Sempre considerei o humor, a ironia fina, até o sarcasmo, quando não agressivo, formas de inteligência, e as pessoas portadoras dessas características, evidentemente, inteligentes. Sem falsa modéstia, desde sempre me considero uma pessoa bem-humorada, irônica e sarcástica (quando necessário), apesar de – como todos – ter meus momentos de introspecção e pouca diversão. Logo, ao olhar o espelho, me vejo – sim - como alguém que considero inteligente (independente do que os outros possam pensar até, mas não vem ao caso).
E muitas vezes é algo incontrolável.
Realmente faço força (e ‘fracasso’ com alguma frequência) em muitas situações para não fazer comentários ‘engraçadinhos’ ou piadas, principalmente naquelas em que talvez não fosse o melhor momento para tais brincadeiras. Claro que procuro não ser nunca inconveniente, mas situações sóbrias parecem pedir por momentos e comentários para descontrair.
Uma vez em consulta, uma paciente – em meio à conversa – comentou que eu tinha o timing do clown, do humorista. Mesmo que estivesse me chamando de palhaço, percebi como um elogio. Porque é uma arte, essa de fazer rir, descontrair, ‘pescar’ no ar aquilo que a vida tem de divertido, reconhecer que – entre todas as histórias que vivemos – pouquíssimas são as que não tem algo de cômico, mesmo que tragicômico.
Tudo são histórias para contar, como eu sempre digo, e toda história tem o seu lado engraçado e memorável, mesmo que durante o acontecimento não consigamos ter a clareza disso. Em situações tensas e complicadas, por exemplo, sempre procuro lembrar que ‘ainda vamos rir de tudo isso’.
Eu, ao menos, vou.
Até.