quinta-feira, agosto 29, 2024

Sobre civilidade, e a velhice

 Quero ser um velho ranzinza.

 

Já disse isso, mas um dos meus objetivos de vida é me tornar, com o passar dos anos, um personagem como o interpretado por Harrison Ford na série Shrinking, da Apple TV+, ou o de Sam Elliot em The Ranch, série da Netflix. Mal-humorado, “resmungão”, é onde quero chegar.

 

Enquanto isso não ocorre, contudo, sigo em minha jornada civilizatória.

 

E não tem nada a ver com politicamente correto, mas sim com a vontade/necessidade de ter mais leveza na vida, não me estressar com situações que não me dizem respeito, mesmo quando – de alguma maneira – interferem comigo. O trânsito, por exemplo.

 

De umas semanas para cá, decidi que nada mais vai me estressar no trânsito (volto ao assunto, sim), mesmo quando o que acontece pode me “atingir”. Tenho procurado ser gentil, dar passagem, facilitar a vida dos outros motoristas mesmo em detrimento da (minha) agilidade. E tem funcionado, mesmo quando a corda é esticada ao limite da tolerância, do bom senso. Tenho, nesses momentos, repetido para mim, como um mantra, “não é sobre ti, não é sobre ti”. Mas, me pergunto, qual é o limite da tolerância, em que momento eu teria direito de me irritar?

 

Quando, por exemplo, em rua de mão única, em que ambos os lados da rua têm uma placa indicando que, além estacionar, é proibido até parar, e caminhões estacionam exatamente ali, onde não poderia nem parar, e isso atrapalha o trânsito, nesse momento, poderia eu baixar o vidro e xingar? Até acho que sim, que estaria autorizado. Mas não mudaria nada, talvez minha pressão subisse, e eu perdesse alguns minutos de minha expectativa de vida. “Não é sobre mim, não é sobre mim”.

 

Assim como em grupos de WhatsApp, que não entro em discussões sobre política ou futebol, porque – aprendi ao longo dos anos – que o que se escreve é MUITO pior do que aquilo que se diz. E até alguns comentários que já não faço pessoalmente para não me incomodar, e aí digo que – como pessoa jurídica – não posso comentar diversos assuntos.

 

Como realmente já disse, é um esforço e trabalho diários.

 

Vou chegar lá, com calma e resiliência.

 

Mas só até o dia em que eu virar um velho ranzinza...

 

Até.

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