sábado, março 12, 2005

Sábado (ilex paraguariensis)

Hoje eu acordei mais cedo,
tomei sozinho o chimarrão
Procurei a noite na memória,
procurei em vão

Hoje eu acordei mais leve,
nem li o jornal
Tudo deve estar suspenso,
nada deve pesar

Já vivi tanta coisa, tenho tantas a viver
Tô no meio da estrada e nenhuma derrota vai me vencer

Hoje eu acordei livre: não devo nada a ninguém
Não há nada que me prenda

Ainda era noite
esperei o dia amanhecer
Como quem aquece a água,
sem deixar ferver

Hoje eu acordei,
agora eu sei
viver no escuro
Até que a chama se acenda

Verde, quente, erva, ventre, dentro, entranhas
Mate amargo, noite adentro, estrada estranha

Nunca me deram mole, não (melhor assim)
Não sou a fim de pactuar (sai pra lá)
Se pensam que tenho as mãos vazias e frias (melhor assim)
Se pensam que as minhas mãos estão presas (surpresa)

Mãos e coração, livres e quentes: chimarrão e leveza
Mãos e coração, livres e quentes: chimarrão e leveza

... ilex paraguariensis...
... ilex paraguariensis...

(humberto gessinger)

Nenhum comentário: