Não tenho lido, ou assistido, notícias.
Começou lá na pandemia do COVID, que já vai longe no tempo, quando os noticiários da televisão só falavam disso, com um tom catastrofista que era contraproducente para quem precisava levantar todos os dias e estar à disposição para ajudar e atender quem estivesse doente, meu caso como médico, mesmo que eu não estivesse trabalhando na linha de frente, em emergências e UTIs de hospitais. Lembro bem dois fatos que desencadearam minha aversão aos programas de notícias, e que levaram à decisão de não mais ver, não mais ouvir.
O primeiro foi em uma vez em que levei a Marina ao dentista e, na sala de espera enquanto ela era atendida, já no final do dia, assisti na televisão aos primeiros minutos de um jornal local, o que foi suficiente para me deixar angustiado e ansioso. Uma equipe de reportagem, à época, circulava pela cidade em busca de pessoas andando, ao livre, sozinhas e sem máscara, e isso era visto como errado, como um crime(?!). Outro fato foi em um final de semana em família em que havia uma televisão ligada ininterruptamente em um canal de notícias que ficava o tempo todo repetindo as mesmas informações, os mesmos dados, o mesmo número de infectados e mortos. Não aguentei. E isso que nem falei de política, STF, governos de direita e de esquerda, misoginia, preconceito, bebês reborn e stalkers, entre outros, porque talvez fosse ainda pior.
Decidi que a negação era a melhor forma de viver.
Não sei, não fiquei sabendo, não quero saber.
Vou ficar na minha, fazendo a minha parte, o meu trabalho, sendo correto e honesto, pagando meus impostos, fazendo o bem como puder, sendo justo com as pessoas, e tentando tornar o mundo – ao menos ao meu redor - um lugar melhor.
Até.