Eu sempre enxerguei muito bem. Tinha o que – humildemente – eu chamava de ‘olhos de lince’. Quando eu atingi vinte e quatro anos, muito mais por genética do que por idade, descobri por acaso que tinha perdido uma parte desta visão. Míope, pensarão vocês, com razão. No momento em que coloquei os óculos, voltei a ver o mundo com todos os seus detalhes e cores. Não tirei mais os óculos. Não admito não ver o mundo como ele é.
Esta é a mesma relação que sempre tive com as drogas ilícitas. Partindo do princípio que todas elas embotam a percepção que se tem do mundo ao redor, não posso usá-las. Com o álcool é mais ou menos assim, também. Nunca bebi a ponto de esquecer ou não saber o que estava fazendo. Mesmo quando, após uns uísques a mais, anunciei a todos que eu ia me casar com a Jacque, eu sabia o que estava fazendo, porque já estávamos iniciando a reforma do nosso apartamento e já procurávamos um local para a festa.
Voltando à percepção do mundo e às drogas, não posso aceitar o uso de qualquer substância para “viajar”. A grande viagem é viver de cara, ser ‘louco de cara’. Os melhores carnavais que passei foram quando eu não podia consumir álcool por razões médicas e me divertia fazendo e dizendo o que eu quisesse, totalmente lúcido. Viver, por si só, é uma grande loucura, se tivermos a “mente aberta, a espinha ereta, e o coração tranqüilo”.
E, para não terminar mais um texto sem um chavão, Fernando Pessoa: “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”.
Até.
2 comentários:
Tô com vc, sou mesmo careta , se é que posso usar esse termo. Pois perante aos que usam, eu sou careta. Nada como uma boa coca-cola e lúcida sempre. Drogas tô fora !
Há uns anos atrás, até perdia um pouco a noção de quanto bebia, qdo via já tava "pra lá de Bagdá", claro que não frequentemente!!! De vez em quando.
Hoje já sei o meu limite... e tb acho que é bem mais legal saber o que se está fazendo... ;o)
Bjocas
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