Não é não.
Uma das ansiedades da vida, e falo de mim, como sempre, relaciona-se com a dualidade entre o querer ser convidado para algo – reunião, evento, encontro – e a vontade/necessidade de dizer não. Tem a ver com a questão de definir prioridades e limites.
É sobre a necessidade – pessoal, minha - de sentir-me parte de algo, grupo ou comunidade, em contraposição com a obrigação, ou a sensação de obrigação, de participar. Sempre quero, mas nem sempre posso. E o não poder, nesse caso, em boa parte das vezes é imposto por mim mesmo, por colisão com outros potenciais eventos simultâneos que são, na ordem de importância que eu estabeleci para mim, mais significativos.
E dizer não é, muitas vezes, difícil.
Por nos sentirmos obrigados, por não querer decepcionar, ou ser deixado de fora ou, extremo dramático, ser esquecido. Muitas vezes temos dificuldade de impor limites por medo da reação dos outros, o que imaginamos que os outros vão pensar de nós.
Tenho tentado, ao longo do tempo, colocar em prática a arte de dizer não, mas - principalmente - estabelecer claramente para mim mesmo as prioridades da vida. Criar um sistema que não gere dúvidas sobre o que é mais importante em cada momento.
Parênteses. Ainda me pergunto se – aos cinquenta e três anos – eu deveria ainda estar me perguntando sobre esse tipo de questão, ou se não deveria já ter tudo resolvido, todo o caminho já estabelecido. Fecha parênteses.
Voltando ao priorizar, ao hierarquizar utilização do meu tempo, lembro que começou com o sábado de manhã, sempre descrito como as horas mais “caras” da minha semana. Ao me convidar para algo em um sábado de manhã, quem convida deve saber que a probabilidade de eu comparecer é pequena, então deve valer à pena.
Assim como são priorizados os eventos de família.
Ou as terças à noite de ensaios, que provavelmente vão voltar para segundas-feiras. Para faltar, o motivo deve ser importante. Mesmo que não agrade faltar a eventos e encontros que potencialmente gostaria de estar presente, sábados de manhã, família e ensaios tem prioridade sobre outros.
Assim, dessa forma, vou estabelecendo limites.
Os meus limites.
Até.