resto da semana.

 

Como a volta foi complicada, com a noite sem dormir no aeroporto, cheguei sábado à tarde “destruído” em casa, e - após almoçar rapidamente - fui dormir. Sono que não foi totalmente restaurador, pois acordei por volta das 18hs e ainda tinha a comemoração de aniversário da Marina, que reuniu alguns amigos em um karaokê, e eu estava junto, claro.

 

Até um certo momento, em que estava muito cansado e a Jacque sugeriu que eu fosse para casa descansar, sob a condição de mais tarde, o final da festa, eu as buscasse. Concordei prontamente, era certo que eu iria buscá-las, era só me ligar na hora. Voltei para casa, que não é longe do local onde estava ocorrendo a comemoração e decidir ficar no sofá, descansando até que elas me chamassem, mantendo o celular junto a mim para – no mínimo – senti-lo vibrar quando tocasse.

 

Cansado, deitei de lado e adormeci. Por volta da uma e quinze da manhã, acordei em um susto com as duas chegando em casa, após inúmeras ligações e tentativas infrutíferas de contato comigo para buscá-las...

 

Vergonha e culpa...

 

O domingo foi ainda lento e de recuperação, e – uma vez mais – não nem cheguei perto da guitarra ou de violão, que fosse. Parecia que tinha perdido minha conexão com a música, da mesma forma como quando ficamos alguns dias sem fazer atividade física: é fácil se acostumar a não fazer.


A segunda-feira foi de aula individual, e parecia que eu estava há meses longe. Ontem, dia de ensaio, passei boa parte do dia “com preguiça”, pensando em se eu não deveria arranjar alguma desculpa para não ir e poder ficar em casa, de bobeira.

 

Não fui adiante nessa intenção.

 

Fui para o ensaio, e foi MUITO bom. A sensação de que regredi após praticamente uma semana sem praticar, sem tocar, ainda permanecia, mais muito em muito menor intensidade. Estava de volta, senti.

 

Comentando com um colega de banda que também havia faltado na semana passada por questões de trabalho, ele disse que uma das vantagens do método, e de fazer parte do elenco de uma banda, entre outras, era esse compromisso que temos de evoluir juntos de preparar um material legal que vamos apresentar em breve em show. 

 

É verdade, e é um dos diferenciais que temos.


Até. 

terça-feira, agosto 26, 2025

Idiotas, Imperitos e Imprudentes

Iniciei o meu trajeto para o trabalho ouvindo música, como de costume. O repertório mais comum na maior parte dos dias é o que estamos preparando para o próximo show (em 01/11, detalhes em breve, Save The Date). Nesse caso, de hoje de manhã, e não é spoiler, era Black Sabbath.

 

Trânsito bem pior que nos dias normais de trânsito ruim. Motoristas como de hábito sendo imprudentes e imperitos em frente, tornando ainda pior a experiência de todos os dias de manhã. Mesmo com minha já anunciada disposição de não me irritar com questões que não me dizem respeito, começo a ficar incomodado com o que vejo. Paranoid tocando no som do carro, e eu mais irritado com o mundo (o trânsito) exterior.

 

Trocas de pista sem sinalização, conversões proibidas, direção imprudente, e Sabbath Bloody Sabbath é o que toca agora. Minha irritação aumenta. Tenho o que talvez seja uma epifania, ou uma injustiça: me pergunto se a música não está influenciando meu humor.

 

Troco de playlist.

 

Aumento o volume. O que toca agora é Frank Sinatra, ‘Cheek to Cheek’.

 

Heaven

I'm in heaven

And my heart beats so that I can hardly speak

And I seem to find that happiness I seek

When we're out together swinging cheek to cheek

 

Estou em um mundo paralelo, tudo acontece lá fora e aqui dentro, na paz do isolamento acústico, nada entra.

 

Mas não faz diferença.

 

Os idiotas, imperitos e imprudentes continuam a fazer das suas, e atrapalhar o trânsito. Minha irritação não tem a ver com qual música estou ouvindo. Era injustiça culpar o Black Sabbath pelo meu mau humor.

 

Estou precisando meditar. 


Ou não.


Até. 

segunda-feira, agosto 25, 2025

Confessionário

Uma confissão. Mais uma.

 

É evidente que esse espaço, que serve para eu muitas vezes pensar a (minha) vida, não substitui uma terapia, mas eventualmente ‘quebra o galho’ exatamente nessas reflexões que faço vez que outra. Verbalizar – escrever, no caso – serve para iniciar o processo de entendimento e – quem sabe – cura.

 

Tenho dificuldade em desapegar.

 

E não falo de objetos ou nada material. Quando confesso minha dificuldade em desapegar estou me referindo a pessoas, histórias e relacionamentos. Como se demorasse em demasia para entender que pessoas e situações passam, podem tornar-se obsoletas e sem sentido, e é assim mesmo, acontece com certa frequência na vida. Como se eu não aceitasse isso, que é fato corriqueiro. O que pode ter a ver com a importância que dou a pessoas e relações na minha vida.

 

Essa dificuldade em desapegar, deixar para lá, pode me levar a tentar manter ou reativar relações que já perderam seu timing, conexões que se perderam e não tem razão para serem retomadas. Um erro, sim, porque as pessoas mudam e a sintonia que porventura havia anteriormente pode não mais existir. Insistir em manter algo que não tem razão de ser traz apenas mágoa aos envolvidos. 

 

Gostaria de ser mais pragmático e seguir em frente sem olhar para trás quando ocorre esse tipo de situação (e não estou me referindo a ninguém e a nenhum fato em especial). Seguir em frente, tocar a vida.  

 

Demora um pouco, normalmente mais tempo do que eu gostaria, mas eventualmente acontece. Chega um momento que, sim, desapego.

 

E, com mais uma cicatriz que indica história vivida, sigo.

 

Até.

 

domingo, agosto 24, 2025

A Sopa

Outra vez os aeroportos.

 

Desde que deixei de ser um Viajante Frequente esse tipo de história deixou, por óbvio, de ocorrer frequentemente. Imaginei, então, que por estar em aeroportos apenas muito eventualmente, estaria menos exposto a histórias desse tipo, de situações e dificuldades que depois se tornarão engraçadas com o passar do tempo. Porque o destino dessas histórias é sempre acabar virando piada com o distanciamento temporal.

 

Estava enganado.

 

Essa semana que passou estive no Congresso Brasileiro de Asma, DPOC e Tabagismo, que ocorreu em Salvador, na Bahia. Viajei para lá na quarta-feira de manhã, em voo tranquilo pela Azul Linhas Aéreas. O congresso, que assisti na quinta e na sexta-feira, sempre é bom para encontrar colegas, assistir algumas apresentações realmente boas, e fazer network, como dizem.

 

Organizei minha viagem para ir, assistir ao congresso, e estar de volta em casa no sábado de manhã, para ter o final de semana todo em casa. Assim, quando escolhi e comprei minha passagem, optei pelo voo de volta saindo de Salvador às 2h50 de sábado, para estar em Porto Alegre por volta das 8h da manhã, com todo o final de semana pela frente.

 

Sexta-feira, após terminar as atividades científicas do dia, voltei ao hotel para descansar e organizar minhas coisas. Deixei agendado um Uber para sair às 0h30 de sábado, apesar dos conselhos de conhecido de não utilizar Uber na cidade por questões de segurança. Tomei banho e fui jantar com colegas.

 

Por volta das 22h, já estava de volta ao hotel, e ainda pude relaxar um pouco antes de ir para o aeroporto, pois a noite seria de sono entrecortado durante os trajetos Salvador até Viracopos e depois até Porto Alegre. Tudo muito bem organizado porque, assim, vocês sabem, sou alguém organizado e preparado.

 

Cheguei no aeroporto aproximadamente à 1h, com checkin já feito e assento marcado, e fui para a sala VIP para passar o tempo. No horário próximo ao embarque – que começava às 2h10 – fui para o portão. A estratégia – como de costume – é ser um dos primeiros da minha seção a embarcar para não correr o risco de não conseguir acomodar minha bagagem de mão e ser obrigado a despachá-la. Assim o fiz, ficando próximo ao local de embarque, que não começou no horário previsto.

 

Foi quando percebi que seria uma (ainda mais) longa noite.

 

Como a pista principal do aeroporto está em obras de manutenção, está sendo utilizada uma secundária, que é mais curta, entre meia noite e cinco e meia da manhã. Aconteceu que, devido ao vento na hora do pouso, a aeronave que nos levaria para Campinas circulou algumas vezes e acabou indo – por questões de combustível – para o aeroporto de Aracaju, ao norte. Atrasaria tudo.

 

Mais, TODAS as conexões associadas de passageiros do voo já estavam perdidas, e haveria realocação em outros voos da própria Azul ou de outras companhias. Foi quando começou a confusão no portão de embarque, com apenas dois funcionários da companhia aérea para resolver tudo e lidar com passageiros entre frustrados e indignados.

 

Assim que começou a se desenhar esse quadro, eu havia, discreta e educadamente, ido conversar com a funcionária de terra que ia ter de resolver isso e perguntado que opção eu poderia ter, já que viajava só e sem bagagem despachada. Ele olhou, viu que tinha um voo da GOL saindo às 5h30 e que poderia chegar em Porto Alegre às 10h25. Topei na hora e ela foi tentar me realocar para esse voo. Não conseguiu, infelizmente.


A atenção no local aumentou, e eu quieto, em pé, ao lado do balcão onde ela estava tentando realocar os passageiros para outros voos e lidando com as reclamações cada vez mais enfáticas de outros passageiros, todos com suas razões e frustrações. Em determinado momento, ela avisou que conseguiria nos colocar, um colega de Santa Maria e eu, em um voo que seria às 7h20 e chegaria em Porto Alegre às 12h45, mas que não comentássemos nada, porque todos os outros com destino a Porto Alegre teriam de embarcar em um voo direto às 14h50 (!). Concordei e continuei esperando ela ter o localizador da GOL.

 

Por volta das 5h, depois de mais de duas horas de atrasou, saí da área de embarque, fui até o setor de checkin da GOL, e confirmei o meu assento no voo que sairia (e saiu) às 7h20. Voltei para a sala VIP (segunda entrada), onde tomei café da manhã antes de embarcar.

 

Peguei no sono, após vinte e quatro horas acordado, antes do voo decolar. Quando percebi, estávamos pousando em Congonhas. Tudo certo até ali. Conexão mais ou menos curta, fui direto de um portão até o de embarque. Como havia comprado assento conforto, me posicionei como o primeiro a embarcar após as prioridades. Meu assento, o 3D. Tudo certo até ali.

 

Quando a última passageira das prioridades passou, ouvi o funcionário da GOL passando para ela o que entendi que era o assento 3D, o meu. Esperei para ver. Ao chegar na aeronave, vi que o assento dela com um filho pequeno e agitado (como toda criança pequena de seus 2 ou 3 aos, mais ou menos) estavam no meu lado. Tudo bem. Durante o embarque, o passageiro da janela na nossa fileira chegou com um cachorrinho em uma bolsa. 

 

Só que exatamente em frente ao assento dele, havia uma passageira também com um cachorro, e começaram a latir enlouquecidamente. Com o argumento de que éramos cinco da fila, três adultos, uma criança e um cachorro, a comissária trocou a mãe com a criança e o rapaz com o cachorro para outros assentos. Acabei ficando no assento do corredor, um assento vago no meio e um outro passageiro na janela.  Tudo estava pronto. Coloquei o fone de ouvido com isolamento de ruídos externos, coloquei um música tranquila, e relaxei. Foi providencial o isolamento de ruídos, porque os cachorros latiram em toda parte final de voo...

 

Agora era só chegar em casa e tentar me recuperar da noite em claro no aeroporto. E torcer para não precisar de aeroporto por alguns meses...


Até. 

sábado, agosto 23, 2025

sexta-feira, agosto 22, 2025

Quartos de Hotel

Estou em uma fase da vida em que gosto de ir a congressos, mas vinte e quatro horas depois de sair de casa já quero voltar. Após assistir algumas aulas, encontrar alguns colegas, estou pronto para voltar e poder dormir na minha cama.

 

Confesso que sofro para dormir em quartos de hotel.

 

Em geral, claro, pois existem exceções, e o principal motivo de meu desagrado são os travesseiros, normalmente volumosos e grandes, exatamente o oposto do que costumo usar em casa. Por isso, o habitual é eu levar – como recurso salvador – não o meu travesseiro junto, o que seria ideal, mas medicamento para induzir o sono. Funciona em diversas situações de viagem, para pegar no sono sem demora, sem dificuldades.

 

Quando viajava a trabalho para congressos internacionais, em diferentes fusos horários, o uso dessas medicações era providencial, porque – além do fuso horário – o dia longo de trabalho terminava com um jantar que às vezes se alongava, entre conversas e estórias, e o dia seguinte seria de despertar cedo para um novo longo dia. O risco sempre foi de me ‘acostumar’ com essas medicações, e me tornar dependente, mesmo que, sei lá, psicologicamente. Não aconteceu. 

 

Dessa vez, esqueci de trazer.

 

A primeira noite foi, por isso, um inferno. Travesseiros duros e altos, calor aliviado por um ar-condicionado que parecia um trem dentro do quarto. Diversos despertares, sonhos estranhos. Tempo total de sono reduzido, mas estranhamente um quantidade boa de sono profundo (via monitor de sono do relógio). 

 

 A segunda noite, como esperado, um pouco melhor. A próxima seria ainda mais tranquila, mas estarei em um avião voltando para casa. Sextou.

 

Ao menos isso.


Até. 

quinta-feira, agosto 21, 2025

Conversas de Uber

Estou em Salvador.

 

Viagem curta para Congresso. Cheguei ontem à tarde, volto sábado quase final de sexta, em um voo durante a madrugada para estar em casa no sábado de manhã, o que não tem preço. E ter o final de semana livre, o que é sempre muito bom.

 

Ontem, ao chegar, peguei um Uber do aeroporto para o hotel, em Rio Vermelho, mesma região onde havíamos ficado, a Jacque e eu, em um longínquo 2001. Vinte e quatro anos depois, certamente está tudo muito diferente, até porque não tem como lembrar de detalhes.

 

Durante o trajeto, o motorista do Uber foi conversando comigo e contando de sua vida. Funcionário aposentado da Petrobrás, onde trabalhava no financeiro, após alguns anos em casa, percebeu que iria “morrer” se continuasse em casa “sem fazer nada”. Tentou voltar ao mercado de trabalho, mas na sua idade já não era fácil conseguir recolocação profissional. Fazia Uber por dinheiro, sim, mas também para se manter ativo.

 

Concordei com ele, mas pensei que talvez ele não tivesse se preparado para aposentadoria, algo que é bem comum em gerações anteriores, principalmente para homens, cuja vida era de certa forma definida pelo trabalho. No momento em que o trabalho terminasse, a vida perderia o sentido. Não imagino que será assim comigo, mas não me vejo aposentado.

 

Vou sim, em um momento no futuro, reduzir muito minha atividade como médico, mas não acredito que vá parar, que eu vá – simbolicamente que seja – ficar em casa de pijama...

 

Falou ele também que não trabalhava à noite, porque Salvador era a capital mais violenta do Brasil. Recomendou cuidados.

 

Me cuido, me cuido.

 

Até.

quarta-feira, agosto 20, 2025

Minha Vida Canadense

Uma história de quando morei no Canadá, há vinte anos, e que estará incluída no livro que ainda vou escrever...

 

Sábado, noite.


Pronto para sair para jantar com amigos, tranco a porta de casa e chamo o elevador. Após alguns instantes de espera, a porta se abre e a luz do corredor ilumina o elevador escuro. Dentro dele, em meio à penumbra, uma loira alta, de possível origem europeia (mas não escandinava, italiana mais provavelmente) diz que “não tem luz, mas funciona, pode vir”. Eu vou, claro.

 

Certo, admito que não é a sueca seminua da lenda (que, segundo dizem, moraria comigo, mas não passa disso mesmo, lendafeliz ou infelizmente), mas é uma loira e estamos num elevador que, quando fechar a porta, vai ficar sem luz. Tranquilamente, isso pode virar uma crônica ou uma piada, penso. Ou uma história de terror…

 

Penso na piada. Entram mais dois “passageiros”, um homem e uma morena, cabelos longos e nariz aquilino (detalhe sem relevância para a piada). Os cinco no escuro, e alguém peida. Alto, fedorento. Não fui eu. Silêncio constrangido. Ele diz “como pode alguém peidar na frente da minha mulher?”. Penso, mas não digo, “Puxa, tem fila, então… como são organizados…”. Desisto da piada. Muito fraca.

 

História de terror, pois. Deve funcionar melhor. A porta do elevador fecha, o breu toma conta de tudo. Estamos só nós dois, e alguém peida. Não fui eu. Não, não, não está bom. De novo. O elevador fecha, há um silêncio constrangido, e de repente a loira grita. Um grito de pavor, de desespero. Sinto espirrar em mim um líquido quente. Sangue. A porta do elevador abre, e não é o hall de entrada do prédio. Há uma floresta de árvores altas. Ao fundo, um dinossauro. Ouço atrás de mim o “swisssssswisssssswisss” e sei o que isso significa: slitaks. Estamos no Elo Perdido (referência que apenas os mais velhos vão entender).


Volto à realidade.


Entro no elevador, a porta fecha e ficamos na mais completa escuridão. Dois andares estão marcados: o 18º e o 1º, para onde vou. Paramos no 18º, e pergunto se não é o seu andar. Diz que não, que já estava assim quando ela entrou no elevador. OK, então. A porta fecha mais uma vez, nós dois no escuro, e a luz do botão do 18º acende novamente. A loira diz na mesmo hora: “Você viu isso? Acendeu sozinha!”. Eu tinha visto, sim. Ela: “Deve ter um fantasma aqui com a gente…”. Silêncio. Chegamos no térreo.

 

Quem precisa inventar histórias quando elas estão aí, em qualquer lugar, esperando para serem contadas?


Até. 

terça-feira, agosto 19, 2025

As Time Goes By

Agosto está passando num ritmo alucinante.

 

Lembro, então, de quando o oitavo mês do ano, anterior a setembro, era um mês que não parecia ter fim, que se arrastava por dias frios, nublados e úmidos. Quando terminasse agosto, o resto do ano passaria voando, rumo ao verão, com seus dias longos, e praia e férias. 

 

Não mais, pelo visto, ao menos para mim.

 

Pisquei o olho e hoje é dia dezenove, véspera do vinte que é aniversário da Marina, o décimo sétimo, e no domingo da semana que vem, no último dia do mês, completo vinte e nove anos de casado. Vinte e nove anos! Que passaram assim, também, muito rapidamente, agora olhando para trás. 


Porque foi, e tem sido boa, a vida.


Até. 

segunda-feira, agosto 18, 2025

'Princípio de'

Notícia.

 

Vocês viram o caso daquela menina da tevê, aquela influencer, aquela famosa, que está mais ou menos grávida? 

 

Não?

 

Obviamente que não, porque isso não existe. Gestação, como todos sabemos é uma condição que só apresenta duas possibilidades: sim ou não. Não existe meio termo. Simples assim. Assim como eu nunca vou comentar sobre a possível gestação de alguém que não conheço, porque não me interessa.

 

Por outro lado, me interessam outras situações na vida em que, sim, as coisas são dicotômicas, um ou outro, sim ou não. Poderia utilizar mil exemplos, mas o que está ‘martelando’ desde ontem à noite é a situação do Luís Fernando Veríssimo, grande escritor e cronista, que está internado em um hospital de Porto Alegre por um ‘princípio de pneumonia’, inclusive agora em estado grave, em uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).

 

Não existe princípio de pneumonia, escrevi em e-mail (não resisti) para a jornalista (que admiro) que escreveu a notícia sobre o assunto. Ou é pneumonia, ou não é. Assim, como escrevi acima, não existe uma mulher meio grávida. 

 

Mais, poderia se usar o termo, em uma liberalidade quase excessiva, para designar um quadro leve, em que o paciente estivesse em bom estado geral, e fosse possível ser tratado de forma ambulatorial, em casa. Um paciente de mais de oitenta anos, com doenças associadas, dificilmente terá uma pneumonia que não preocupe e que não motive – ao menos – considerar internação hospitalar. Não existe princípio de pneumonia grave, porque não existe princípio de pneumonia. 

 

Não acho que seja apenas implicância semântica minha, apesar de eu ser, sim, implicante. Vejo como um serviço de esclarecimento ao público em geral...


Até. 

domingo, agosto 17, 2025

A Sopa

Um domingo que começa em silêncio.

Enquanto as meninas dormem, como normalmente ocorre aos finais de semana, acordei, já tomei café da manhã e agora – dessa vez sem chimarrão, que vou fazer em breve – sento em frente ao computador para preparar essa Sopa de todos os domingos. É quase um ritual esse momento de silencio e introspecção matinal.

 

Tenho, e na última semana de forma mais intensa, olhado para trás, para o que passou, parcela cada vez maior em minha vida em comparação com o tempo que resta, a areia escorrendo na ampulheta que é a vida, mas sem sabermos o quanto ainda há para cair, quanto tempo ainda temos antes que ela (a areia, a vida) termine. A noção da finitude traz algumas urgências.

 

Essa noção de que há um fim, e que estamos caminhando em passos mais ou menos largos em sua direção, não é como uma nuvem negra que paira sobre nós, ou uma lâmina que está o tempo todo ali, suspensa sobre nós, como uma guilhotina, para a qualquer momento terminar com tudo. Não, longe disso. A noção da finitude traz, ou deveria trazer, a necessidade de simplificarmos a vida, descartarmos o que não é importante e nos desprendermos de amarras que nos seguram, que nos limitam.

 

Não perder tempo e não depositar uma carga emocional maior que a necessária em mínimas incomodações da rotina. Não devemos ficar remoendo pequenos problemas, e nem ficar querendo sempre aquilo que não temos. O ideal de vida seria ficarmos sempre em sintonia com o que realmente importa, mesmo em meio às atribuições – algumas sem sentido – nossas dos dias.

 

Nem sempre conseguimos focar apenas no que é importante e abstrair as mesquinharias ao redor, mas é dever tentar.

 

Até.

sábado, agosto 16, 2025

Sábado (e um dia tranquilo)

School of Rock Benjamin POA


Quarta-feira de manhã estava bem tranquilo.
Mas, amanhã, domingo, vai estar bem movimentado no School Day.



Venha!

Bom sábado a todos.


Até

 

sexta-feira, agosto 15, 2025

Pesadelo

Em seu livro ‘Alucinações Musicais – Relatos Sobre Música e Cérebro’, de 2015, o neurologista e escritor Oliver Sacks conta, a partir de diversos casos clínicos de pacientes, o poder que a música tem sobre nós, humanos. Mais que isso, como diferentes doenças, causadas por traumatismos de crânio ou acidentes vasculares cerebrais, por exemplo, podem afetar gravemente as áreas de percepção e entendimento musical, entre outras alterações.

 

É um livro muito interessante e, para mim, de alguma forma, assustador. A partir da leitura dele, incluí entre as possibilidades de “coisas ruins que podem me acontecer” um fato não necessariamente, mas também potencialmente ligado à música.

 

A memória. Ou a perda da memória, para ser mais exato.

 

Há casos de pessoas que perdem a memória e, pior ainda, a capacidade de criação, de retenção de novas memórias. Como se estivessem sempre no presente, mas não tivessem passado, não tivessem suas conexões com o mundo. Tem um filme sobre isso, inclusive, ’50 First Dates’, com o Adam Sandler e a Drew Barrymore, que romantiza uma situação que pode ser perturbadora demais, para dizer o mínimo.

 

Tudo o que somos é a soma do que vivemos até aqui.

 

As referências, as pessoas, as histórias.

 

Esquecer – ainda mais em casos de não recuperação dessas lembranças – é como se apagasse a existência, como se nunca tivéssemos vivido.

 

Sim, é motivo de pesadelos.


Até. 

quinta-feira, agosto 14, 2025

Por Esses Dias, Correr

Ando sentimental, eu sei. 

E sei qual a razão, e você certamente já percebeu, caro leitor: a lembrança de uma data significativa em minha história pessoal, a marca de trinta e cinco anos do acidente de trânsito em que estive envolvido, em agosto de mil novecentos e noventa. Lembrar disso traz outras lembranças também, em uma espiral de memórias quase contínua. Episódios ocorridos e pessoas.

 

Ontem à noite, por exemplo, ao ir buscar a Marina em uma aula, comecei a ouvir no carro músicas da Legião Urbana, que há tempos não fazem parte do que ouço regularmente em termos de música, tanto como trabalho (e agora trabalho também com música) ou como lazer. E, talvez pela primeira vez, ouvir algumas delas teve o mesmo efeito de viagem no tempo que as músicas do Cazuza, em especial aquelas do disco ‘Ideologia’, causam em mim. A diferença, e esse efeito continuou hoje cedo, enquanto dirigia para o trabalho, é que é de um tempo diferente, a música me transporta para outro momento no tempo.

 

Lembro de quem eu era, ou pensava que era, e quem eu gostaria de me tornar. O quê eu buscava, quais eram minhas ambições em termos de vida. Ao mesmo tempo, em tempo real, quase continuamente, faço essa reflexão, olhando quem sou e onde estou hoje. 

 

O que o Marcelo de treze anos de idade diria para o Marcelo de cinquenta e três anos? E o que o Marcelo de oitenta dirá do Marcelo de hoje? 

 

Depois de muito ‘correr na roda’, aquela dos ratos na gaiola, que correm sem sair do lugar, sem chegar a lugar nenhum, agora tenho tempo (e talvez maturidade) para pensar o caminho, ter um propósito, um sentido que não seja apenas correr.

 

Até.

quarta-feira, agosto 13, 2025

O Tempo Está Passando Rápido

Há trinta e cinco anos.

 

Foi em 1990, madrugada de doze de agosto, um domingo que seria Dia dos Pais, em que estive envolvido como carona em um acidente de trânsito, e tive traumatismo craniano e fiquei em coma por treze dias na UTI do Hospital da PUCRS, em Porto Alegre. Eu tinha dezoito anos, era estudante do segundo ano de medicina da PUCRS, tinha aula no hospital onde fiquei internado e uma boa parte dos meus médicos na época hoje em dia é colega e até alguns posso chamar de amigos, de nos encontrarmos para um café ao menos três vezes por semana.

 

Assunto recorrente meu, o tempo me fascina.

 

Fascina e assusta, confesso.

 

Quando voltei para casa pela primeira vez desde que havia ido para o Canadá, apenas quatro meses após ter partido, período em que ficara lá, morando sozinho, e dedicado quase que exclusivamente ao meu trabalho e a terminar minha tese de doutorado, esse período inicial difícil por estar só primeira vez na vida, após alguns anos já de casado, e tive a sensação ao chegar de nunca ter saído, e me bateu talvez pela primeira vez: o tempo olhado em retrospectiva passa muito rápido.

 

Assim como se passaram trinta e cinco anos do acidente de 1990, já estou com cinquenta e três, idade que meus professores tinham quando do acontecido, me sinto jovem, e – como pensei alto ontem – me pergunto se os mais novos me veem como me vejo, e sei que isso não é importante, no final das contas. Tenho mais o que pensar e viver.

 

Não consigo evitar, contudo, de tempos em tempos em pensar que os tempo está passando rápido, que já percorri boa parte do meu caminho e não sei quanto tempo, quanta estrada tenho pela frente. De qualquer forma, me cuido e me preparo para uma longa jornada em frente.

 

Com as pessoas certas, sempre com as pessoas certas.


Até. 

terça-feira, agosto 12, 2025

Um Sonho e uma Referência

Tenho um sonho recorrente.

 

E é sobre a nossa antiga casa da praia, em Imbé, onde passei a quase totalidade dos verões de minha infância e adolescência, lugar onde vivi as histórias da Turma do Muro, referência ao muro da casa do Adriano, em frente à casa da Stefania, onde passávamos muito tempo reunidos, das tardes de sol às madrugadas, vindos de festas. Sonho com frequência que estamos de volta à casa, mas sei – durante o sonho – que a casa não é mais nossa e invariavelmente me pergunto por que razão estamos ali, onde não deveríamos estar.

 

Essa noite passada sonhei novamente com a casa, sabia que não deveríamos estar ali, e que a casa precisava de reformas, pintura e tratamento para cupins, e no sonho minha mãe explicava que podíamos estar ali (conhecia os donos que haviam nos emprestado a casa). Até meu pai apareceu no sonho, acordando após a siesta da tarde. Havia sol, e eu estava deitado na rede que ficava na área em frente à casa.

 

Acordei e, ao folhar o jornal enquanto tomava café da manhã, passei os olhos pelo obituário e vi que recentemente morreu um professor meu de literatura do segundo grau, e que foi paraninfo da nossa turma de Operador de Computador Diurno da Escoa Técnica de Comércio de 1988. Faleceu aos 88 anos, e percebi que ele, na época em que foi nosso professor, era mais novo que sou agora, e parecia bem mais velho do que acho que pareço agora. Ou será que as pessoas me veem como bem mais velho que acho que pareço?

 

Chegando ao consultório, lembrei que tenho amanhã cedo uma reunião virtual de trabalho, e – ao me dar conta de que amanhã é dia treze de agosto, e por obviedade hoje dia doze de agosto, não pude de deixar de lembrar que há trinta e cinco (!) anos foi o acidente de trânsito que me deixou treze dias na UTI...

 

Muitas referências, muitas histórias, muitas memórias. 


Até. 

segunda-feira, agosto 11, 2025

Ser (ou Voltar a Ser) Quem Se É

Alguém escreveu, não sei quando, que levamos muito tempo para nos tornar quem realmente somos. Para ser honesto, não tenho nem certeza de que foi isso o que foi escrito, mas é uma ideia geral, digamos assim. Talvez quisesse dizer que precisamos de tempo e maturidade para entendermos aquilo que nos motiva, ou a nossa essência, não sei.

 

Eu sou alguém que ganha livros de presente.

 

Ontem, Dia dos Pais, o almoço de família foi lá em casa, uma tradição que a Jacque e eu fazemos questão de manter. Fizemos, ela e eu, em conjunto, o almoço, para os pais, o dela e o da Marina, no caso, eu... Foi bom.

 

A minha Mãe estava lá junto, claro, e – ao chegar – me deu de presente pela data um livro, que coloquei na mesa de cabeceira para ser o próximo a ser lido, logo que termine o que estou lendo atualmente, que na verdade é uma releitura: ‘Os Sofrimentos do Jovem Werther’, lançado em 1774, dito o mais famoso romance da literatura alemã, escrito por J.W. Goethe, que li aos quatorze ou quinze anos. O próximo, então, será o que me foi presenteado.

 

Ao longo do dia, após todos terem ido para suas casas, ainda meio sonolento na tarde de sol que batia na janela do meu quarto, me dei conta: eu voltei a ser uma pessoa que ganha livros de presente, e isso diz muito sobre mim.

 

Passei o resto do dia satisfeito comigo mesmo...


Até. 

domingo, agosto 10, 2025

A Sopa

Coadjuvante da própria vida.

 

Tínhamos uma turma, na época da escola secundária, e sei como a expressão ‘escola secundária’ demonstra que isso foi no milênio passado, que – como todas as turmas adolescentes – viveu seus dramas internos, e esses dramas acabaram por afastar os envolvidos uns dos outros, o que também não é incomum. E, no processo, à época, muito se conversou e se debateu entre alguns de nós sobre o que havia causado. Nada demais, na verdade, coisa de adolescente.

 

O interessante é que – em meio ao que acontecia – uma colega que não estava diretamente envolvida, não fazia parte do grupo, se aproximou de nós e se envolveu na situação. Conversava com um, depois com outro, tornou-se confidente de outro ainda, enfim, tomou para si a “missão” de salvar grupo.

 

Não conseguiu, faz parte.

 

Lembro, nesse processo, de um dia estar conversando com ela enquanto ela fazia uma análise das coisas, citava fatos que ficara sabendo, até que – não lembro a situação exata – fiz um comentário ou pergunta que foi respondida com ‘se me perguntas isso, é porque és coadjuvante dessa história’. A conversa terminou nesse ponto. Como assim, eu era coadjuvante de uma história que era minha? Eu era coadjuvante da minha própria vida?

 

Bobagem, eu não era.

 

Hoje cedo, ao acordar, Dia dos Pais, lembrei dessa história e dessa expressão e percebi que – sim – algumas vezes somos coadjuvantes de histórias que são nossas. São situações e grupos com os quais convivemos em que não somos os personagens principais, não temos o protagonismo e está tudo bem, é assim que deveria ser. Nem sempre brilharemos, nem sempre seremos as estrelas principais e, de novo, está tudo bem, faz parte da dinâmica da vida, e isso não nos diminui.

 

Mesmo com o controle e o protagonismo que devemos ter sobre nossas próprias vidas, haverá situações em que naturalmente ficaremos mais atrás, olhando quem está no palco, brilhando, vivendo seu momento e aplaudiremos e ficaremos felizes por eles (filhos e amigos, por exemplo), pelo seu destaque.

 

Feliz Dia dos Pais.


Até. 

sábado, agosto 09, 2025

Sábado (e cuidado com a onda)

 

Peggy's Cove


           Olha a onda...

           Peggy's Cove, Nova Scotia.
           Canadá, Outubro de 2019.

           Bom sábado a todos.

           Até.

sexta-feira, agosto 08, 2025

Darwin e o Alarme do Celular

Apenas quem se adapta, sobrevive.

 

Esse um dos princípios, se não o principal, da teoria da evolução de Darwin. Seres que se adaptam ao ambiente, e às situações impostas a ele pelo meio são os que vão evoluir. E vale não apenas para a sobrevivência como um conceito geral.

 

Vale para a sobrevivência nos relacionamentos, assim como no mundo corporativo. Adaptabilidade, e flexibilidade, são algumas das ferramentas fundamentais para que possamos navegar pela vida. 

 

Até porque é ilusão (será que das novas gerações?) querer que o mundo se adapte aos seus desejos, suas vontades. Não somos (não devemos ser) crianças a vida toda. Melhor, devemos ser ensinados, desde cedo, que quase nada na vida não será exatamente do jeito que gostaríamos se não formos flexíveis, se não tivermos a capacidade de aceitar que nem tudo está sob nosso controle.

 

As coisa não saíram como o planejado?

 

Ao invés de ficar parado reclamando, lamentando, tome uma atitude e faça o melhor a partir da situação que se apresenta. É a melhor forma.

 

Como hoje cedo.

 

A Jacque está viajando para dar uma aula, e ficamos Marina e eu em casa. Normalmente elas colocam seus despertadores para alarmar às 6h30, e eu acordo por mim um pouco antes disso. Sem a Jacque em casa, mantive minha rotina. A Marina disse que colocou o alarme normalmente.

 

Acordamos às 7h...

 

Para sair às 7h30. Não despertou ou não ouvimos alarmar. Foi uma correria maluca, mas deu certo. Conseguimos, na correria, ajeitar tudo e sair no horário normal. Sem reclamações, sem resmungos.

 

Até deu tempo de chegar na Santa Casa e escrever esse texto.

 

Até.