Sou de um tempo anterior às redes sociais.
Aliás, sou de um tempo anterior ao uso diário e cotidiano de computadores e telefones celulares. De um tempo de telefones fixos que eram caros de se obter e para os quais havia um mercado paralelo, e de pessoas que possuíam várias linhas telefônicas e as alugavam, como uma fonte de renda, inclusive.
O fato de os telefones não serem facilmente obtidos e nem necessariamente baratos levava ao uso dos telefones públicos, os orelhões, para comunicação com quem os tinha. Nós tínhamos em casa, em Porto Alegre, mas não na casa da praia, e a forma de nos comunicar com meu pai, que ficava durante a semana trabalhando em Porto Alegre enquanto ficávamos com a minha mãe nos verões em Imbé, eram os telefones públicos, com suas filas para ligação.
Isso, óbvio, muito antes dos celulares que, quando surgiram no Brasil, eram mais caros ainda e se pagava por ligação feita e recebida. E eram telefones móveis até ali, porque – além de trambolhos pesados – tinham uma autonomia de bateria pequena.
Outros tempos, outros tempos.
Tudo mudou muito rápido nos últimos trinta, quarenta anos, certamente muito mais rápido do que em qualquer outro período da história, e a minha geração foi praticamente a última que foi analógica e digital, vivemos nos dois mundos e sua transição. Passei de escrever em cadernos de anotação, para a máquina de escrever, o computador de mesa, e o notebook (não curto escrever textos maiores no celular).
Além disso, com relação aos relacionamentos, sou bem anterior aos aplicativos com esse fim, afinal estamos juntos, a Jacque e eu, há trinta anos. Sou (somos) do tempo em que se conhecia a pessoa na vida real, nos locais de trabalho, com amigos, e até em festas. Saíamos para conhecer pessoas. Ir para a noite era uma aventura, de certa forma.
Não sei como é hoje, exceto pelo que alguns amigos contam.
O interessante, contudo, é que ouvi sobre uma reportagem que fala da tendência de esses aplicativos de relacionamento estarem começando a perder audiência porque as pessoas estão buscando experiências reais, conhecer pessoas através de pessoas, amigos e conhecidos. Estariam buscando novamente conexões mais, poderia dizer, verdadeiras? Pode ser, não sei.
Como deixar o streaming de música e voltar aos discos de vinil.
Eu, por aqui, estou esperando a volta das cartas e dos cartões de Natal.
Até.