terça-feira, maio 20, 2025

Escolhas e Caminhos

 Há tempos, volta e meia me pergunto se nesse momento eu já deveria ter as coisas definidas na vida, no sentido de saber exatamente quem sou, o quê faço, como tudo funciona, e ter o caminho do meu futuro já pavimentado e conhecido. Assim, eu com meus cinquenta e três anos de idade.

 

E aí então volto no tempo, para uma noite fria de julho de 1988, no litoral norte do Rio Grande do Sul, com dezesseis anos, sentado em um balanço conversando sobre o futuro com uma amiga. Naquele momento, eu não tinha certeza do que queria para a minha vida, qual o caminho que tomaria, que profissão escolheria. Pensava, na ingenuidade dos dezesseis anos, que a minha escolha seria definitiva, sem volta, por isso o peso e a angústia envolvidos na decisão.

 

Havia dois caminhos básicos (de novo, sob minha ótica adolescente): um seria o caminho seguro, previsível, mas significando que eu já saberia desde aquele momento tudo o que aconteceria até o final dos meus dias, enquanto o outro representaria menor segurança (financeira, inclusive), mas um mundo de possibilidades. Um salto no escuro. Era um outro: vida pronta ou vida a ser inventada, criada.

 

Foi uma decisão difícil, confesso, porque partia de premissas erradas, frutos da pouca experiência de vida. O engraçado é que – no final das contas – o que realmente definiu a escolha foi quando eu me dei conta que – independente do que eu escolhesse naquele momento – eu seria um contador de histórias. Sim, eu escolhi o caminho em que, em tese, eu teria um futuro desenhado, determinado, mas que envolvia contar histórias e estórias.

 

Nada mais longe da realidade.

 

O caminho nunca é ou está previamente determinado.

 

Ou talvez eu tenha subvertido essa tendência, não importa. Os caminhos foram e são criados à medida que os trilhamos, aprendi. Ao longo da estrada, fazemos (ou não) os desvios que precisamos e/ou desejamos fazer. Enquanto caminhamos, vamos aprendendo a andar.

 

Ainda hoje, sinto que estou aprendendo o tempo todo. Mesmo que eu achasse que já deveria saber tudo de tudo, ainda sou um aprendiz, ainda tenho muito o que conhecer e entender.

 

Até.