segunda-feira, março 14, 2005

Sabedoria de Colégio

Pena que, com o passar dos anos, perdemos a sabedoria do colégio.

Lembrei disso ao ler as notícias sobre a falência da JetsGo. Caso você, estimado leitor, não saiba da história da JetsGo, vou atualizá-lo. Ela era a terceira maior companhia aérea do Canadá, com sede em Quebec. Na noite de quinta para sexta-feira da semana passada, ela simplesmente fechou.

Era uma daquelas companhias aéreas de “baixo custo”, cujo valor das passagens é extremamente baixo, alegadamente por não fornecerem “frescuras”, como refeições, etc. Algo como a Gol no Brasil (se bem que a Gol não tem passagens tão baratas assim). Pois é, acontece que os valores eram tão baixo que, além de existirem dúvidas com o zelo com a segurança, ela vinha operando sistematicamente no prejuízo.

Até aí, tudo dentro do mercado. Se uma empresa tem prejuízos recorrentes, mais cedo ou mais tarde irá falir. Todo mundo sabe. E entende, até.

O problema, no caso específico, é que ela fechou justamente no dia que iniciava o March Break, período de férias das escolas e quando todos que podem saem daqui, em direção ao calor do Caribe e da Flórida ou da neve das estações de esqui. Milhares de pessoas descobriram o que tinha acontecido ao chegar no aeroporto para embarcar e seus vôos estarem cancelados e não haver funcionários da empresa para dar explicações.

Imagine só o caos que foi. Crianças certas que iriam para a Disney vendo seus planos frustrados, pessoas gastando muitos mil dólares para conseguir embarcar, etc.

Ainda repercute o fato por aqui. E detalhes do ocorrido vão aparecendo. Como o fato de desde o início da semana executivos da empresa já saberem o que ia acontecer. E aí vem o pior: mesmo sabendo que a empresa ia fechar, continuaram aceitando reservas e vendendo passagens até minutos antes de desligarem tudo e fecharem a empresa. Li num dos jornais que teve gente que comprou passagem num momento e no seguinte o site saiu do ar.

Não sei se tinha outra forma de fazer, mas é mesmo uma filhadaputice das brabas o que fizeram. Pois é, e aí lembro da sabedoria dos tempos de colégio.

Lembram de quando estavam no colégio?

Desavenças, problemas de relacionamento, toda e qualquer altercação era resolvida de forma simples: na saída. Incomodou, perturbou, mexeu com as meninas da tua turma? Pega na saída. Depois de umas bolachas, tudo ficava melhor, mais claro.

O problema de crescer é que reprimimos estes impulsos. Daí o modo de ganhar a vida de muitos advogados. Se tudo se resolvesse na saída, ninguém processaria ninguém…

Era o que tinha que fazer com o dono da empresa que fez isso: dar um pau nele. ATENÇÃO! Não estou sugerindo linchamento, de maneira nenhuma. Sou radicalmente contra esse tipo de coisa, sempre.

Mas que a idéia de pegar na saída é uma boa, isso é…

:-)

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