Além disso, nunca responder a um comentário com um texto, ainda mais se for um comentário agressivo. Por uma razão simples: não posso dar audiência a quem não merece.
E não que eu não aceite que discordem de mim, que me critiquem. As críticas, desde que vindas como parte de um debate, são sempre bem recebidas. Como quando falei do Norman, o peixe, e insinuei uma relação entre possuir um peixe e homossexualidade. Recebi o seguinte comentário, assinado e com email de quem o fez:
“Me impressiona que mesmo tendo a chance de viver num pais mais tolerante voce ainda esta carregando o resquicio de um pais hipocrita como o Brasil, onde e' comum ficar tirando sarro, contando piadas e tratando como inferior ou weird uma outra pessoa so por causa de sua orientacao sexual, cor, religiao, etc etc. Eu espero que ao longo de algum tempo voce mude e seja mais tolerante. Afinal de contas uma pessoa straight segura de sua sexualidade nao tem nada a temer.
Eu gosto dos ler os seus posts mas esse comentario me pareceu preconceituoso.
Entendi a crítica, e a respeito. Não concordo, mas vou pensar a respeito. Como a pessoa que fez o comentário não me conhece pessoalmente, tem todo o direito de pensar que o que eu escrevi foi mais do que uma simples piada. Tudo bem, sem mágoas. Por outro lado…
Recebi ontem o seguinte comentário:
Este egocentrismo burguês está cada vez me enchendo mais e mais.Vou desistir de ler teu blog, não sabe escrever outra coisa que não suas pirações esquizofrenicas? Se ama tanto o teu Brasil, por que não está fazendo esse curso por aqui mesmo? Rafael
Pois é.
Pensei no que fazer com comentário: apagar, ignorar, ficar revoltado (You and I, outside, now!), responder num outro comentário. Achei que esse valia um texto como resposta. Mas não extamaente como resposta, porque um Rafael que não se indentifica é a mesma coisa que se assinasse como “Pessoa” ou “Humano”: não me diz nada. Se fosse sério, estava lá o seu sobrenome e e-mail. Mas nem assim valeria uma resposta direta a você, caro leitor anônimo que se identificou como Rafael.
Mas ainda assim é uma respota, e vou fazê-la por partes, dissecando o comentário com cuidado para todos poderem ver suas entranhas, suas tripas expostas. Do comentário, claro. Vanlá, então…
”Este egocentrismo burguês…”
Por princípio, quem escreve um blog é egocêntrico. Mais, nós, escritores, por definição, somos egocêntricos. Ampliando mais um pouco, todo – todo - o artista é egocêntrico e narcisista, definições que podem soar redundantes mas que são diferentes.
E eu não sou diferente, e olha que só estou me incluindo como dono de blog e, forçando um pouco, escritor, apesar de – confesso – me considerar um artista também, mas isso não preciso dizer, todos já devem saber em virtude do tamanho do meu ego. O bom é que isso não é novidade para ninguém, e nunca foi problema, com exceção da vez entrei em discussão com um colega que insistia em me contrariar até que ameacei: “olha que te transformo em pedra”, no que ele respondeu, desafiadoramente “transforma, vai, quero ver!”. Neste momento de tensão, fui magnânimo: perdoei ele e ficou tudo bem... (*)
Só não entendi o burguês, mas não tem problema. Já passei há anos pela fase de ficar perturbado de ser chamado de burguês. Faz tempo que tinha ouvido isso a última vez, acho que foi no colégio, numa hora do recreio, mas não tenho certeza.
“…está cada vez me enchendo mais e mais…”
Isso significa que vens lendo o meu blog há tempo, não gostando e mesmo assim te torturando com isso, indo lá todos os dias para conferir o que o “egocêntrico burguês” escreveu? E o que fazes depois, auto-mutilação?
”…Vou desistir de ler teu blog…”
Mas se te faz tanto mal assim, por que inisistes em sofrer? Eu ia te recomendar isso mesmo, quem sabe acabes te sentindo melhor, mais tolerante, bem humorado?
”...não sabe escrever outra coisa que não suas pirações esquizofrenicas?…”
Não. Aliás, não é da tua conta.
”…Se ama tanto o teu Brasil, por que não está fazendo esse curso por aqui mesmo?”
Não entendi essa parte, de verdade. O que uma coisa tem a ver com outra? Se gosto do lugar em que nasci e sempre vivi significa que não posso sair dali? Ou não posso sentir falta? Não sei o que pensas do teu Brasil, mas também não me interessa saber, deixa para lá….
Imaginei que isso pudesse acontecer. Quando – e se – a audiência diária desse blog aumentasse, iam começar as tentativas de pautar o conteúdo do que escrevo. Está acontecendo, mais não vai funcionar.
A Sopa, e depois esse blog, foram criados justamente para eu escrever sobre o que eu quisesse, e, enquanto aqui no Canadá, sobre o que eu passo/sinto/penso. Eu, eu, eu. É essa a função do blog, falar sobre mim e sobre o que eu penso (que nada mais é o que sou). E de vez em quando escrever literatura.
E não é um blog de utilidade pública. Se você chegou aqui procurando informações sobre o Canadá ou qualquer outra coisa, se deu mal: aqui fala do Canadá que eu vivo, das coisas que eu passo, das minhas impressões. Existem muitos lugares melhores do que esse para informações.
Evidentemente que eu quero ser lido. Qual o escritor que não quer? Mas não vou mudar o que escrevo conforme a vontade das pessoas. Respeito os escritores que leio, mesmo que não concorde. Se não gosto mesmo, não leio. Ponto.
E vamos acabar com essa palhaçada.
Até.
(*) Trecho llivremente inspirado em crônica do Luís Fernando Veríssimo
2 comentários:
O blog e teu, o pc e teu, o nick e teu e voce escreve o que te der na telha.
Voce ainda foi nobre o bastante pra responder. Eu nao respondo nao, mando pra pqp mesmo. Haters SEMPRE vao existir. Sabe o que e isso?! Alguem burro, que sabe que voce e um cara inteligente, com uma carreira brilhante, uma mulher maravilhosa, e fica com inveja.
Normal. Muita gente que eu conheco passa por isso(inclusive eu - porque logico, eu sou blogueira e tambem egocentrica e narcisista!!!). Te cuida ai, bom fim de semana! :D
A internete é democrática mesmo. Não é? Puxa ficou ótimo o diálogo. O cara te deu um p. material pra escrever. será que ele vai ler a resposta? ele deve amar o teu blog, e deve estar aguardando o próximo post.
Engraçado que ontem mesmo falei com a Aninha que gostamos do teu estilo de escrever.
Ah! um dia se eu for numa briga juro que eu vou chamar a Aninha pra ir junto.
Adorei.
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