quarta-feira, agosto 10, 2005

Referências

Desde antes de sair do Brasil, venho me deparando com a questão da minha própria relação com o país. Como me sinto com relação ao lugar onde nasci, e como me sentiria quando mudasse – mesmo que por pouco tempo – para longe dele, são as perguntas que venho me fazendo há mais de um ano.

Pensando localmente para depois ampliar a visão, com a minha cidade e com o estado, o Rio Grande, o sul, não há dúvidas. Sempre soube o meu lugar. É o óbvio ululante, eu sou o lugar em que nasci e me criei, e nunca se foge disso. Onde quer que eu vá, serei – mesmo que cidadão do mundo – sempre Porto Alegre, cep noventa mil. Todas as referências estão lá.

Lembro a primeira vez que estive em Buenos Aires. Andávamos, a Jacque e eu, pela calle Florida, lá em cima, quase na Plaza San Martin, e a visão de toda ela, calle Florida, seu calçadão, as pessoas indo e vindo, as bancas de jornal. “Rua da Praia, Porto Alegre”, pensei. Poderia algum desavisado leitor lembrar que as duas cidades são próximas, vizinhas de cone sul, a proximidade misturando culturas e povos. Sim e não, antecipo a resposta. Tive uma impressão parecida, só que parecia Buenos Aires, ao andar nas margens do Tevere em Roma. Mas, afinal de contas, temos todos a mesma origem, não? Somos do ocidente.

A questão do Brasil, então.

Confesso que nunca me senti tão brasileiro como agora. Talvez funcione como um mecanismo de defesa, reforçar a identidade para sentir-se parte de algo maior, possivelmente até como forma de aproximar-se de pessoas, de mesma nacionalidade e mesmo idioma, por mais que falemos todos dialetos regionais.

Por outro lado, mantenho o mesmo estranhamento com relação ao Brasil que tinha antes. Mas que não é apenas meu, é de muitos. E é um traço característico nosso, habitantes do extremo meridional do país, questionar nossa relação com o restante do país. Em que somos diferentes, quais nossas similaridades?

Por seu tamanho continental, o Brasil não é um só. Somos muitos 'Brasis".

No domingo que passou, estive na Brazilfest 2005, aqui em Toronto. Fui lá para dar uma olhada, fiquei um pouco e fui embora. Havia samba, havia mulatas, caipirinha. Brasil, com todos os estereótipos possíveis. Faltando – talvez – futebol. Por que não me senti em casa?

Porque no Brasil onde vivo faz frio, e até neva.

Até.

2 comentários:

Anônimo disse...

O Brasil que eu vivia nao tinha mulata e nem caipirinha. Nao no mundo que eu tinha la, talvez no mundo de muitos sim.

Eu antes nao gostava de dizer que era Brasileira, agora confesso que amo. Encho o peito e falo. Se alguem critica, falto bater :P Beijos

Anônimo disse...

Este teu egocentrismo burguês está cada vez me enchendo mais e mais.Vou desistir de ler teu blog, não sabe escrever outra coisa que não suas pirações esquizofrenicas? Se ama tanto o teu Brasil, por que não está fazendo esse curso por aqui mesmo? Rafael