quarta-feira, julho 31, 2024

Detox (2)

Disciplina.

 

Um dos grandes pré-requisitos para uma mudança de hábito é a consistência, a disciplina. Até um comportamento se tornar natural, automático, ele precisa de esforço para sua manutenção. Para algumas situações, é como digo para meus pacientes que estão em tratamento para abandono do tabagismo: é que nem lutar boxe, não pode baixar a guarda.

 

E não é fácil, tanto parar de fumar (minha experiência de quase trinta anos tratando esses pacientes diz isso) quanto mudar ou adquirir um novo hábito. Incluir na rotina, tornar, como eu disse, natural, parte da vida. Nunca, ou praticamente nunca, é fácil.

 

A atividade física entra nessa categoria, e falo por mim.

 

Voltar a incluir na rotina a atividade física é desafiador, em meio ao mundo de atribuições e compromissos e reuniões. Durante o tempo de estudante, e especialmente nos verões na praia, eu tinha uma rotina intensa de atividades físicas que se perdeu quando comecei a vida como médico, com plantões, trabalho em diferentes cidades e pouco tempo livre. Entendi, à época, como natural, como parte do momento de vida.

 

Quando me aproximei dos quarenta anos, estabeleci como limite essa data para voltar a praticar exercícios regulares ou então me largar e esperar a morte por infarto chegar... Consegui retomar por um período, até fazer lesão no menisco correndo na esteira, ter que operar, retornar e lesionar o outro menisco correndo na esteira de novo. Houve, então, um outro hiato interrompido por períodos em que conseguia praticar, até que entrei no mundo corporativo. Não consegui manter, e engordei e fiquei estressado, numa história que já contei.

 

Há cinco anos e meio, ao sair do mundo corporativo, retomei a atividade física e – desde então – tenho feito com regularidade, constância, disciplina, exceto nos períodos em que não o fiz por questões físicas (a hérnia de disco cervical, depois a lombar operada e então o braço quebrado numa queda de bicicleta operado, as duas últimas no período de sete meses no ano passado). Esse ano, por questões de trabalho, me desorganizei e passei um período indo irregularmente à academia, mas já consegui retomar, felizmente. 

 

Mas não era disso que queria falar, admito.

 

Estou em um novo processo que requer esforço e atenção, ao menos no início, antes de virar hábito: me desconectar um pouco de redes sociais e do celular. Não abandonar, me isolar, virar um ermitão, evidentemente. Apenas “tirar um pouco o pé”, não deixar ter a maior parte do meu tempo roubado pelas telas, o que vinha acontecendo.

 

Devagar, um dia após o outro. Assim como com pessoas tóxicas, que estou tentando evitar.


Até. 

terça-feira, julho 30, 2024

Detox

Estou feliz comigo mesmo.

 

Digo isso assim, dessa forma direta e serena, porque é fruto de reflexão, de análise, de tempo. Levou tempo para isso, para chegar a esse estágio em que me encontro, mas também para chegar a essa conclusão. Tenho tentado diminuir o ritmo.

 

Não falo, porém, com o sentido de fazer menos do que faço (até porque estou fazendo mais), mas por ser um momento em que penso no que estou fazendo e – mesmo com uns deslizes eventuais – tenho conseguido selecionar aquilo que eu quero ou realmente preciso fazer. É aquela conversa de aprender a dizer não mais vezes.

 

Além disso, as mudanças que tenho tentado imprimir em minha rotina estão sendo feitas de forma gradual, lentas, um pouco e um dia de cada vez, até porque não é possível mudar a vida abruptamente sem algum tipo de ruptura. E não estou afeito a rupturas no momento. Como sempre disse, são as pequenas decisões de todos os dias aquilo que muda o mundo e a vida.

 

Sigo com o objetivo de uma vida e uma mente mais tranquilas, mesmo com uma agenda cheia e muitas coisas a fazer, mas que tenham sentido para mim. Talvez seja isso mesmo.

 

Estou andando para fazer apenas o que faz sentido.

 

É uma ideia.

 

Até.

segunda-feira, julho 29, 2024

Aconteceu Comigo

Não é uma situação nova, mas nunca tinha acontecido comigo.

 

Sábado à noite, por voltas das 23h30, estava saindo de casa, ainda na garagem, quando notei que estava sem minha carteira. Como já estava em direção à saída, parei o carro, retornei até minha vaga e desci do carro para voltar em casa para pegá-la. Após poucos passos, retornei ao carro: estava com o celular, que contém minha habilitação digital e o documento do carro. Saí de casa.

 

Estava, àquela hora, indo buscar a Marina que havia ido jantar na casa de um amigo, ela e a Anita, amiga e parceira de intercâmbio Londres, há 1 ano. É um roteiro de pouco mais de quinze minutos, principalmente num sábado à noite. Cheguei lá e já estava me esperando para voltarmos para casa, em um caminho quase em linha reta.

 

Avenidas Plinio de Brasil Milano, Vinte e Quatro de Outubro, Ramiro Barcelos, Gonçalo de Carvalho e André Puente. Simples assim, rápido. Seguíamos tranquilos para casa quando, já próximos de nosso destino, na Vinte e Quatro bem em frente aos Jardins do DMAE, o trânsito ficou lento enquanto o Waze me avisava sobre polícia.

 

Uma blitz. Balada Segura.

 

Ao nos aproximarmos, já em um “brete” demarcado por cavaletes, acendi as luzes internas do carro para que vissem quem estava dentro com carro. Recebi o sinal para encostar o carro. Havia sido escolhido.

 

Como eu disse, apesar de já ter encontrado diversas blitzes ao longo dos anos, eu nunca havia sido parado, nem mesmo quando estava - talvez imprudentemente – dirigindo com uma tala gessada por ter quebrado o braço. Era minha primeira vez.

 

Estacionei o carro obliquamente, baixei o vidro e esperei o azulzinho chegar. Peguei o celular para acessar minha habilitação digital. Tive que pedir para atualizar o aplicativo. Assim que ele chegou, após o ‘Boa Noite’ protocolar, perguntou o meu CPF e seu havia bebido. 

 

Não, não havia bebido.

 

Perguntou se eu me importava em soprar no bafômetro.

 

Não, não me importava.

 

Diferente do que eu imaginava, não era como soprar em um canudo. Ele apenas aproximou o aparelho e, após me orientar a encher o peito de ar, apenas soprei em direção ao bafômetro, que registrou apenas um APROVADO em verde. Agradeceu a mim e me liberou. Tudo rápido e simples.

 

Passei em meu primeiro teste...

 

Reafirmou minha convicção surgida desde a implementação da Lei Seca no trânsito: eu NUNCA consumo álcool e dirijo, principalmente à noite. 

 

Não vale o risco.

 

Até.

 

domingo, julho 28, 2024

A Sopa

Caminhava eu pelo parque ontem a caminho da academia onde há cinco anos consecutivos faço atividade física, em minha nova rotina de sábado pela manhã enquanto não volto a pedalar, enquanto ouvia música em meus fones de ouvido. Depois de ouvir aquelas que são de trabalho, ou seja, que estou estudando, coloquei para ouvir umaplaylist chamada ‘Quarentena’, que montei logo no começo da pandemia, ainda em 2020.

 

Foi, no mínimo, interessante.

 

A primeira, ou segunda música da lista de músicas que selecionei para aquele período, que podemos chamar de temática (mas também de premonitória) foi uma do Raul Seixas, ‘O Dia em que a Terra Parou’, mas que também é nome de um filme de 1951 dirigido por Robert Wise (The Day the Earth Stood Still). O filme, ficção científica, é sobre um alienígena que visita a Terra, é um tipo de apelo ao mundo pela paz e foi refilmado / reeditado em 2009, com o Keanu Reeves no papel principal. 

 

Enquanto caminhava como exercício para depois continuar minha atividade física na academia, lembrava desse tempo de pandemia, na loucura que foi tudo aquilo nas perdas que tivemos causados pelo distanciamento, pela falta de encontros presenciais, pelos churrascos não realizados, pela ausência de proximidade física daquele período, e de como tudo isso é importante. Ato contínuo, passei a pensar – mais uma vez e como sempre – na passagem do tempo e de como mudei (mudamos) nos anos que passaram. Foram quatro anos e meio intensos, desde que a pandemia começou, lá em março de 2020. A vida mudou muito, para o bem e para o mal, como sempre foi e sempre será.

 

Mais um momento em que ouvia uma ‘música transportadora’, aquelas que têm a capacidade de nos transportar no tempo, de nos fazer voltar às sensações de quando essa música ganhou um determinado significado para nós e por isso tornou-se marcante. 

 

Estou (estamos) cheio(s) delas.


Até. 

sábado, julho 27, 2024

Sábado (e as saudades)

09/05/1941 - 26/07/2022
 


        Saudades, Pai.

        Um bom sábado a todos.

        Até.

sexta-feira, julho 26, 2024

Dois Anos

Passou o tempo.


Hoje, vinte e seis de julho de dois mil e vinte a quatro, completa-se o segundo aniversário de morte do meu pai. Era terça-feira, estávamos saindo de um velório quando recebemos a ligação do hospital comunicando o desfecho já esperado há alguns dias. Era agora oficial o que já sabíamos que iria acontecer a qualquer momento.

 

Ficou internado por treze dias antes de morrer, e seu último momento de lucidez foi quando o comuniquei que havia melhorado e que estava em condições de sair da UTI – onde estivera até entubado uns dias antes - e ir para um quarto de enfermaria, e me disse que “era hora de levantar acampamento”. Foi premonitório?

 

‘Levantar acampamento’ poderia simplesmente significar sair de UTI e ir para o quarto, para seguir o tratamento, mas também ser uma despedida, dizendo que estava finalmente na hora de descansar, de parar de sofrer, de não ter mais limitações e nem dores, não depender de ajuda para as menores atividades. De não ser mais independente e dono de si como fora em toda sua vida, e que – por mais que tenha aceitado externamente as limitações - nunca mais havia sido o mesmo. 

 

‘É fácil comandar homens livres, basta mostrar o caminho do dever’ era um de seus mantras, repetido incontáveis vezes ao longo de sua vida, mas sabemos que, nos últimos anos, ele era tudo, menos livre. As limitações que dificultaram sua mobilidade, a audição que foi diminuindo e que se recusava a usar aparelho para auxiliá-lo, foram tornando-o progressivamente dependente. Aquele pai que sempre fora a (minha) referência já não estava lá, infelizmente. 

 

É da vida, eu sabia, nós sabíamos.

 

A vida continuou, como sempre continua e continuará, independente de nossas situações, por maiores e mais graves que sejam. Aprendemos a viver sem sua figura protetora por perto, sem a quem recorrer quando precisasse, quando tivesse dúvidas sobre as coisas. Ainda bem que ele e minha mãe me prepararam para a vida, sempre digo.

 

Quarta-feira que passou foi o momento de uma nova despedida. Foi quando decidimos que era hora de espalhar as cinzas dele como forma de homenagem. Escolhemos um momento em que estávamos juntos, a Mãe, meu irmão e eu (além das netas Olivia e Marina e da Jacque) e um lugar que era importante para ele. Foi no rio, no Veleiros do Sul, clube que frequentou por quarenta anos. Era final de tarde, o sol se pondo num céu azul e temperatura agradável. 

 

Ele teria gostado.


Até. 

quinta-feira, julho 25, 2024

O Silêncio

O ano era 2018, fevereiro.

 

Estávamos em viagem em Portugal e visitávamos Évora, no Alentejo, quase no final da viagem, de onde iríamos para o Algarve antes de voltar ao Brasil. É lá que fica a Cartuxa, vinícola da Fundação Eugênio Almeida, famosa pelos vinhos ‘Cartuxa’ e ‘Pera Manca’. 

 

A visita ocorria em uma manhã de um dia de meio de semana, e havia poucos visitantes além de nós, Marina, Jacque, Pedro, Maria José e eu, os viajantes. Caminhávamos pela propriedade, e o silêncio da manhã dominava tudo. A Marina, com nove anos de idade, estava fazendo alguns vídeos da viagem no celular da Jacque. Gravando lá, ela falou que tínhamos que observar o som mais bonito de todos (ou algo assim), ‘o som do silêncio”.

 

The Sounds of Silence.

 

Lembrei direto da música da dupla Simon and Garfunkel, cujo registro ao vivo do show no Central Park, em Nova York, é belíssimo, e que ela não conhecia então. Foi um momento de sintonia com o Universo...

 

O silêncio.

 

Em um mundo de ruídos constantes, cada vez mais valorizo o silêncio, o ficar quieto. Mesmo que meus dias tenham se tornado muito mais musicais, por motivos óbvios, mas talvez também por isso, é que em silêncio que tenho ficado em alguns momentos do meu dia.

 

Talvez por paz, ou talvez para ouvir meus próprios pensamentos.

 

Até. 

quarta-feira, julho 24, 2024

Mais sobre o tempo e o escrever

Sobre o tempo.


O tempo, ou sua passagem, certamente é o tema de maior recorrência entre meus escritos. Pensar a vida, refletir sobre o que aconteceu e acontece é, também, um de meus passatempos prediletos. Assim como é terapêutico para mim.

 

Seguindo a linha terapêutica do falar para lidar com esse tipo de questão, ou com todo tipo de questão, é falando que lido com minhas ansiedades e encucações. Escrever é uma outra forma de falar, de expressar o que sinto e penso, de organizar as ideias até para conseguir entendê-las. 

 

Falando / escrevendo é que aprofundo a minha compreensão das coisas, do mundo e do tempo, e o passado é está entre elas. Esse processo é o caminho para eu digerir e ficar em paz com o que passou.

 

Um dia após o outro.

 

Até. 

terça-feira, julho 23, 2024

Uma terça-feira

O sol brilha, ainda tímido, ‘vencendo’ a neblina de mais cedo, em uma mudança com relação aos últimos dois meses, quando os dias cinzentos, as chuvas e a umidade predominaram aqui no Sul do Mundo. O ânimo muda, ficamos mais leves para continuar a reconstrução do que foi impactado pela inundação.

 

Boa parte das escolas está de férias de meio de ano, e muitas famílias tiram esse período para descansar junto, algumas viajam. As meninas, em casa, estão de recesso essa semana, descansando. Por ser apenas essa semana, a Marina nem chama de férias, por isso chamei de recesso.

 

Sigo trabalhando, afinal a época é quando a demanda por pneumologistas aumenta muito, ainda mais esse ano, em que tosses, secreções, resfriados e até pneumonias têm sido mais frequentes. Ainda assim, mesmo com muito trabalho no consultório/hospital, sinto um clima diferente, como se estivesse em férias enquanto trabalho (mais que do que normal), o que é estranho.

 

E não só como médico.

 

Os projetos paralelos seguem, alguns em planejamento e outros quase saindo do papel, em início de execução. Alguns são modestos, pé no chão, como se diz. Outros, porém, são gigantes. 

 

Seguimos.


Até.   

segunda-feira, julho 22, 2024

Limites

Assim como a rotina, os limites são importantes na vida.

 

Existe a natural tendência de aceitarmos, ou tolerarmos, situações que não são as melhores para nós em troca de aceitação a determinados grupos sociais. Isso tanto em termos pessoais como profissionais. 

 

Quando estamos nos primeiros passos em nossa profissão, e falo de medicina porque é a minha, somos “coagidos” a aceitar situações, e podem ser trabalhos, tarefas ou ambientes que não são os mais saudáveis do ponto de vista emocional. Era natural, no tempo em que comecei como médico, há quase trinta anos, trabalharmos em locais que estavam longe do ideal, em condições longe das ideais, muitas vezes quase imprudentemente. Além de mal remunerados. Era parte do crescimento, diziam, ou o “pedágio” a pagar para conseguirmos nos colocar – com o tempo – em lugares considerados melhores.

 

Não sei como é hoje.

 

O princípio era abraçar o que fosse possível e depois ir selecionando aquilo que fosse melhor, que tivesse mais a ver com o nosso “plano maior”. Foi o que fiz.

 

Mesmo agora, anos e anos depois, ainda é importante manter-me atento às tentativas de me empurrarem para situações às quais não gostaria de estar envolvido. De novo, tanto em termos de trabalho quanto pessoais. Por isso a importância do dizer ‘não’, de impor limites. É o que tenho tentado fazer.

 

Cada vez mais, digo não às roubadas em que querem me envolver, e me afasto de pessoas negativas, ou tóxicas, como dizem.

 

Dizer 'não' é libertador.

 

E uma luta diária.


Até.

domingo, julho 21, 2024

A Sopa

Continua a polêmica em casa.

 

Sobre o jejum.

 

Como escrevi por aqui há alguns dias, desde que decidi me abster de comer entre as refeições e comuniquei isso para a Jacque dizendo que eu estava fazendo jejum intermitente, o assunto virou motivo de discussão entre nós. E ambos temos razão, apesar de ela não admitir.

 

Não só isso, na última sexta-feira ela pediu reforço. Em um almoço em que estavam na mesma mesa que nós uma nutricionista, uma fisioterapeuta, uma enfermeira e um cirurgião (que não se envolveu no assunto), ela expôs e eu expliquei o que eu estava fazendo. Ficaram “do lado da Jacque”, mesmo eu sabendo que ela tem razão no que pensa, mas que eu também estou certo (!).

 

É simples.

 

Semanticamente falando, jejum é o ato de ficar sem comer. Ponto. Simples. E intermitente quer dizer não contínuo, intervalado, descontínuo. Logo, se eu fico sem comer entre o café da manhã e o almoço, tecnicamente (linguisticamente, poderia dizer?) eu estou fazendo jejum. E, como esse jejum não é contínuo, ocorrendo apenas entre a refeições, ele é – sim – intermitente. Então, tecnicamente eu faço jejum intermitente, certo?

 

É evidente que eu sei que o que faço não é a dieta (que é quase um estilo de vida) do jejum intermitente, que tem inúmeras variações e vertentes, com formas diversas de fazer, desde a dieta do 1:1 (um dia normal e um de jejum, comendo até 500 calorias), ou a 5:2 (come normal cinco dias e faz dois dias de restrição), ou a que faz apenas duas refeições diárias, etc. Não é isso que faço, e nem pretendo fazer. 

 

Controlar o peso, meu objetivo, incluindo aí perder alguns quilos, requer (para mim, para mim), um aumento significativo do gasto energético e uma redução na ingesta calórica. Comecei pela segunda parte, evitando comer bobagens nos intervalos das refeições, e em um segundo momento vou aumentar a frequência e intensidade da atividade física.

 

Simples assim, sem polêmica.

 

Até. 

sexta-feira, julho 19, 2024

Amanhã

Dia do Amigo.

Sou do tempo em que o dia vinte de julho era o Dia do Amigo. Agora, ao que parece, existem outras datas que as pessoas consideram o tal dia, principalmente em redes sociais. Não reconheço essas outras datas, mas respeito o dia vinte de julho.

Porque respeito meus amigos.

(até tem uma crônica sobre isso no meu livro ‘A Sopa no Exílio’... já comprou, já leu?)

 

Cada dia mais respeito e valorizo os amigos, os de fé, os que estão juntos na boa e na ruim. São poucos, e sabem quem são, como já escrevi. Um dia disse que minha cota de amigos (e de afetos) estava esgotada, e que - para que entrassem novos – alguns já existentes deveriam morrer, para liberar espaço...

 

Além de brincadeira, não poderia estar mais longe da verdade.

 

Há sempre espaço para mais...


Eu quero apenas olhar os campos

Eu quero apenas cantar meu canto

Eu só não quero cantar sozinho

Eu quero um coro de passarinhos

Quero levar o meu canto amigo

A qualquer amigo que precisar


...Eu quero ter um milhão de amigos

E bem mais forte poder cantar.


É isso.

 

Até.

quinta-feira, julho 18, 2024

Salvar o Mundo

Não posso salvar o mundo, eu sei.

 

O que posso e quero fazer, porém, é fazer a minha parte para melhorar o mundo, a vida, ao meu redor. O que considero um objetivo bem razoável. Um dia após o outro, com um pequeno gesto que se segue por outro pequeno gesto e assim por diante.

 

Durante a enchente de maio, houve um momento em que muitos de nós fomos tomados por um sentimento de impotência, de incapacidade, da ausência de “braços” suficientes para ajudar todos que gostaríamos da forma que gostaríamos. Foram momentos de angústia até que percebi (percebemos) que tinha (tínhamos) que fazer o que conseguisse (conseguíssemos) da melhor forma possível. Se todos fizessem um pouco, o todo seria significativo.

 

Da mesma forma acontece no dia a dia, e penso aqui na minha situação particular de médico, de pneumologista no inverno, nesse inverno gaúcho de poucos dias de sol até aqui, frio e umidade excessiva depois do período de inundações. Muitos doentes, muita tosse, muitas justas demandas. De novo, parece que vai faltar braço para ajudar todos que precisam e que buscam ajuda. Tenho (temos) me (nos) desdobrado para atender todos que precisam, dentro da limitação que existe em termos de horários e recursos humanos (no caso, eu...).

 

Seguimos, impávidos.

 

Até.

quarta-feira, julho 17, 2024

Falhei?

 Ontem não publiquei nenhum texto, justamente dois dias depois de ter anunciado em redes sociais que agora estava publicando diariamente. Péssimo timing...

Aconteceu, é da vida.

 

O consultório com suas demandas quadruplicadas pelo inverno úmido e chuvoso e de tosses e secreções, e “bronquites e sinusites”, e pacientes que involuntariamente atrasam e vira uma bola de neve que se estende para o meio da tarde no laboratório de função pulmonar e depois para a carona da Marina para casa e daí ao ensaio das terças-feiras e voltar para casa e a família e quando vi já estava acordando para a quarta-feira e o texto não tinha saído. Paciência.

 

Não é para ser um fardo difícil de carregar, mas também é um trabalho de disciplina, mas, também, artesanato. Como andar de bicicleta (que, como disse, ainda não retornei porque vou fazer uma avaliação médica antes), não dá para parar de pedalar para não perder o equilíbrio. Estou estabelecendo uma rotina de escrita novamente, e esses pequenos “deslizes” (ou desorganizações) ainda podem acabar ocorrendo. É parte do processo.

 

E, também, um motivo para uma pequena crônica no dia seguinte.


Até.

segunda-feira, julho 15, 2024

Será o Inverno?

Não deu.

 

Definitivamente, não tenho conseguido acordar mais cedo para ir fazer atividade física, como vinha fazendo há algum tempo, mas acho que não deve ser devido ao inverno ou aos dias úmidos e chuvosos dos últimos meses. Talvez o prazo de validade dessa rotina tenha chegado ao fim. Como aconteceu na época em que eu ia nadar ainda antes das seis horas da manhã, rotina que durou cerca de um ano, até que não consegui mais.

 

Pode ser isso, mas pode ser que seja a rotina intensa agora, em que as noites têm sido também de trabalho (divertido, diga-se de passagem), principalmente às segundas-feiras e as terças-feiras. Mas não só isso, existem os churrascos, as confrarias. Vida social...

 

O problema é que a quebra da rotina e a fácil adaptação ao não fazer aumentam muito o risco de simplesmente não mais fazer a atividade física. Criar uma nova rotina de exercícios, de idas à academia, encaixar isso tudo num já corrida semana torna-se desafiador. O risco de não conseguir é grande.

 

Eu estou – apenas agora – conseguindo de novo.

 

Desde a viagem no final de abril, que foi seguida das enchentes e inundações, quebrou a (naquele momento) frágil rotina. Acabava indo uma vez por semana, e me sentindo culpado por isso. Depois, duas vezes, até que nas últimas três semanas consegui me organizar para frequentar a academia ao menos três vezes por semana, o mínimo aceitável. Utilizando o sábado de manhã para isso e torcendo por um domingo de sol que não tem vindo para que seja a quarta vez da semana.

 

Ainda sem bicicleta, porque antes quero passar por uma avaliação médica, o que não fiz até agora porque - vejam só – não consegui encaixar na minha agenda da semana...

 

Decepção...

 

Até.

 

domingo, julho 14, 2024

A Sopa

Utopia.


“A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.” – Fernando Birri, citado por Eduardo Galeano in ‘Las palabras andantes?’ de Eduardo Galeano. publicado por Siglo XXI, 1994.

 

Ouvi essa citação algumas vezes nos últimos dias, por pessoas diferentes ou pela mesma pessoa, não sei bem, mas ela é certeira. É mais uma versão do significado do sentido da vida. O destino não é e nem nunca foi o mais importante. O que vale é o caminho, e com quem andamos, claro. E as histórias vividas e depois contadas, e fecho o círculo na minha versão de sentido da vida, as histórias para contar.

 

Tenho pensado muito na vida nos últimos tempos, em seus variados e diferentes aspectos. Desde o “quem sou e para onde vou” até o “qual o sentido disso tudo, afinal”. E essas reflexões reafirmam – para mim, para mim – aquilo que está no início desse texto: que o que importa é, além do caminho que percorremos, com quem estamos caminhando.

 

As pessoas que fazem parte de nossa vida.

 

E não falo unicamente naquelas que convivem conosco no dia a dia, que fazem parte da nossa rotina de todos os dias, aquelas a quem somos de certa forma obrigados pelas circunstâncias a lidar, para o bem o para o mal. Existem algumas que, por tóxicas, não gostaríamos, mas não temos como evitar esse convívio, então vamos aprendendo a lidar com elas e evitar que drenem nossa energia, nosso bom astral.

 

Mas falava de utopia, palavra de origem grega que significa ‘lugar que não existe’, mas também sistema ou plano que parece irrealizável, fantasia, devaneio, ilusão, sonho. Acho fundamental a vida que se vive com sonhos e devaneios, mas também aquela com objetivos e planos concretos, com etapas a serem vencidas e caminhos a serem percorridos. É um balanço entre essas duas existências o que torna, no final das contas, a nossa vida completa.

 

E seguir andando, sempre.

Até. 

sábado, julho 13, 2024

sexta-feira, julho 12, 2024

Dress Code

Pois é.


É possível que tenha acontecido durante a pandemia, apesar de eu achar que sempre tenha sido assim, mesmo quando trabalhei no mundo corporativo, ou quando participava ativamente de eventos da pneumologia, como congressos: eu tenho meu jeito de me vestir, que é uma mistura entre o confortável, aquilo que gosto e o informal. Poderia chamar de meu estilo, meu jeito, o que nunca imaginei que fosse um estilo de verdade. Mas já disseram que é, e sei lá, tudo bem. 

 

Penso que o jeito de vestir é também uma forma de expressar quem sou, e você pode dizer ‘meio largado, ou esculhambado’, mas eu diria informal mesmo. Pois é justamente assim que sou, ou ao menos me  considero.  

 

Não importa, na verdade, o que pensam, apesar de eu já ter me preocupado muito com o que os outros pensavam de mim. Aprendi, com o tempo, que o quê outros pensam de nós fala mais sobre eles mesmos do que sobre quem somos.

 

Pensei isso porque tenho que ir à uma festa de aniversário hoje e não tenho a menor ideia de como devo ir vestido.

 

Por outro lado, confesso que – sim – tenho atualmente uma grande curiosidade, que é quase científica, a respeito do que as pessoas pensam de mim. 


Porque, sinceramente, não sei. 

Até. 

quinta-feira, julho 11, 2024

Correios e Telégrafos

Sou um saudosista.


Mas nem sempre, confesso.


Sei que não é o caso de alguém me dizer que sou eu ‘que ama o passado e não vê que o novo sempre vem’, mas já disse inúmeras vezes que respeito o que passou e quem esteve comigo na jornada. Respeito o passado, mas olho em frente.

 

Algumas vezes, porém, como dizia, tenho esses lampejos de saudosismo, em que sou atingido por lembranças muitas vezes prosaicas e não sentimentais, de tempos mais ou menos remotos. E acabo por me admirar como tudo mudou, o mundo, e como mudei. Exercício interessante, esse, como sempre digo, para mim, para mim.

 

Ao chegar em casa em um dos dias dessa semana, parei por um instante e abri a caixa de correio, depois de algum tempo em que não fazia isso. Estava vazia, e acabei por sentir uma certa melancolia, uma certa tristeza. E lembrei do tempo em que me comunicava com alguns amigos por carta, que vinham sem regularidade, apenas apareciam de tempos em tempos na correspondência deixada pelo carteiro. Cartões postais, depois as inevitáveis contas da vida adulto. Mesmo quando era contas a pagar, sempre havia uma surpresa na hora de abrir a caixa do correio.

 

Não tem mais, em tempos de contas online, e-mails e aplicativos de mensagens.

 

Um mundo com menos poesia esse que vivemos, da ausência de cartas... 

Até. 

quarta-feira, julho 10, 2024

Intermitências

Estou fazendo jejum intermitente.

 

Quando falei isso em casa, fui repreendido veementemente pela Jacque, que afirmou que o que estou fazendo NÃO é jejum intermitente. Tivemos um debate intenso sobre o assunto, ela com toda a razão e eu como toda a razão, da mesma forma. Como assim?

 

Sim, eu sei que o que estou fazendo não é o que as pessoas pensam quando se fala em jejum intermitente, e nem o que é recomendado por especialistas.  Por outro lado, semanticamente falando, o que estou fazendo é, sim, jejum intermitente. Além disso, o jejum é meu e eu chamo do que eu quiser.

 

Funciona assim: eu faço as refeições, como o café da manhã, por exemplo, e fico em jejum até a próxima refeição, como o almoço. Simples assim. Não como nada entre uma refeição e a outra, ao contrário de outros momentos em que eu comia entre as refeições, usualmente alimentos não nutricionalmente os mais adequados. Então, o que estou fazendo não é exatamente, mas é, sim, um tipo de jejum intermitente. Pois faço um tipo de jejum intermitentemente.

 

Se vai dar resultados?

 

Não sei.

 

Veremos.


Até. 

terça-feira, julho 09, 2024

Egoista, eu

Quando, em plena pandemia, lá por 2020 ou 21, idealizei um projeto de podcast, o meu objetivo inicial era o de conhecer pessoas, ouvir suas histórias e encontrar os pontos que nos conectavam. Talvez fosse pelo distanciamento social, mas sentia uma “urgência” de ouvi-las, de conhecer as histórias de cada um. O conceito inicial era o de que todo mundo tem uma história de vida que merece ser contada, merece ser ouvida.

 

Ao longo do tempo, desde daquilo que foi o embrião do programa que fazemos agora, o ‘Qual é o Tom’, a ideia ganhou contornos e proporções que eu sinceramente não esperava. Mas digo que – no fundo – é um projeto egoísta meu: eu quero e gosto e me divirto conhecendo pessoas, criando e cultivando relações e conexões, novas histórias.

 

O que é MUITO legal.

 

E você, já conhece o Qual é o Tom?.

 

Até.

 

segunda-feira, julho 08, 2024

Mais Uma

Segunda-feira.

 

Enquanto faço o trajeto de cerca de vinte e poucos minutos entre minha casa e o consultório, ouço música. Por um longo período, utilizava esse tempo para me atualizar das notícias e ouvir comentários no rádio, mas de um tempo para cá voltei ocupar o silêncio de dentro do carro, em meio ao trânsito barulhento, com música. Muitas vezes como estudo, ouvindo aquelas que farão parte da próxima temporada da School of Rock, mas em outras apenas ouvindo músicas que me agradam, ou que tem história comigo. Podem ser as mesmas, estudo e memória, mas nem sempre o são.

 

Vinha eu hoje cedo ouvindo outra vez músicas transportadoras (das quais falei semana passada) de uma playlist de nome sugestivo ‘Memória’, e que criei há alguns anos, quando comecei a utilizar o Spotify, e que foi um resgate praticamente em ordem cronológica das músicas que tinham (tem) significado para mim, por serem depositárias da memória de quem fui, do que vivi. 

 

Algumas delas, juntas, inclusive contam uma história completa, com início, meio e fim, nesse caso de 1988, como uma sequência de músicas do Cazuza que termina com ‘O Nosso Amor a Gente Inventa’, cuja mensagem ou, melhor, história – para mim, para mim – fala de um erro ao tentar retomar uma relação que não era para ser.

 

O teu amor é uma mentira
Que a minha vaidade quer
E o meu, poesia de cego
Você não pode ver

 

Não pode ver que no meu mundo
Um troço qualquer morreu
Num corte lento e profundo
Entre você e eu

 

O nosso amor a gente inventa

Pra se distrair

E quando acaba a gente pensa

Que ele nunca existiu

 

Acho essa uma das mais lindas músicas do Cazuza, que compôs muitas das músicas que fizeram / fazem parte da trilha sonora da minha vida.

 

Até.

domingo, julho 07, 2024

A Sopa

Penso na semana de quatro dias úteis.

 

Sou, por conceito, favorável a trabalho de segunda à quinta-feira e um final de semana composto por três dias. Ia ser legal. Como profissional liberal, poderia estabelecer que a minha semana de trabalho encerrasse na quinta-feira no final da tarde, mas ainda não é o momento, se é que um dia vai acontecer. Como empreendedor, que agora sou também, certamente não seria o mais prudente também. E então penso em como a (minha) semana de trabalho mudou ao longo do tempo, desde que me formei e depois terminei a residência médica.

 

O começo da carreira médica de fato, após completar minha formação como pneumologista, foi com plantões, aos finais de semana e noites. Sofria internamente por estar de plantão num sábado de sol (o melhor momento da semana) enquanto amigos e familiares estavam de folga. Não gostava de dormir fora de casa, apesar de – quando no plantão – gostar e me divertir no trabalho. Durante um tempo, a rotina de plantão à noite e trabalho na manhã seguinte foi frequente. E ou estava de plantão ou viajava para trabalhar, isso quando não viajava para fazer plantões.

 

Quando morei no Canadá, a vida e a rotina de trabalho eram bem diferentes. Eu chegava no hospital por volta de 8h30 e era o primeiro a chegar. À tarde, por volta das 17h encerrava o dia, e não havia plantões e nem finais de semana de trabalho. Era bom.

 

Quando voltei a morar no Brasil, o recomeço foi com a decisão de não mais fazer plantões, mesmo que isso implicasse em rendimentos menores no início. Mas não significou menos deslocamentos a trabalho, além do trabalho em múltiplos locais e até cidades.  Por quase dez anos viajei semanalmente para dar aulas em uma Universidade a 150km de casa. Ia e voltava no mesmo dia, em tempo ainda de buscar a Marina na escolinha. Eram muitas horas semanais em trânsito, em Porto Alegre e fora da cidade. 

 

Houve um momento em que minha semana era – de certa forma – escalar uma montanha entre segunda-feira e quarta. Intensa e cansativa até a quarta-feira à noite, quando começava e reduzir a intensidade lentamente até chegar no final de semana. Quando trabalhei numa multinacional da indústria farmacêutica, o sábado de manhã (o melhor momento da semana) iniciava bem cedo mesmo, porque era um período que utilizava para estudar e preparar materiais. 

 

Esse período, aliás, foi agitado porque havia as viagens semanais para dar aulas, normalmente às quintas-feiras voltando no primeiro horário da sexta-feira para ainda trabalhar. Eu gostava muito, mas, olhando em retrospectiva, era meio insano. Tanto é que nos meus últimos dias como funcionário eu estava estressado, sedentário e obeso. Como eu disse, foi bom, mas estava cobrando um preço alta em minha saúde.

 

Quando encerrou (meses antes do que eu havia planejado) meu vínculo com a indústria, e entrei em um período de quarentena informal na minha relação com ela, que emendou com a pandemia e que – de certa forma - dura até hoje, decidi fazer um “ano sabático”, dedicando apenas ao meu consultório. Como já contei aqui antes, esse período encerrou alguns poucos dias antes de estourar a pandemia, o que “prolongou” esse período...

 

Durante a pandemia, acabei sendo contratado como professor em um Universidade na região metropolitana de Porto Alegre, onde eu ia às segundas e sextas-feiras à tarde, sem flexibilidade nenhuma de troca de horário, o que engessava minha semana. Permaneci dois anos, até que decidi que era hora de voltar a ser unicamente profissional liberal, que é o que sou hoje, com os bônus e ônus que isso me traz.

 

Desde o ano passado, também sou empreendedor, o que “exige” de mim mais tempo e dedicação e horários alternativos. Mas aí é bem diferente.

 

Sou eu, agora, quem define o que faço do meu tempo.


Até. 

sábado, julho 06, 2024

Sábado (e eu, escritor)

Autografando...
 

Mais uma sessão de lançamento do meu primeiro livro, 'A Sopa no Exílio'.
Está à venda também na AMHSL, além de no site da Editora Bestiário.
Já comprou o teu exemplar?

Bom sábado a todos.

Até.

sexta-feira, julho 05, 2024

Uma Amostra do Todo

Somos – já escrevi – a soma dos papeis que representamos nos diferentes ambientes em que convivemos. E, na maioria das vezes, as pessoas que não são as mais próximas de nós conhecem apenas uma pequena parte do todo, um instantâneo de quem somos. E nada mais natural do que isso. 

O interessante é quando, por qualquer razão, ocorre uma ruptura nesse quadro, um rompimento desta separação, ou compartimentalização da vida, e pessoas de um ecossistema em que convives acabam conhecendo uma outra parte de ti, que está em “outra caixa”, acabam se surpreendendo. Não por menosprezo, mas porque nunca imaginaram que poderias ser mais do que aquele papel que representas naquele ambiente.

 

Por mais que não seja de nenhuma forma inédito, as pessoas têm se surpreendido ao saber que – além de médico – sou também escritor, agora finalmente publicado. É surpresa – como eu disse - porque nunca haviam pensado nisso, no que eu (ou outros) faço ou sou, além daquele papel que estão acostumados a me ver desempenhar, e é assim mesmo. E tem sido bem legal, confesso.

 

Sem falar que a Sopa de Ervilhas do Marcelo, o evento, agora tem um alcance bem maior. Vai que saia uma maior ainda que outros anos.

 

Sei lá.

 

Até.

quinta-feira, julho 04, 2024

O Fim?

 Eu penso no fim.

 

Sim, a morte, o perecimento, o óbito, a matungona, inevitável destino de todos nós. Com o passar do tempo, e a constatação de que já vivi mais do que ainda tenho a viver, volta e meia o assunto surge em meus pensamentos.

 

Não que eu seja alguém fixado no assunto, mas não vou negar que – de uns tempos para cá – ele se tornou mais frequente em minhas reflexões. Posso de dizer que a contagem regressiva está mais clara, mais presente. Me pergunto, então, se todas os planos e projetos e objetivos que estão na mesa atualmente (a literatura e a música, entre eles) não seriam fruto de alguma urgência de alguém pensando que um dia – bem distante ainda, espero – vai morrer. 

 

Não é, não são.

 

A urgência é de viver, sempre.

 

Até.

quarta-feira, julho 03, 2024

As Coisas como São

Serenidade.


Um dos ensinamentos que a experiência (a idade, ou o tempo, se quiserem) nos traz, ou ao menos deveria trazer, é a capacidade de aceitarmos os fatos da vida, os acontecimentos, como eles são, e não como gostaríamos que fossem. Não “brigar” com a realidade, saber que nem tudo é sobre nós.

 

Quando das enchentes e inundações de maio no Rio Grande do Sul, com toda a tragédia das perdas humanas e materiais que direta ou indiretamente afetaram a todos nós gaúchos, e que começamos o lento processo de reconstrução, a grande parte dos eventos planejados para aqueles dias e por um período a seguir foram suspensos, quando não cancelados, com toda a razão. O foco era (é) sobreviver ao caos para poder seguir em frente. Tristes, consternados, mas já planejando a próxima etapa.

 

Entre os eventos daquele período que foram adiados estava o lançamento do meu livro, ‘A Sopa no Exílio’, que adiamos em quase um mês por óbvias razões. Mas não pude deixar de brincar que justamente no ano que lanço o meu livro e pretendo assiná-lo na Feira do Livro, ocorre uma catástrofe climática no estado e a Praça da Alfândega, onde ocorre a Feira do Livro, fica embaixo d’água... no que fui retrucado “nem tudo é sobre ti, Marcelo...”.  Justíssimo.

 

Mas não era disso que queria falar.

 

Falava de aceitar as coisas como elas são. 

 

É parte do aprender a viver. Temos que saber lidar (ou ao menos tentar) com os acontecimentos, independente se são consequências de atos prévios nossos ou frutos do acaso. O primeiro passo é aceitar que há coisas que não controlamos e não dependem de nós. Para essas, serenidade. Para as que dependem de nosso esforço, cada um sabe o que é melhor para si.

Até.