segunda-feira, agosto 26, 2024

Sobre ter ido e ter voltado

A passagem de datas marcantes, na história do mundo ou em nossas próprias histórias pessoais, sempre é momento propício para reflexões, avaliações e reavaliações dos fatos. É quando podemos (se quisermos, óbvio) parar e olhar para trás, para os caminhos percorridos e as consequências das decisões tomadas ao longo do tempo. Esses últimos dias têm sido assim para mim, em virtude da marca de vinte anos da minha ida ao Canadá para o Pós-doutorado na Universidade de Toronto.  

 

Já escrevi sobre isso, mas as repercussões desse período em minha vida pessoal, assim como para o médico, foram gigantescas. Desde (pode parecer bobo, eu sei) a validação externa do meu conhecimento como pneumologista (eu estava lá como especialista para fazer pesquisa, não como estudante) até a comprovação de que, sim, eu sabia viver por minha conta... Quando voltei, então, foi bem interessante ver o quão diferente os colegas me viam, o quanto o “meu conceito” como médico havia melhorado, por mais que eles não tivessem a menor ideia do que eu havia feito por lá. Sempre brinquei que eu poderia ter ido para lá para estudar inglês, ou até para algum tipo de trabalho braçal, que as pessoas pensariam que eu havia voltado um médico melhor.

 

Talvez estivessem certas.

 

Mas olho para aquele período como um grande aprendizado de vida, como realmente foi. Lidar com a distância daqueles que me eram mais queridos, viver em outro país, com outro idioma, trabalhar na minha área, criar referências, amigos (que o são até hoje), tudo me fez crescer como pessoa, ampliou o meu mundo. Tenho a certeza de que voltei uma pessoa melhor de lá.

 

E continuo aprendendo sempre, e procurando crescer a cada dia.

 

É o objetivo, ao menos.

Até. 

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