O mundo é muito grande.
Ia escrever que sou formado em medicina há mais de trinta anos, mas sinto que sou realmente médico há não tanto tempo assim, mas desisti. Tudo porque vinha ouvindo rádio em um dos meus deslocamentos pela cidade esses dias.
Passava pouco das dezenove horas, e liguei o rádio para ouvir um programa de música em especial (‘A Hora do Rush’, com Mauro Borba). E o programa começou com uma música que faria parte de um show que ocorreria em Porto Alegre naquele dia de um artista que – confesso – nunca tinha ouvido falar...
Quando a música começou, eu logo sabia que a conhecia, mas que não era a versão original, e demorei alguns instantes para identificá-la: era uma versão de ‘Modern Love’, do David Bowie. E era linda. E eu não conhecia. Estou, desde então, ouvindo esse artista argentino nascido no Alaska, quase ininterruptamente. Se chama Kevin Johansen.
Me fez pensar.
Claro que nunca perco a noção disso, mas é importante – de tempos em tempos – reafirmar meu encantamento com tudo o que não sei e que potencialmente posso conhecer e aprender. Não quero perder nunca o espírito e a humildade para aprender coisas novas, conhecer pessoas, visitar lugares e criar novas histórias para contar. Se os que se julgam espertos acham que a admiração é um alarmante sintoma de ignorância e por isso afirmam que só os tolos de se admiram*, eu estou bem tranquilo em ser considerado tolo...
É ou não é admirável?
Até.
* “Tolice Admirável”, do Barão de Itararé, musicado pelo Vitor Ramil (não sei se existe gravação)