Meu tempo, minhas regras.
Ano passado, por essa época, fui convidado para assistir um evento médico promovido por uma empresa da indústria farmacêutica em um hotel de Porto Alegre em um sábado de manhã. Respondi ao representante do laboratório que estava me convidando que eu agradecia o convite, que eu valorizava o trabalho de educação médica que era patrocinado / apoiado pela indústria – até porque já havia trabalhado em uma das multinacionais do setor – mas que não poderia estar presente porque era, justamente, em um sábado de manhã.
Que essa era minha hora mais cara da semana.
O sábado de manhã era o momento da semana em que eu mais valorizava, era quando eu acordava cedo voluntariamente para praticar atividade física, e que - para trocar por qualquer outra atividade – o custo-benefício tinha que ser muito bom. E eventos de educação médica patrocinados pela indústria farmacêutica na minha cidade dificilmente se enquadravam nessa categoria. Não fechava a porta para esses eventos, mas eu era MUITO seletivo...
Algumas semanas depois, houve o meu acidente de bicicleta quando – em um sábado de manhã - quebrei o braço e tive que passar por uma cirurgia para corrigir. Ainda não voltei a pedalar nas ruas depois disso porque resolvi que primeiro preciso de uma avaliação com cardiologista antes de retomar a bicicleta (as outras atividades físicas eu tenho feito regularmente), o que está atualmente em andamento. Mas isso não mudou o quanto valorizo o meu sábado de manhã.
É mais do que isso, contudo.
Em um contexto mais amplo, significa o priorizar, o hierarquizar as coisas. É definir um valor para o meu tempo, para quais atividades eu vou dedicá-lo em primeiro e segundo lugares. No fundo, é saber o quê realmente é importante na vida. O tempo que dedico à família, aos amigos, ao trabalho, aos projetos pessoais. Tempo é dinheiro, dizem, mas tempo, na verdade, é mais que isso, é o bem mais precioso que temos, porque aquele que passou, tenhamos “desperdiçado” ou não, esse tempo não volta. Cada um deveria, então, saber o que é importante para si. E - na medida do possível – não fazer concessões quando estiver lidando com o que é importante para a vida.
Eu tenho tentado.
Até.
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