Disciplina.
Um dos grandes pré-requisitos para uma mudança de hábito é a consistência, a disciplina. Até um comportamento se tornar natural, automático, ele precisa de esforço para sua manutenção. Para algumas situações, é como digo para meus pacientes que estão em tratamento para abandono do tabagismo: é que nem lutar boxe, não pode baixar a guarda.
E não é fácil, tanto parar de fumar (minha experiência de quase trinta anos tratando esses pacientes diz isso) quanto mudar ou adquirir um novo hábito. Incluir na rotina, tornar, como eu disse, natural, parte da vida. Nunca, ou praticamente nunca, é fácil.
A atividade física entra nessa categoria, e falo por mim.
Voltar a incluir na rotina a atividade física é desafiador, em meio ao mundo de atribuições e compromissos e reuniões. Durante o tempo de estudante, e especialmente nos verões na praia, eu tinha uma rotina intensa de atividades físicas que se perdeu quando comecei a vida como médico, com plantões, trabalho em diferentes cidades e pouco tempo livre. Entendi, à época, como natural, como parte do momento de vida.
Quando me aproximei dos quarenta anos, estabeleci como limite essa data para voltar a praticar exercícios regulares ou então me largar e esperar a morte por infarto chegar... Consegui retomar por um período, até fazer lesão no menisco correndo na esteira, ter que operar, retornar e lesionar o outro menisco correndo na esteira de novo. Houve, então, um outro hiato interrompido por períodos em que conseguia praticar, até que entrei no mundo corporativo. Não consegui manter, e engordei e fiquei estressado, numa história que já contei.
Há cinco anos e meio, ao sair do mundo corporativo, retomei a atividade física e – desde então – tenho feito com regularidade, constância, disciplina, exceto nos períodos em que não o fiz por questões físicas (a hérnia de disco cervical, depois a lombar operada e então o braço quebrado numa queda de bicicleta operado, as duas últimas no período de sete meses no ano passado). Esse ano, por questões de trabalho, me desorganizei e passei um período indo irregularmente à academia, mas já consegui retomar, felizmente.
Mas não era disso que queria falar, admito.
Estou em um novo processo que requer esforço e atenção, ao menos no início, antes de virar hábito: me desconectar um pouco de redes sociais e do celular. Não abandonar, me isolar, virar um ermitão, evidentemente. Apenas “tirar um pouco o pé”, não deixar ter a maior parte do meu tempo roubado pelas telas, o que vinha acontecendo.
Devagar, um dia após o outro. Assim como com pessoas tóxicas, que estou tentando evitar.
Até.