Saí de casa hoje cedo com uma ideia de texto que se perdeu no trajeto entre a garagem de casa e aqui, onde escrevo às quartas-feiras de manhã, antes das reuniões e outras atividades do dia, que até envolvem atender pacientes, mas não como atividade principal. É o único dia da semana de trabalho – devo dizer - em que a medicina, e atender pacientes em especial, não é o meu foco principal.
Dizia eu a ideia de texto que eu tinha se perdeu no trajeto até o meu “escritório” das quartas de manhã, e confesso sem nenhum pudor que escrevo na esperança de reencontrá-la, o que – claramente – não aconteceu até aqui. Tudo certo, sigo aqui em minhas reflexões.
Continuo com a ideia ou, poderia dizer, sensação e/ou receio, de que as pessoas estão com a ideia de que estou deixando a medicina em segundo plano devido aos meus projetos paralelos e outros planos, que realmente não são poucos. Pode ser, porém, que seja eu quem esteja preocupado com o que as pessoas estão pensando ou como estão vendo esses movimentos que tenho feito ao longo do(s) último(s) ano(s). E sei que a maioria das pessoas não está nem aí para isso, cada um preocupado com suas próprias vidas e seus problemas.
Funcionou.
Lembrei sobre o que ia escrever.
Eu NÃO falo vários idiomas.
O que não nunca me impediu de tentar me comunicar nesses idiomas que eu não falo. E lembro da primeira viagem para Europa que fiz, no final dos anos 90, com o grupo original dos Perdidos na Espace. Naquela época, eu já falava inglês e entendia espanhol, apesar de não falar mais que um portunhol. Íamos, entre outros lugares, para a Alemanha. Como preparação, dei uma “estudada” a partir de um daqueles guias de bolso de idiomas da Folha de São Paulo (era um tempo sem celulares com internet, Google Translate etc.).
Ao chegar na Alemanha, eu tinha uma mínima noção de algumas palavras básicas, e sabia dizer que eu não falava alemão e perguntar se o interlocutor falava inglês (assim como faria na França...). Se falasse, tudo resolvido. Sabia isso e uns pequenos diálogos para situações como chegar em hotéis, ou restaurantes. Primeira parada na Alemanha, vindos de Bruxelas, na Bélgica, foi em Monschau, cidade de pouco mais de doze mil habitantes.
Chegamos no início da noite e, como era eu quem ia frente nessas situações, fui “negociar” um hotel. Não falavam inglês... Não me fiz de rogado: perguntei se havia quartos disponíveis. E foi só. Não entendi a resposta (solteiro ou casal) ... Tudo se resolveu, e ao longo do tempo, o meu repertório de alemão (e francês e italiano) aumentou, não a ponto de eu dizer que falo esses idiomas, porque não falo mesmo, mas acabo de certa forma me virando. Por isso digo que NÃO falo esses idiomas, mas, sei lá, até me viro.
Pensei em um paralelo com o resto da vida.
Algumas coisas eu sei mesmo, sou especialista, apesar de estar sempre aprendendo, como a medicina. Eu muitas outras, eu sou um amador. Não pretendo saber tudo de tudo, mas quero saber um pouco de tudo que conseguir.
Mas, como disse, sigo médico, cada vez mais médico.
Até.
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