sexta-feira, agosto 30, 2024

Bullying, ou não

Bullying é coisa muito séria.

 

Por isso não vou falar sobre isso.

 

Mesmo que o que aconteceu algumas vezes com muitos de nós durante o período escolar tenha sido isso, para o qual não havia à época um nome próprio, e era considerado como parte do processo de crescimento, e mesmo que tenhamos sobrevivido, ainda assim é algo grave. Porque nem todos tem a estrutura psíquica/mental para suportar, pelas mais variadas razões, e ninguém tem o direito de submeter quem quer que seja a algo assim.

 

Porque é crueldade.

 

Dito isso, quero falar de algo que fazemos entre nós, adultos e amigos, que chamamos de bullying, mas que, no fundo, não acho que seja. Ou talvez seja, mas estamos prontos para lidar com isso em caráter de igualdade. Fica a pergunta, então: isso o que fazemos entre amigos é bullying

 

Acho que não, apesar de chamarmos assim, porque – a meu ver – existe uma relação desigual de forças entre o agressor e o agredido (física e/ou emocionalmente) nos casos de bullying. O que não acontece nesses eventos internos que ocorrem entre turmas de adultos e amigos. Aliás, um sinal de afinidade entre amigos (em especial de uma determinada faixa etária - sim, nós os “velhos”) são as manifestações de apreço através do que – para quem não faz parte – pode ser considerado vocabulário agressivo. É natural em determinados grupos. E, pela qualidade de igualdade existente entre nós, sabemos que “a banca paga e a banca recebe”. Uma hora és o executor, em outra o executado. E está tudo bem, desde que haja o acordo entre todos.

 

Esses dias, aconteceu de eu fazer um comentário desses (com o potencial de ser considerado bullying) a um amigo e uma pessoa “de fora” ouvir e perguntar “quem, hoje em dia, diz tal coisa?”, no que respondi tranquilamente, sem nenhuma inquietação, que absolutamente ninguém, nenhum eu, fala uma coisa dessas. Como assim?

 

Porque, naquele momento, estávamos falando um dialeto próprio.


É isso.


Até. 

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