Esqueçamos por um momento os sites inúteis e as informações equivocadas.
A internet propicia a “democratização” do acesso à informação, isso é claro e certo. Conectados à rede mundial de computadores, temos – à distância de um clic – possibilidades quase infinita de pesquisa sobre todo e qualquer assunto que se queira ou pelo qual estejamos interessados. É como ter a Biblioteca de Alexandria em casa. Ter uma biblioteca com infinitos livros dentro de casa, quem não queria ter?
Diferente do que se poderia imaginar (eu pelo menos imaginava), MUITA gente não gostaria de ter uma imensa biblioteca em casa. E não me refiro aqui a problemas de espaço, da possibilidades de os livros ocuparem todos os espaços disponíveis, etc. Não. Eu estou querendo falar daqueles que não gostam de livros. Que tem preguiça de ler, de procurar algo num livro.
É como se diz: o verdadeiro analfabeto é aquele que sabe ler mas não lê.
Mas o assunto não eram os livros nem a leitura: era a internet.
E pensar que, com a possibilidade de acessar o mundo a partir da própria casa, tem gente que não o faz. Por preguiça, desinteresse ou porque acham mais fácil perguntar e esperar tudo de mão beijada.
Perde a graça.
Com viagens, por exemplo.
Viajar é muito bom, óbvio, todos sabem. O que nem todos sabem (ou porque nunca pararam para pensar, ou porque não se interessam) é que o ato de viajar é composto de três partes, bem distintas e de igual importância: o antes (preparação, planejamento, antecipação), o durante (a viagem em si) e o depois (a volta, as fotos, as histórias, a memória). Repito: todas partes de importância semelhante (por mais que muitos discordem disso).
Ao preparar a viagem (seja lá para onde for), já começamos a viajar. Pesquisar locais para se visitar, características do lugar, burocracias, transportes para e a partir do lugar, é parte do prazer antecipatório, do pré-viagem. Por isso tenho restrições a fazer excursões de roteiro pronto. Porque queima-se essa etapa, que é muito divertida. E que tornou-se muito mais simples e mais intensa com a internet.
Não posso entender, então, como alguém pode entrar num site de viagem dizendo que pretende viajar para determinado lugar sem saber nada do local que quer conhecer. Ou seja, se deu ao trabalho de entrar no site (tem acesso à internet, sabe o que é um site, provavelmente conhece o Google – todo mundo conhece o google) mas não fez nenhuma pesquisa antes!
Foi o que descobri – estupefato – ao visitar um desse sites de viagem e, nele, um fórum sobre viagens para América do Norte. Sem citar nomes nem a fonte do que vou relatar aqui, eis exemplos de dúvidas que não deveriam existir porque a informação está disponível a todos na rede mundial de computadores. Ou – pior – de pessoas que acordaram num dia de manhã e resolveram “sair do Brasil e ir trabalhar nos Estados Unidos ou Canadá. Atenção: foi tudo "copiado e colado" exatamente da forma original (português, acentuação e pontuação).
”Bom dia olha amigo quero ir para Atlanta EUA como faço que documento q preciso, quais os procedimento, por onde começo, tenho ter q capital. espero respostas muito obrigado”
”olá, estou em busca de esclarecimentos pois quero ir para o Canadá para trabalhar, mas estou achando dificuldade para tirar o visto. o que faço? sou músico, isso facilita?”
”Estou querendo ir embora do Brasil e ir morar nos EUA. como faço para tentar um visto, quanto custa e quais documentos são necessários? e quando for pedir meu visto posso pedir de estudante, sendo q pretendo fazer um pós-graduação lá, mais se eu for como estudante posso trabalhar? E se eu pedir de estudante e chegar lá não quiser estudar e quiser apenas trabalhar, posso fazer isso? só que não falo nada em inglês, será possível conseguir um visto?”
”Quero saber como que eu faço pra tirar o passaporte pra ir pro Canadá , quanto fica pra tirar o visto, como é o país. Bom dia muito obrigado.
”Ola! Sou Brasileira de coração! Mas quero sumir daqui. Destino? Canadá. Alguém poderia indicar uma maneira bacana e rápida? Abraço.
”Quero ir para o EUA. Podem me passar dicas para conseguir o visto.”
”Quero ir para o USA e estou querendo tirar o visto, estou cursando o ultimo ano de ed.fisica e quero trancar para ir trabalhar e sou dependente do meu pai, seria melhor tirar o visto para disney e de la sigo o meu destino?”
”Conheci uma pessoa que mora no Texas, só não me lembro a cidade. Como faço para conseguir morar lá. Ou se eu fizesse um pacote de viagens seria mais fácil chegar lá. Me respondam essa pergunta por favor.”
”Gostaria de saber a forma mais econômica e rápida para tirar um visto para o Canadá? ah, tenho uma amiga q mora lá... até breve.”
”Gostaria de saber como faço para conseguir o trajeto de carro de uma cidade dos Estados Unidos chamada Ossining até Minas Gerais. Gostaria de um trajeto que incluísse área para descanso, telefones, etc... desde já agradeço.”
”I ae firmeza! Eu to querendo saber se para ir para os EUA com o visto de turista eu preciso saber inglês, e se prejudica a minha ida se eu naum saber? Valeu!”
Vou parar por aqui, mas poderia colocar muito mais. Parece a publicação daquelas respostas engraçadas (pra dizer o mínimo) de vestibular.
Minha dica: pesquise. Dúvidas vão surgir e que a internet não vai conseguir resolver. Aí pergunte para alguém que saiba, mesmo nestes fóruns virtuais. Ou para quem mora no país que vais visitar. Só evite de passar vergonha perguntando coisas que o Google pode te responder em 0.20 segundos.
Um comentário:
É uma coisa... O povo tem preguica de fazer as pesquisas mais simples.
Eu penso que a Internet, pelo menos no Brasil, ainda é um luxo de poucos, comparada a populacao total. E tem gente que nao merece o acesso a Internet que tem.
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