terça-feira, agosto 20, 2024

Valsa dos Dezesseis

Dezesseis anos hoje, Marina.

 

Eu lembro claramente dos meus dezesseis anos. O que eu pensava à época, minhas expectativas e dúvidas, meus anseios. Eram muitos. Pensava que eu já deveria saber o que queria para o futuro, que deveria ter meu caminho mais ou menos definido. Uma bobagem, claro.

 

Mal sabia eu que não precisava saber de tudo tão cedo, que o caminho a gente faz enquanto anda. Que nada é definitivo na vida quando se tem dezesseis anos. Ou vinte, trinta, quarenta ou mesmo cinquenta anos. Sempre podemos mudar o rumo, mudar a vida. No fundo, as coisas são mais simples do que as fazemos.

 

Mas acho que já sabes disso, filha.

 

Aliás, tenho a impressão de que sabes muito mais da vida do que eu sabia com tua idade, e isso é motivo de felicidade para mim. Sempre quando falo de ti para outras pessoas, entre outros elogios, digo que não tem tempo ruim contigo, que tens - aparentemente, ao menos – a serenidade de olhar o mundo de uma forma mais objetiva, mais tranquila, e essa é uma característica que eu nem sempre tive.

 

O que eu sempre soube é que eu queria ser pai, eu precisava ser pai. Desde muito cedo. De verdade. Ser teu pai, contudo, superou qualquer expectativa que eu pudesse ter. Tem sido muito melhor, tenho sido muito melhor por tua causa. És inspiração para o que faço, e te ver feliz é o que nos faz feliz, tua mãe e eu. A vida é um palco onde tens brilhado. Segue fazendo o que amas. 


Dezesseis anos.

 

A vida tem sido muito melhor por tua causa. 

 

Obrigado, filha.

 

Te amo.


Até. 

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