quinta-feira, agosto 21, 2025

Conversas de Uber

Estou em Salvador.

 

Viagem curta para Congresso. Cheguei ontem à tarde, volto sábado quase final de sexta, em um voo durante a madrugada para estar em casa no sábado de manhã, o que não tem preço. E ter o final de semana livre, o que é sempre muito bom.

 

Ontem, ao chegar, peguei um Uber do aeroporto para o hotel, em Rio Vermelho, mesma região onde havíamos ficado, a Jacque e eu, em um longínquo 2001. Vinte e quatro anos depois, certamente está tudo muito diferente, até porque não tem como lembrar de detalhes.

 

Durante o trajeto, o motorista do Uber foi conversando comigo e contando de sua vida. Funcionário aposentado da Petrobrás, onde trabalhava no financeiro, após alguns anos em casa, percebeu que iria “morrer” se continuasse em casa “sem fazer nada”. Tentou voltar ao mercado de trabalho, mas na sua idade já não era fácil conseguir recolocação profissional. Fazia Uber por dinheiro, sim, mas também para se manter ativo.

 

Concordei com ele, mas pensei que talvez ele não tivesse se preparado para aposentadoria, algo que é bem comum em gerações anteriores, principalmente para homens, cuja vida era de certa forma definida pelo trabalho. No momento em que o trabalho terminasse, a vida perderia o sentido. Não imagino que será assim comigo, mas não me vejo aposentado.

 

Vou sim, em um momento no futuro, reduzir muito minha atividade como médico, mas não acredito que vá parar, que eu vá – simbolicamente que seja – ficar em casa de pijama...

 

Falou ele também que não trabalhava à noite, porque Salvador era a capital mais violenta do Brasil. Recomendou cuidados.

 

Me cuido, me cuido.

 

Até.