Eu não causei o tsunami.
Ninguém me tira da cabeça que o tsunami não aconteceu por minha culpa. É uma teoria que eu tenho, e não tem nada a ver com megalomania. Digamos, então, que eu nem ao menos contribuí para o fenônemo da natureza que devastou a Tailândia em dezembro passado, como poderia algum desavisado pensar.
É um pensamento bem simples: o mundo tem sua ordem pré-estabelecida, a engrenagem funcionando perfeitamente, todos executando seus papéis conforme o esperado e planejado (Por quem? Deixemos a metafísica de lado…). Aí alguém sai do roteiro, faz um movimento inesperado, e de certa forma altera o curso regular do mundo. O resultado? Castástrofes naturais.
É quase a mesma coisa do que dizem da teoria do caos: uma borboleta batendo as asas numa frequência diferente da usual na Califórnia pode causar uma tempestade tropical na Nova Guiné. O mesmo acontece quando pessoas saem da rota esperada para elas.
E eu com as calças?
Pois é, eu tenho um álibi.
Explico.
Certamente existem algumas pessoas que ficaram surpresas com a minha vinda, há quase um ano, aqui para Toronto. Isso porque achavam que eu provavelmente eu “não merecesse” vir para cá, ou talvez não quisesse ou até não tivesse capacidade. Sei lá, as pessoas pensam tantas coisas sem fundamento, vai saber…
Mas o fato é que essas mesmas pessoas podem ter pensado quando souberam do ocorrido naquelas praias do sul da Ásia: “o Marcelo tem a ver com isso. Ele saiu do rumo que estava estabelecido para ele, e agora acontece isso. Ele devia ser punido”. Pois é, as pessoas pensam coisas estranhas. Vê só, tem gente que acha que o Roberto Jeferson é um herói porque está denunciando um esquema que ocorria no governo, enquanto qualquer um que pensa um pouco, lê um pouco, sabe que ele só denunciou porque pediu mais dinheiro – do esquema que ele fazia parte – e não levou. Ele não é alguém pensando no bem do Brasil, ele está mais para ex-mulher traída entregando o marido que parou de pagar pensão. Pois é…
Mas eu dizia que não causei o tsunami. Isso porque eu não saí do meu caminho. Onde estou agora é parte, e – melhor – cheguei aqui sem me desviar dele. Demorou um pouco mais de tempo, mas foi porque segui por várias tornantes. São elas que levam para cima e deixam o caminho mais interessante.
The long and winding road.
Até.