Há trinta e cinco anos.
Foi em 1990, madrugada de doze de agosto, um domingo que seria Dia dos Pais, em que estive envolvido como carona em um acidente de trânsito, e tive traumatismo craniano e fiquei em coma por treze dias na UTI do Hospital da PUCRS, em Porto Alegre. Eu tinha dezoito anos, era estudante do segundo ano de medicina da PUCRS, tinha aula no hospital onde fiquei internado e uma boa parte dos meus médicos na época hoje em dia é colega e até alguns posso chamar de amigos, de nos encontrarmos para um café ao menos três vezes por semana.
Assunto recorrente meu, o tempo me fascina.
Fascina e assusta, confesso.
Quando voltei para casa pela primeira vez desde que havia ido para o Canadá, apenas quatro meses após ter partido, período em que ficara lá, morando sozinho, e dedicado quase que exclusivamente ao meu trabalho e a terminar minha tese de doutorado, esse período inicial difícil por estar só primeira vez na vida, após alguns anos já de casado, e tive a sensação ao chegar de nunca ter saído, e me bateu talvez pela primeira vez: o tempo olhado em retrospectiva passa muito rápido.
Assim como se passaram trinta e cinco anos do acidente de 1990, já estou com cinquenta e três, idade que meus professores tinham quando do acontecido, me sinto jovem, e – como pensei alto ontem – me pergunto se os mais novos me veem como me vejo, e sei que isso não é importante, no final das contas. Tenho mais o que pensar e viver.
Não consigo evitar, contudo, de tempos em tempos em pensar que os tempo está passando rápido, que já percorri boa parte do meu caminho e não sei quanto tempo, quanta estrada tenho pela frente. De qualquer forma, me cuido e me preparo para uma longa jornada em frente.
Com as pessoas certas, sempre com as pessoas certas.
Até.