(Continuação do texto de ontem)
Em 1925, John Thomas Scopes, aos 24 anos e professor de uma escola secundária no Tenesse, EUA, foi levado a julgamento após confessar que havia ensinado a Teoria da Evolução de Darwin em algumas aulas de biologia que deu como professor substituto. E isso era ilegal. O julgamento ficou conhecido como o “Monkey Trial”, ou ‘julgamento do macaco’.
E as razões para isso permanecem bem vivas, oitenta anos depois. A seleção natural – ciência, não fé – fornece uma explicação para as origens da vida, incluindo humana, que depende inteiramente das leis da natureza. Não fala nada sobre a existência de um deus que teria criado. O problema é que, para muitos, se os humanos são apenas mais um produto da natureza sem um status especial, não há necessidade de nenhum tipo de moralidade. Mesmo com tudo que sabemos, ainda há muita gente que é cada vez mais ligada a crenças e leis religiosas estritas.
E aí entra o Intelligent Design (ID).
Essa teoria diz que as existem estrutras biológicas muito complexas para terem sido criadas por seleção natural e devem ter sido criadas, ou ‘desenhadas’. Para isso, eles se utilizam de alguns conceitos, entre eles o da “Irreducible complexity”.
Esse conceito propõe que alguns sistemas moleculares, com aquele que desencadeia a coagulação do sangue em humanos, não pode ser “quebrado” em unidades funcionais menores, então não pode ter sido criado por seleção natural. Outro conceito, ‘Specified complexity’, utiliza a teoria das probabilidades para tentar mostrar (provar?) que é tão improvável que certas estrutras biológicas tenham surgido por processos naturais que elas devem ter sido “desenhadas”, ou criadas.
Aparentemente, essas idéias até podem parecer plausíveis, mas contêm um problema: não podem ser testadas e, portanto, NUNCA vão poder ser consideradas ou entendidas como ciência. Além disso, se for aceito, o ID pode ser o responsável pelo fim da pesquisa, pois cada vez que os cientistas chegarem a algo sem explicação, ao invés de continuarem procurando respostas poderão apenas considerar que aquilo é produto do “desenhista”.
Não só isso. Aqueles que defendem o ID dizem que – para haver justiça – nas escolas deveriam ser ensinadas as duas teorias e sua controvérsia. Controvérsia? Que controvérsia? Não há controvérsia! Esse é o problema, estão querendo dar a entender que existem dúvidas onde elas não existem.
A evolução por seleção natural vem sobrevivendo há 146 anos de escrutínio científico, de testes, e é considerada o ‘mais importante conceito na biologia moderna’ pela Academia Americana de Ciências Naturais. Não há controvérsia. Querer ensinar também o ID como alternativa à evolução natural é o mesmo que dizer que há algum tipo de controvérsia entre astronomia e astrologia.
Ou querer convencer que "existem elefantes roxos que flutuam."
Até.
Um comentário:
Marcelo:
O problema, como você mesmo falou, é que a teoria darwinista derruba as crenças da existência de um Deus, o que vai contra toda a teoria da luta do bem contra o mal de Bush e Cia.
Acho díficil que uma pessoa bem informada possa negar a teoria da evolução da espécie, mas o ser humano tem cada uma que não dá para entender....Já vi pessoas que eram totalmente céticas se transformarem em “crentes” após alguma experiência traumática...Enfim, não dá para explicar, mas também não dá para esconder e fazer uma nova inquisição. Muito bom texto.
Abraços.
Edgard.
PS: O seu colorado mandou bem ontem, hein!!!
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