sexta-feira, maio 16, 2025

Ninguém Perguntou

 Quando escrevo algum texto que será publicado aqui nesse espaço, e/ou posteriormente em livro – aliás, novidades em breve – eu sei que as minhas opiniões e reflexões são minhas e que ninguém me perguntou. Escrevo porque quero, leio, releio, escrevo de novo e reescrevo antes de tornar público, porque sei que o que está escrito fica.

 

Nunca esquecendo, também, que ao escrever sempre estamos em risco de quem ler não entender o que leu, interpretar errado, confundir as coisas. Sempre é uma possibilidade, e lembro de um dito que talvez – talvez! – seja do Mário Quintana (não tenho certeza) que diz que ‘quando alguém pergunta o que um autor quis dizer é porque um dos dois é burro’. Mas não é esse o ponto.

 

E vale para a vida.

 

Sempre devemos ter cuidado com o que dizemos, mais ainda com o que escrevemos, para alguém. Digo que escrever é pior porque está fica registrado, sem a entonação, o tom de voz que pode sugerir ironia ou humor, sei lá. Vale para e-mails, mensagens instantâneas, tudo. 

 

Se pensamos sobre algo ou alguém que potencialmente vai incomodar outros, ou mesmo magoar, é da vida, eu sei, e se queremos apenas desabafar, ‘colocar para fora”, é um direito nosso. Podemos escrever sobre isso, falar com alguém – amigo ou terapeuta, sei lá – mas, se vamos tornar público, e estamos conscientes das potenciais consequências, o que poderá resultar disso, se realmente é isso que queremos, vá lá. Mas se temos alguma dúvida, ou queremos que não piorar as coisas, a melhor solução é ler, reler, escrever e reescrever, pensar de novo e, se podemos ter problemas, deixa assim, fica na tua.

 

O pior de tudo é o que parece (a mim) uma tendência atual, a de gravar vídeos com desabafos sobre a vida, o que por si só não seria um problema, desde que ficasse restrito à gravação, mas pessoas publicam vídeos falando de si e falando dos outros, vídeos esses que serão salvos por alguém e perpetuados.

 

É falta de noção, infantilidade.

 

E o pior é que, na maioria das vezes, as pessoas não querem saber.

 

Até.