domingo, outubro 19, 2025

A Sopa

Eu escrevo.

 

Como todos que me leem sabem, tenho dois livros publicados nos últimos dois anos, e – talvez não saibam - estou trabalhando no(s) próximo(s). Depois de um longo tempo de maturação, digamos assim, decidi – ano passado – que era hora de publicar meus escritos, e assim o fiz.

 

São edições pequenas, de cerca de cem exemplares que não tenho pressa em vender. Não imaginava me tornar um fenômeno editorial instantâneo, ou ganhar muito dinheiro com isso. Seria legal, mas nunca foi uma expectativa real. E está tudo bem. Resolvi publicar porque eu precisava fazer isso, da mesma forma que preciso escrever. É parte de quem sou e, mais, uma necessidade. É a uma das formas que tenho de me comunicar com o mundo. 

 

Ao escrever, publicar e divulgar isso, é óbvio que tenho a expectativa de que – se não milhares – ao menos algumas pessoas leiam o que escrevo, e sei que a proximidade a mim é o que faz com que as pessoas leiam meus escritos (crônicas que viram livros). E, mais, como o que escrevo é pessoal, falo (ainda) muito de mim, de como vejo o mundo, ou seja, me exponho, entendo que as pessoas acabem por me conhecer um pouco melhor por isso. Espero e entendo que seja assim.

 

Quando fui almoçar no restaurante de quase todos os dias na sexta-feira passada, ao final da reunião clínica das sextas-feiras, ao chegar na mesa reservada para o nosso grupo de médicos, por ser cedo para uma sexta-feira habitual, estava almoçando apenas um colega psiquiatra, professor da Escola de Medicina da PUCRS, que eventualmente almoça conosco. Servi minha comida no buffet e sentei-me na mesa com ele, apenas nós dois.

 

Foi quando ele comentou, assim, do nada, que no final de semana anterior havia lido meu livro ‘Eu Pai, Eu Filho’ (que terá sessão de autógrafos na Feira do Livro!) e que havia gostado. Fez ainda alguns comentários sobre o tema, sobre paternidade, e seguimos o almoço. Logo chegaram outros integrantes da mesa, e a conversa se desviou. Não precisava mais, havia ganho meu dia.

 

Já falei sobre isso, eu acho, mas desde que publiquei o primeiro livro, no ano passado, percebi que conhecer um outro lado meu além do médico mudou a percepção que pessoas com as quais eu convivo no ambiente de trabalho tinham de mim. Brinco que ‘mudei de prateleira’, mudei de nível.

 

O que é bem legal.

 

Até.