Uma situação indesejada, mas uma oportunidade literária.
Tudo começou no ano passado, quando estava me preparando para ir para Toronto. Entre as exigências burocráticas da Universidade (diferentes das do governo canadense e do College of Physicians and Surgeons of Ontario) estavam alguns exames médicos e declarações de vacina, varicela, caxumba, tétano, sarampo e tuberculose.
Quanto à tuberculose, era feita a solicitação da Reação de Mantoux (ou Teste Tuberculínico). É uma reação imune cutânea, ou seja, injeta-se no subcutâneo da pessoa uma solução com proteínas do bacilo e se a pessoa já foi exposta ao bacilo, há uma reação de pele que forma um "enduração", que é medida e este é o resultado. Este teste indica se a pessoa teve contato com o bacilo da tuberculose. Bem claro, não é diagnóstico de doença, apenas indica contato. Como eu trabalhava há três anos atendendo pacientes com tuberculose, eu tinha certeza que o meu teste daria forte reator (uma enduração maior que 9mm). Sendo positivo, faria um RX de tórax que se fosse normal, tudo ficaria tranqüilo. Estava tão certo disso que até fiz o RX antes, me antecipando ao resultado positivo.
Só que o teste deu negativo, provavelmente por problemas na aplicação. Até aí, tudo bem. O problema é que eu teria que repetir o teste todo ano, e - se fosse positivo - seria um problema. Mas não porque eu teria tuberculose ou outra doença contagiosa, mas porque eu seria um "conversor recente" indicando que eu tive contato com o bacilo nos últimos doze meses, o que aumentaria a minha chance de desenvolver uma forma de tuberculose num futuro não muito distante. E estaria criada a indicação de fazer quimioprofilaxia: fazer prevenção com medicamentos. Seis meses tomando Isoniazida 300mg/dia. Este é o mesmo tempo de tratamento da tuberculose, seis meses, mas eu tomaria apenas uma medicação e não as três do tratamento.
No início de março, recebi a carta da Univesidade solicitando o exame. Como viria ao Brasil, decidi fazer aqui, no mesmo lugar, mas sabendo que se fosse bem aplicado eu acabaria tomando medicação por seis meses para prevenir uma possível tuberculose no futuro. Fiz o exame. O resultado? Dúvidas?
Positivo, claro. Ao ver o resultado, fui diretamente ao Centro de Saúde Modelo, em Porto Alegre, no setor de tuberculose, e conversei com um colega e ex-professor meu apenas para ouvir ele me dizer o que eu já sabia: eu tinha indicação de tomar medicação preventiva. Por seis meses, três comprimidos ao dia, quinhentos e quarenta comprimidos ao todo. Saí de lá com uma caixa de remédios e a brincadeira: eu sou tísico.
Levei na boa, afinal tomar medicação por seis meses não é o fim do mundo e - afinal -não estou doente, é apenas profilaxia. De qualquer jeito, a brincadeira pegou: Marcelo, tísico.
Mas quem se deu conta do potencial literário da história foi o seu Alfredo, meu sogro: "tísico", eu estou com o 'Mal do Século'. Século dezenove. Assim como Álvares de Azevedo, Casemiro de Abreu e Castro Alves.
Vou fazer poesia e já volto...
5 comentários:
Oi, Marcelo!
Passei aqui pra lhe desejar uma ótima semana!!
Já está de volta a Toronto?!
Bjoca
Luly :)
Oi Marcelo,
Não nos conhecemos, mas tenho sempre lido os bloggs do pessoal aí do Canadá(são ótimos). Se não puder tudo bem, mas se puder, será que vc podia nos dar algumas informações? É que meu esposo é enfermeiro e tá querendo fazer um mestrado aí no Canadá. Estamos procurando bolsas, e informações para chegar até aí. Pensei em perguntar a você já que está na área de saúde tb.
Desculpe a longa mensagem e obrigada!!
Ah! Nosso e-mail é livguedes@yahoo.com.br
Hahaha Coitado, tem que ser tratado so por ter tido contato!
Meu blog mudou, Marcelo, agora e http://blogandocomaninha.blogspot.com
Beijao!
É TETRACAMPEÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOO!!!!
Viva o Colorado dos Pampas!
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