sábado, agosto 06, 2005

Sessenta anos hoje


Hiroshima
Originally uploaded by Marcelo Tadday.
Eu sempre penso no momento seguinte ao da explosão. Sei que quase com certeza não foi assim, mas prefiro imaginar – no lugar dos gritos, dos choros, dos mortos – apenas o silêncio, o silêncio mortal. O silêncio do fracasso da humanidade.

Talvez o silêncio tenha sido aquela fração de segundo antes da bomba explodir após ter sido abandonada no ar pelo Enola Gay, o nome dado ao B-29 pilotado por Paul Tibbets, que mudou a história da II Guerra Mundial e do mundo. É estupefação, e tristeza.

No filme “Até o Fim do Mundo”, do Wim Wenders (Bis ans Ende der Welt, 1991), há uma cena que me impressiona também por isso, o fim e o silêncio. Um casal está voando num aeoplano por sobre um deserto na Austrália quando uma bomba nuclear explode. O motor pára e o avião plana, os dois em silêncio sobre o deserto, se olham e alguém diz, “é o fim, acabou”. E os dois assim permanecem.

Eu penso na crianças.


“Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa em nada”

2 comentários:

Rafael Reinehr disse...

Ei! Adoro esta música dos Secos e Molhados... Marcelo, temos que nos conversar por MSN para viabilizar algum projeto literário em conjunto. Adicione o armazemdeideiasideais@hotmail.com e conversamos. Fraterno amplexo.

Anônimo disse...

Bombs are not guilty
People are.

Enquanto houver seres humanos na Terra, a gente sempre vai ver e ouvir falar de coisas absurdas como essa.

Infelizmente :(