Em seu livro ‘Alucinações Musicais – Relatos Sobre Música e Cérebro’, de 2015, o neurologista e escritor Oliver Sacks conta, a partir de diversos casos clínicos de pacientes, o poder que a música tem sobre nós, humanos. Mais que isso, como diferentes doenças, causadas por traumatismos de crânio ou acidentes vasculares cerebrais, por exemplo, podem afetar gravemente as áreas de percepção e entendimento musical, entre outras alterações.
É um livro muito interessante e, para mim, de alguma forma, assustador. A partir da leitura dele, incluí entre as possibilidades de “coisas ruins que podem me acontecer” um fato não necessariamente, mas também potencialmente ligado à música.
A memória. Ou a perda da memória, para ser mais exato.
Há casos de pessoas que perdem a memória e, pior ainda, a capacidade de criação, de retenção de novas memórias. Como se estivessem sempre no presente, mas não tivessem passado, não tivessem suas conexões com o mundo. Tem um filme sobre isso, inclusive, ’50 First Dates’, com o Adam Sandler e a Drew Barrymore, que romantiza uma situação que pode ser perturbadora demais, para dizer o mínimo.
Tudo o que somos é a soma do que vivemos até aqui.
As referências, as pessoas, as histórias.
Esquecer – ainda mais em casos de não recuperação dessas lembranças – é como se apagasse a existência, como se nunca tivéssemos vivido.
Sim, é motivo de pesadelos.
Até.