Um comercial de TV.
Uma jovem vem caminhando despreocupadamente por uma rua toda arborizada quando, em meio ao quase flanar (o seria se ela estivesse em Paris), vê uma folha (uma maple leaf) no chão. Pára, e grita desesperadamente, como se tivesse visto o Freddy Krueger em pessoa, obstruindo sua passagem e ameaçando-a com sua garra. Se fosse aqui em Toronto, próximo ao Toronto General Hospital, a rua se chamaria (como se chama) Elm St e o nome do comercial seria justamente ‘Nightmare on Elm St ‘ (explicar a piada é horrível, mas vamos lá: esse é o nome original da série de filmes com o Freddy Krueger, que no Brasil se chamou 'A Hora do Pesadelo').
Mas eu contava o comercial: ela vê a folha caída na calçada e grita, um grito de pavor, e se ouve uma voz dizendo “The summer will not last forever”. O resto do filme ou mesmo qual o anunciante não são importantes. A mensagem está clara.
O verão está terminando.
Os sinais de seu fim estão por toda a parte, e um deles é que começou esse final de semana a Canadian National Exhibition (The EX), que vai até o dia cinco de setembro, Labour Day, final das férias de verão e recomeço do ano aqui. Setembro é como março no Rio Grande do Sul, ainda verão mas tudo já está funcionando a pleno. Se bem que aqui esfria logo. Lembro que ano passado (já tenho lembranças canadenses com mais de um ano) senti frio pela primeira vez no meio de setembro. Estava eu assistindo um jogo de beisebol – no início atento para entender o jogo e depois quase morto de tédio ao aprender como funciona e achar MUITO chato – quando bateu um vento e tive que ir embora no sexto inning. Faltavam ainda quatro e – fiquei sabendo depois – não aconteceu nada nesses últimos.
Já disse diversas vezes isso, mas insisto: aqui no Canadá, pelo fato das estações serem bem marcadas, a noção da passagem do tempo é mais clara. Logo as folhas começarão a mudar de cor e a cair de novo, o ciclo se completando com a chegada do longo e rigoroso inverno, de dias curtos, muito frio, introspecção. E dois mil e cinco estará termindo e avançaremos por dois mil e seis, o ano que terá duas primaveras, para compensar os dois outonos de dois mil e quatro.
Pois, como diz o meu pai, “Acabou agosto, acabou o ano”.
Até.