sábado, dezembro 11, 2010

Sábado (e se vão 100 anos)

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Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa
Uma boa média que não seja requentada,
Um pão bem quente com manteiga à beça,
Um guardanapo e um copo d'água bem gelada.
Feche a porta da direita com muito cuidado
Que eu não estou disposto a ficar exposto ao sol.
Vá perguntar ao seu freguês do lado
Qual foi o resultado do futebol.

Se você ficar limpando a mesa
Não me levanto nem pago a despesa.
Vá pedir ao seu patrão
Uma caneta, um tinteiro,
Um envelope e um cartão.
Não se esqueça de me dar palitos
E um cigarro pra espantar mosquitos.
Vá dizer ao charuteiro
Que me empreste umas revistas,
Um isqueiro e um cinzeiro.

Telefone ao menos uma vez
Para três quatro, quatro, três, três, três
E ordene ao seu Osório
Que me mande um guarda-chuva
Aqui pro nosso escritório.
Seu garçom me empresta algum dinheiro,
Que eu deixei o meu com o bicheiro.
Vá dizer ao seu gerente
Que pendure esta despesa
No cabide ali em frente.

Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa
Uma boa média que não seja requentada,
Um pão bem quente com manteiga à beça,
Um guardanapo e um copo d'água bem gelada.
Feche a porta da direita com muito cuidado
Que eu não estou disposto a ficar exposto ao sol.
Vá perguntar ao seu freguês do lado
Qual foi o resultado do futebol.

(Noel Rosa, nascido em 11/12/1910)

quarta-feira, dezembro 08, 2010

Há 30 anos

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Whatever gets you through the night 'salright, 'salright
It's your money or life 'salright, 'salright
Don't need a sword to cut through flowers oh no, oh no

Whatever gets you through your life 'salright, 'salright
Do it wrong or do it right 'salright, 'salright
Don't need a watch to waste your time oh no, oh no

Hold me darlin' come on listen to me
I won't do you no harm
Trust me darlin' come on listen to me, come on listen to me
Come on listen, listen

Whatever gets you to the light 'salright, 'salright
Out the blue or out of sight 'salright, 'salright
Don't need a gun to blow your mind oh no, oh no

Hold me darlin' come on listen to me
I won't do you no harm
Trust me darlin' come on listen to me, come on listen to me
Come on listen, listen


Foi há 30 anos, em frente ao Dakota.

Eu tinha oito anos de idade.

Parece que foi ontem.

Até.

terça-feira, dezembro 07, 2010

domingo, novembro 21, 2010

Porto Alegre, Novembro, Ano 2010

Não importa que Deus
Jogue pesadas moedas do céu
Vire sacolas de lixo
Pelo caminho

Se na praça em Moscou
Lênin caminha e procura por ti
Sob o luar do oriente
Fica na tua

Não importam vitórias
Grandes derrotas, bilhões de fuzis
Aço e perfume dos mísseis
Nos teus sapatos

Os chineses e os negros
Lotam navios e decoram canções
Fumam haxixe na esquina
Fica na tua

Vem, anda comigo pelo planeta
Vamos sumir!
Vem, nada nos prende, ombro no ombro
Vamos sumir!

Não importa que Lennon
Arme no inferno a polícia civil
Mostre as orelhas de burro
Aos peruanos

Garibaldi delira
Puxa no campo um provável navio
Grita no mar farroupilha
Fica na tua

Não importa que os vikings
Queimem as fábricas do cone sul
Virem barris de bebidas
No rio da prata

Boitatá nos espera
Na encruzilhada da noite sem luz
Com sua fome encantada
Fica na tua

Poetas loucos de cara
Maldito loucos de cara
Pirados loucos de cara
Ah, vamos sumir!

Parceiros loucos de cara
Ciganos loucos de cara
Inquietos loucos de cara
Ah, vamos sumir!

Vem, anda comigo pelo planeta
Vamos sumir!
Vem, nada nos prende, ombro no ombro
Vamos sumir!

Se um dia qualquer
Tudo pulsar num imenso vazio
Coisas saindo do nada
Indo pro nada

Se mais nada existir
Mesmo o que sempre chamamos real
E isso pra ti for tão claro
Que nem percebas

Se um dia qualquer
Ter lucidez for o mesmo que andar
E não notares que andas
O tempo inteiro

É sinal que valeu!
Pega carona no carro que vem
Se ele não vem, não importa
Fica na tua

Videntes loucos de cara
Discrentes loucos de cara
Inquietos loucos de cara
Ah, vamos sumir!

Latinos, deuses, gênios, santos, podres
Ateus, imundos e limpos
Moleques loucos de cara
Ah, vamos sumir!

Gigantes, tolos, monges, monstros, sábios
Bardos, anjos rudes, cheios do saco
Fantasmas loucos de cara
Ah, vamos sumir!

Vem, anda comigo pelo planeta
Vamos sumir!
Vem, nada nos prende, ombro no ombro
Vamos sumir!

(Loucos de Cara, Vítor Ramil)

segunda-feira, novembro 08, 2010

Ainda não sei

Eu sou meio lento, me perdoem.

Faço essa pequena confissão apenas para dizer que pode levar anos para que eu consiga assimilar o que aconteceu ontem à noite no estádio Beira-Rio, aqui mesmo em Porto Alegre. E eu estava lá.

Paul McCartney tocou em Porto Alegre. Todos sabem, quem pôde estar lá, esteve.

A ficha ainda não caiu.

Pode parecer meio bobo, mas nunca imaginei que veria Eleanor Rigby, ou Blackbird, Let it be, The Long and Winding Road, Hey Jude, Day Tripper, Yesterday, Jet, etc, sendo tocadas ao vivo pelo cara que as compôs. Pelo Paul! A sensação de irrealidade que se abateu em mim durante o show, como se eu estivesse num mundo paralelo onde um Beatle está tocando na minha cidade, perto da minha casa, tem explicação por aí.

Foi semelhante - não posso dizer em que proporção - ao que ocorreu uns anos atrás em um show do Chico Buarque, quando ele tocou "Quem te viu, quem te vê". Fiquei meio fora do ar, abobalhado.

Voltando ao show de ontem, a vida toda eu escutei as músicas do cara, até tocamos algumas na época da Banda da Sopa, então ver o cara ali, ele mesmo, tocando, foi uma experiência, assim, que não consigo descrever. Talvez um dia eu consiga.

Quando a ficha cair.

Até.

quarta-feira, novembro 03, 2010

Ainda sobre as eleições

Excesso de internet me deixa enjoado.

Isso acontece, de tempos em tempos, principalmente quando passo muito tempo lendo o que as pessoas escrevem nas redes sociais. Há um tempo, era o Orkut, do qual volta e meia eu tinha que “me desligar”, evitar ler o que escreviam em certas comunidades, para não me irritar demais. Pela simples intolerância das pessoas.

Hoje em dia, é o Facebook que me causa esse efeito, que fica exacerbado principalmente em período pós-eleitoral, quando vêm à tona as mais diversas formas de preconceito, incapacidade de convivência com o contraditório, dificuldade de aceitar uma maioria que pensa diferente, e a boa e velha baixa auto-estima brasileira.

Eu não votei na Dilma para presidente.

Tinha minhas razões para achar que o Serra era melhor candidato, e votei nele, não contra ela. Essa é um ponto importante: eu votei em quem eu achava o melhor, não para evitar que um partido ou uma pessoa se elegesse. Como em 2002 eu havia votado no Lula com convicção, agora achava que era hora da alternância no poder, e que o Serra era um candidato mais pronto para o cargo. Não foi o que achou a maioria. Ponto.

Acabou aqui a discussão.

A partir de agora, toda a minha torcida é para que a Dilma – que não é uma pessoa despreparada, longe disso – faça o melhor governo possível, e que daqui a quatro anos queiramos reelegê-la. Continuarei minha vida, trabalharei como sempre, continuarei crítico com relação ao que não concordo e apoiarei o que acho certo. Simples, tranqüilo.

Por outro lado...

Segunda-feira pela manhã, ao chegar ao hospital, fui até a Associação dos Médicos (do qual sou parte da diretoria) e lá, em dia de pouco movimento devido ao meio feriadão, estavam alguns poucos colegas. Enquanto checava e-mails no computador, ouvia a conversa, e um mais alterado dizia que logo a revista Veja ia ser fechada pelo governo, e o colunista Diogo Mainardi seria assassinado. Lembrei da eleição de 1989, quando diziam que, se o Lula fosse eleito, haveria a reforma urbana e famílias de sem teto invadiriam nossas casas e seria o caos. Só pude pensar que, mesmo depois de mais de vinte anos, as pessoas não aprendem.

O mesmo ocorre na internet, onde desde domingo têm pipocado, e tenho lido no Facebook, devido aos contatos mais diversos que tenho, inúmeras manifestações escatológicas (com o sentido de final de mundo) com relação à eleição do último domingo. Desde chamando o Brasil de país de merda (porque “não pensam como eu”, pelo visto) até gente ameaçando emigrar para outros países sem problemas, como – por exemplo – a Itália (que elege apenas pessoas honestas e com uma reputação ilibada, como o Berlusconi) ou a França (que não tem manifestações públicas ou greves ou conflitos).

Já disse outras vezes, e repito: somos um país muito jovem, e ainda estamos aprendendo a viver em sociedade, ainda atrás de justiça social e muito mais. Uma parcela dos que gritam mais alto é por medo de perderem privilégios. Ninguém gosta de perder nada, aliás (exceto peso, mas esse não é o caso), compreensível. Tenho certeza que não vai ser o fim do mundo, como não foi com a eleição do Lula.

Quanto ao governo Lula, não se pode negar que, apesar dos diversos problemas apresentados (alianças não muito recomendáveis, a ética indo por água abaixo em muitos momentos, mensalão, etc), foi um governo muito bom para muita gente, que saiu da miséria e passou a ter uma vida mais digna. Foi isso que reelegeu o governo, agora representado pela Dilma.

De novo: eu não votei na Dilma.

Mas espero que o governo da primeira mulher Presidente do Brasil seja lembrado pelo seu enorme sucesso. Torço mesmo.

Até.

quarta-feira, outubro 27, 2010

Não é verdade

De repente me dei conta que eu tenho mais me queixado do que qualquer outra coisa, que estou parecendo amargo e desanimado. Chateado com algo, até.

Não é verdade.

Longe disso!

Vivo um dos melhores momentos da minha vida, tanto em termos profissionais quanto da vida pessoal. Tenho trabalhado muito, é verdade, tenho estado fisicamente exausto. De verdade. Mas é um cansaço bom (se é que existe isso), aquele da sensação do dever cumprido. De estar indo no caminho certo e, melhor, sem fazer concessões a nada e nem ninguém.

O caminho até esse ponto foi longo e tortuoso, tenho muito ainda o que percorrer, mas estou certo do rumo.

É isso.

Os ajustes que precisam ser feitos, o tempo que tem faltado para sentar com os amigos e conversar sem compromisso, sobre a vida e as pessoas, esses virão logo, logo.

Até.

domingo, outubro 24, 2010

Questão

Comentaram, esses dias, a meu respeito, que eu havia aderido "ao sistema".

Seja lá o que for o sistema.

De qualquer forma, pensei bastante no assunto, me perguntando se eu havia "me vendido" ao dito sistema. Se aquele garoto que queria mudar o mundo frequentava agora as festas do "Grand Monde" ou, pior, assistia a tudo em cima do muro.

Não, os meus sonhos não foram vendidos.

Talvez o sistema tenha me aceitado.

Sei lá.

Até.

sábado, outubro 23, 2010

sexta-feira, outubro 22, 2010

Sexta-feira

Muito, mas muito cansado.

E as férias, onde estão?

Ainda não as vejo no horizonte, ainda não as vejo...

Até.

quarta-feira, outubro 20, 2010

Eleições

Pode ser que seja eu.

Mas não tenho tido estômago para acompanhar a campanha eleitoral ora em andamento.

O nível de desonestidade intelectual é assustador. A manipulação da verdade em prol da validação de argumentos mancos é um insulto diário à inteligência das pessoas. Pela primeira vez na vida considerei a possibilidade de anular o voto. A arrogância de uns e outros (não apenas candidatos) tira a graça do processo.

Não há discussão de idéias.

Quase fui linchado no domingo porque pedi para eleitores de determinado partido mudarem de lugar em sua manifestação porque estavam importunando e invadindo o espaço onde crianças e idosos faziam fila para visitar o Pulmão Gigante. O argumento era de que a praça é pública. Logo, e por isso, imagino, a selvageria é liberada. Se houvesse alguma chance de votar nessa linha de pensamento até aquele momento, acabou. Para justificar a invasão do espaço, um argumento usado foi de que antigamente "os outros" não se preocupavam com o povo.

Disse que eu não me importava com manifestações políticas, inclusive as achava fundamentais. Só não aceitava o que estava acontecendo (invadirem o espaço que estávamos ocupando). E que se não gostasse, que fosse para o quinto dos infernos. Ah, e apareci com dois oficiais da polícia que me ajudaram a deimitar o espaço para todos.

Hoje, ocorreram agressões a um dos candidatos.

É a isso que chamam de democracia?

Deixa para lá.

Vou até ali vomitar.

Até.

quinta-feira, outubro 14, 2010

Longo Dia

As atividades começaram às 6h30 direto do Pulmão Gigante, e seguiram por todo o dia, mesmo quando esteve chovendo. No final da tarde, participação no programa Cafezinho, da Pop Rock, para o lançamento da campanha "Não se fume", parceria da rádio com a SPTRS e com a Paim Comunicação.

Amanhã, longo dia novamente.

Assim como será o sábado.

Férias, eu precisava de férias...

Até.

quarta-feira, outubro 13, 2010

Começa Amanhã

Pulmão gigante: exposição itinerante chega à Capital
Exposição estará na capital gaúcha entre os dias 14 e 17 de outubro


Porto Alegre recebe a apartir desta quinta-feira e até domingo o Tour pelo Pulmão. A exposição do inflável de 190 m2, que reproduz em detalhes o pulmão humano, é promovida pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).

— O nosso objetivo em Porto Alegre é informar a população sobre a importância e os cuidados que devemos ter com nosso pulmão. Que respirar, e respirar bem, é essencial — afirma o diretor-administrativo regional da instituição, Marcelo Tadday Rodrigues.

A iniciativa faz parte do projeto Ano do Pulmão 2010, que reúne sociedades médicas de diversos países em prol da saúde respiratória, alertando a população para as diversas doenças relacionadas ao pulmão e ao sistema respiratório, e destacando a importância do diagnóstico precoce, medidas preventivas e as principais áreas de atuação do médico pneumologista.

— Por uma feliz coincidência, o dia 14 de outubro, primeiro dia do Pulmão em Porto Alegre, é também o Dia Mundial da Espirometria, e estaremos informando e realizando exames na população nesse dia, reforçando a importância do teste no diagnóstico e acompanhamento das doenças respiratórias — ressalta Marcelo.

Mais aqui.

quinta-feira, outubro 07, 2010

A saga dos ingressos

Como de conhecimento geral, dia sete de novembro tem show do Paul McCartney em Porto Alegre. Oportunidade única de assistir a um Beatle tocando por aqui. Hoje começaria a pré-venda dos ingressos. Ansiedade generalizada.

Não poderia perder o show.

A venda de ingressos começaria hoje cedo para sócios do S.C. Internacional e assinantes dos jornais da RBS (como a Zero Hora, por exemplo), que teriam uma cota de 70% dos ingressos. Os restantes seriam vendidos a partir da próxima segunda-feira, onze de outubro. A informação dizia que as vendas iniciariam às 8h da manhã nas bilheterias do estádio Beira-Rio (local do show), por telefone e pelo site ingressos.com. Ontem à noite mesmo, me cadastrei no site para agilizar a compra.

Lembrando de quando morava em Toronto e que para assistir a um show do U2 passei uma hora inteira na internet tentando fazê-lo até conseguir, estava preocupado porque não poderia ficar na quinta-feira pela manhã tentando comprar porque, justamente hoje, tinha um Seminário sobre Tuberculose organizado pelo Ministério da Saúde num hotel no Centro da cidade. Cogitei ir de madrugada e me juntar aos milhares de fãs que aguardavam para comprar, mas não conseguiria chegar a tempo do evento.

Resolvi que ia tentar durante quinze minutos até a hora de sair para o evento e, depois, o faria num dos intervalos. O Pedro, parte do grupo para o qual compraria os ingressos (o Pedro e a Zeca, o André e a Tati , a Jacque e eu) iria tentar por telefone também.

Foi o que tentei.

Tentei.

Até às 8h20, quanto tive que sair de casa, o site não funcionava e o telefone informava que começaria apenas às 9h. Frustração. Não poderia nem usao o meu iPhone porque o meu iPhone morreu e o novo ainda não chegou. No caminho, ouvi no rádio do ônibus-lotação informarem que o site já estava em funcionamente. Por cinco minutos, eu não tinha conseguido comprar os ingressos!

O pior é que, obviamente, o início do seminário atrasou.

Sentado ao fundo de uma das partes da sala em 'L', tudo o que eu pensava era que não ia conseguir comprar os ingressos. O pano de fundo, era uma sessão interativa em que respondia às questões apertando o botão 1, 2 ou 3, e alguém que falava "bla blá blá, não vais ver o Paul, bla blá blá, não vais ver o Paul...". Angustiado, peguei o celular, acessei a internet, entrei no site de venda de ingressos, selecionei a localização, o número de ingressos, vi o valor a pagar, me conectei no site como cadastratado (já eufórico porque ia comprar os ingressos pelo celular) e, na hora de confirmar, NÃO FUNCIONOU!

Nova frustração.

O intervalo atrasou.

Assim que foi falado em intervalo de dez minutos, levantei e saí o mais rápido possível da sala no 10º andar, peguei o elevador e fui até o business center para usar um computador. Claro que o computador era lento, a conexão idem. Consegui acessar novamente o site, solicitar a localização e o número de ingressos, me conectar ao meu cadastro, colocar dados do cartão de crédito e de quem iria retirar os ingressos, confirmar e recebi a informação de que os ingressos para a área em que eu queria estavam esgotados.

Ligo para o Pedro e decidimos tentar em nova localização.

Refaço a saga do site.

Funciona.

Recebo a mensagem de que meu pedido será analisado e darão a resposta em breve.

Ainda não me sinto confortável.

Volto para o evento, depois de meio hora desde que saíra, ainda sem estar certo de que iria ao show.

No meio da tarde, acesso meu e-mail e vejo a mensagem:

"Pedido de compra de ingressos aprovado"

Sim, eu vou ver Paul McCartney em Porto Alegre.

Até.

quarta-feira, outubro 06, 2010

Espera

Amanhã começa a pré-venda de ingressos para o show do Paul.

Estou muito tenso.

Sério.

Até.

segunda-feira, outubro 04, 2010

Eleições

Confesso que não imaginava os resultados.

Estava convicto de que haveria 2º turno no RS e conformado com o turno único no Brasil.

Ao contrário de muitos a quem tenho ouvido, que acham o fim do mundo o PT voltar ao governo do estado, eu acho normal, do jogo democrático, etc e tal.

E torço, sinceramente, que faça um grande governo (como tenho torcido para todos aqueles que são eleitos para nos representar).

Até.

sexta-feira, outubro 01, 2010

quarta-feira, setembro 29, 2010

Outros tempos

Fosse em outro momento, eu ficaria muito chateado.

Hoje em dia, paciência, essas coisas fazem parte.

Ao meio-dia me ligou a vizinha do apartamento abaixo: vazamento do meu apartamento para o dela.

Suspiro de resignação.

Bola para frente.

Até.

segunda-feira, setembro 27, 2010

Pois é

Após dez anos de vida, é hora de mudar.

A Sopa, semanário que escrevo desde antes do blog, e que estava em seu décimo ano de vida, (quase) religiosamente enviado por e-mail todos os finais de semana para uma lista de leitores, mudou. Por várias razões, entre elas a vida.

Quem acompanha já pode notar que faz tempo que tenho republicado aos domingos antigas Sopas porque as atribuições do dia-a-dia não tem permitido a tranquilidade e o tempo necessários para escrever semanalmente algo ao menos um pouco original. Literatura, que eu tinha a pretensão de querer fazer, então, há anos que nem tento.

A Sopa, dessa forma, vai mudar.

Não será enviada por e-mail, estará aqui no blog e com um freqüência menor, quinzenal ou mensal.

Veremos.

O blog, no entanto, continuará.

Até.

quarta-feira, setembro 22, 2010

domingo, setembro 19, 2010

A Sopa 10/08

(em pleno feriadão aqui no sul, estou estudando para uma reunião que tenho amanhã à tarde, em pleno vinte de setembro, na Universidade e, por isso, esta é uma Sopa requentada, de cinco anos atrás...)

Apesar de alguns não entenderem dessa forma, talvez até por não conhecerem a história, a Revolução Farroupilha iniciou basicamente por causa do excessivo imposto que o governo central cobrava do charque produzido no sul. O que os revolucionários queriam era um melhor pacto federativo (aspiração essa que não mudou nos últimos 170 anos). As idéias de independência vieram depois.

De qualquer forma, o interessante é notar que uma revolução que dividiu o estado em dois hoje sirva como motivo para unir os gaúchos e celebrar sua história e seu chão. Existem aqueles que insistem em falar em separatismo. Uma bobagem, claro. Somos tão brasileiros quanto qualquer outro brasileiro, apesar de nossa proximidade com os países do Prata que nos dá algumas características distintas. Mas o que seria do mundo se não fosse a diversidade?

Não conheço gaúcho que não ame seu estado, mesmo morando bem longe dele pelas mais diferentes razões. Ano passado, escrevi que o Rio Grande do Sul, mais do que geografia, é um estado de espírito. Um ano morando fora do estado e do país me fizeram reafirmar essa certeza.

Eu sou do sul. Mas agora também um pouco do norte.

Eu Sou do Sul

Eu sou do sul
É só olhar pra ver que eu sou do sul
A minha terra tem um céu azul
É só olhar e ver

Nascido entre a poesia e o arado
A gente cuida do gado e cuida da plantação
A minha gente que veio da guerra
Cuida dessa terra
Como quem cuida do coração

Eu sou do sul
É só olhar pra ver que eu sou do sul
A minha terra tem um céu azul
É só olhar e ver

Você, que não conhece meu estado
Está convidado a ser feliz neste lugar
A serra te dá o vinho
O litoral te dá carinho
E o guaíba te dá um pôr do sol lá na capital

Eu sou do sul
É só olhar pra ver que eu sou do sul
A minha terra tem um céu azul
É só olhar e ver

A fronteira los hermanos
É prenda cavalo e ganha
Viver lá na grande espanha é bom demais
Um santo missioneiro
Nos acompanha companheiro
Deve levar a alma no rio uruguai

Eu sou do sul
É só olhar pra ver que eu sou do sul
A minha terra tem um céu azul
É só olhar e ver

Eu sou do sul
É só olhar pra ver que eu sou do sul
A minha terra tem um céu azul
É só olhar e ver

Eu sou do sul

Até.

sábado, setembro 18, 2010

quinta-feira, setembro 16, 2010

No twitter

Fernando Gabeira

@gabeiracombr A queda de Erenice mostra que é preciso levar as eleições para o segundo turno, no RJ e no Brasil.

Falou e disse.

Até.

quarta-feira, setembro 15, 2010

A melhor definição

"PT já foi diferente do DEM. Hoje pra mim são a mesma matéria fétida."

Marcelo Tas

segunda-feira, setembro 13, 2010

A Sopa 10/07

Uma das minhas mais notáveis (esse é um momento de ausência humildade) qualidades é minha interminável capacidade de me admirar com o mundo (e sempre lembro o Vitor Ramil cantando “os que se julgam espertos acham que a admiração é um alarmante sintoma de ignorância e por isso afirmam que só os tolos se admiram”). Não me canso de me surpreender com o mundo. Para o bem e para o mal.

A política, por exemplo.

Dirão os mais extremados que me tornei um conservador, alguém de direita, que está se assumindo burguês, etc. Não será surpresa e nem ficarei ofendido. Já fui acusado disso antes, por razões mais sem sentido que o meu texto de hoje, mas isso não vem ao caso. Gostaria – mas não vou fazer – de mostrar minhas “credenciais” para poder falar de política, mostrar que já votei em um ou outro e que não tenho compromisso com ninguém, apenas com minha opinião.

Chega de tergiversar, então.

Estou muito preocupado com o provável resultado da eleição para presidente. Não apenas pela Dilma, que – sim – considero uma pessoa despreparada para o cargo, para dizer o mínimo. Tenho mais medo do PT continuar de posse da máquina do estado. Essa utilização da estrutura de poder para fins menores, como visto nos casos dos dossiês, da quebra de sigilo do caseiro Francenildo, o mensalão, a quebra de sigilo da filha do José Serra e, recém saído do forno, a questão do lobby na casa civil por familiares da ministra. Isso tudo assusta.

Deixar por tanto tempo no poder um partido que, se no início lutava por “um outro mundo possível”, pela democracia e pela ética e que tem homens de bem em seus quadros (como qualquer outro partido), tornou-se um monstro que – se por um lado mantém programas sociais que beneficiam milhões de brasileiros que saíram da miséria absoluta para ter alguma dignidade (e que, por justiça devemos reconhecer, foram iniciados no governo anterior, do Fernando Henrique e chamado pelo PT de compra de votos) – por outro tem uma máquina de fazer dinheiro para poucos, abandonando qualquer princípio da ética um dia proclamada, é um risco. Risco inclusive para a democracia.

Em 2002, eu votei no Lula com convicção, porque acreditava que o Brasil tinha uma chance de mudar porque estávamos tirando do galinheiro velhas raposas que por anos haviam “cuidado” de nós. Mas quando vi com quem Lula se aliou, a saber, Sarney, Collor, Barbalho et caterva, comecei/começamos a ver que quase nada mudaria.

Engano.

Economicamente, ao manter a política econômica do governo anterior, o governo manteve a estabilidade que proporcionou os avanços obtidos nesses anos, mas com isso afastou-se de petistas históricos e mais radicais. Lula sempre foi muito inteligente, mas nunca foi de esquerda, não se enganem. Tudo pragmatismo, isso sim. Lula, aliás, não é o problema. Nem a Dilma, no fim das contas. O PT é.

O José Dirceu e sua turma.

Esses querem tomar conta do Brasil. Sem o Lula lá, e com a Dilma, é bem possível que consigam.

Cuidado, Brasil.

Até.

quinta-feira, setembro 09, 2010

Política

O que me assusta na conjuntura política atual é que ninguém fica horrorizado com a quebra de sigilo de pessoas relacionadas ao candidato de oposição feita por "companheiros" na Receita Federal.

Perturba saber que a máquina do estado está aparelhada para servir ao partido atualmente no governo, e não ao interesse público.

O que é isso, companheiro?

Até.

domingo, setembro 05, 2010

A Sopa 10/06

(Um texto de cinco anos atrás, enquanto estou em Gramado trabalhando para uma eleição que ocorre no final de novembro.)

O Ponto.

Diante de todas as questões existenciais, das muitas encruzilhadas morais com as quais nos defrontamos, daquelas que inquietam a humanidade desde o princípio dos tempos, de todas elas, a que elegi como a que mais necessita minha atenção e para a qual vou dedicar os próximos anos da minha vida em pesquisas e reflexões, é a mais intrigante delas.

O que é o ponto?

Sim, porque se você nunca se perguntou isso, caro leitor, você tem passado pela vida em branco. Você não pode saber quem você é ou de onde você veio se nunca se perguntou o que é o ponto. E caso tenha se perguntado, o que eu respeitosamente duvido, não chegou à resposta. Até sente que sabe o que é o ponto, mas não tem como defini-lo.

Porque mal passado, ou bem passado, todos sabemos o que é e como é. Mas o ponto, que alguns chamam também médio, apesar de parecer simplesmente estar entre o mal e o bem passado, não é só isso. O ponto é um conceito pessoal, único. O que é o ponto para mim pode não ser para você.

Até porque não é simples questão de gosto pessoal. A definição de como a carne deve vir assada (cozida) é também uma definição de caráter. É mais fácil permanecer no simplismo preto/branco do bem ou mal passado. Não há filosofia ou virtude nos extremos. O mal passado é uma opção primitiva, selvagem. Talvez fosse mais apropriado comer a carne mal passada com as mãos, parti-la com os dentes e mastigar com a boca aberta; sentados no chão, certamente.

Já o bem passado, por outro lado, simboliza exatamente o oposto, e não como virtude: o excesso de civilização, o distanciamento do homem da natureza, um medo irracional de doenças e germes. Ou não. Sei lá.

Bem ou mal passado. Simplório, superficial. O mundo não é assim. É muito mais complexo, e profundo e belo, como encontrar o ponto, aquele momento mágico, a carne em sua forma mais perfeita.

E quem disse que um churrasco não tem poesia?

Até.

domingo, agosto 29, 2010

A Sopa 10/05

(Uma Sopa de cinco anos atrás, porque estou muito cansado... Ah, hoje é o Dia Nacional de Combate ao Fumo. Não se fume.)

Viajar é uma experiência única.

Assim como uma pessoa nunca cruza duas vezes o mesmo rio (porque o rio não é mais mesmo assim como pessoa também não é mais a mesma), duas pessoas visitando um mesmo lugar ao mesmo tempo não estarão vendo a mesma coisa, ou sentindo as mesmas sensações. Existem quase que infinitas versões de Paris, ou New York, assim como é o número de pessoas multiplicado pelo número de vezes em que estiveram lá, e cada um, cada vez, visitou uma cidade diferente.

Mas diferente em parte, claro. A torre Eiffel ou o Central Park serão essencialmente os mesmos. Talvez com pequenas alterações, restaurações ou manutenções, mas no seu cerne, manter-se-ão os mesmos. Assim como nós, que mudados, ou em circunstâncias diferentes de vida, seremos diferentes, mas no fundo os mesmos. A essência.

Isso torna mais interessante visitar mais de uma vez os mesmos lugares, cidades ou países, não importa. Porque iremos ver com olhos “atualizados” o nosso destino de viagem, e atualizaremos nossa impressão sobre o mesmo. É o ponto positivo de visitar pela segunda (ou terceira, ou quarta) um mesmo local: renovar as sensações. Ou conhecer mais do mesmo, que sempre é um acréscimo, uma virtude a mais. Não ter a obrigação de visitar determinadas “atrações” é um prazer tão grande quanto o de visitá-las pela primeira vez. Ou ainda ver sob outros ângulos aquilo que já parecia bem conhecido.

Sentir-se livre para andar sem pressa, olhando muito para os lados, para as pessoas, algumas vezes ter o prazer de ser confundido com um local, com alguém que faz parte daquele contexto, daquela intricada rede de relações que chamamos de cidades. É o que diferencia o viajante do turista (ou não): a não obrigação de ver tudo em pouco tempo, não ser regido pela ampulheta que determina onde, quando e por quanto tempo ir aos lugares.

Penso isso nessa manhã nublada de domingo. Já choveu um pouco, e o meu plano de me deitar na grama do Central Park e ficar lá, olhos fechados, sentindo o calor do sol do final do verão, vai ser adiado. Lembro, então, que estive aqui há um ano, ainda nos meus primeiros dias de exílio, a sensação de desajustamento e de ter sido “arrancado” do mundo que vivia para um outro, desconhecido, eram bem fortes. Lembro que vim para cá para estar com família, me sentir novamente parte de algo.

Um ano depois, de volta, agora que tudo isso, o norte, já é parte de mim, e faço parte dele, vejo uma outra cidade. Muito melhor, muito mais viva e cheia de vida (ou sou eu que estou assim?). Não tão boa quanto o foi em dezembro, quando a Jacque estava aqui, mas definitivamente um espetáculo de cidade.

Até.

sábado, agosto 28, 2010

Sábado (e falando no rádio)

Marcelo Pop Rock
Leandro e eu falando sobre o Dia Nacional de Combate ao Fumo
27/08/2010
Programa Cafezinho
Rádio Pop Rock FM 107.1

sexta-feira, agosto 27, 2010

No twitter

A campanha Não se fume, parceria da Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do RS (SPTRS) com a Rádio Pop Rock 107.1 e a Paim Comunicação, está sendo lançada. Em breve, estará nas ruas.

Por enquanto, já estão ativos os twitters da campanha.

Visita lá e nos sigam:

@naosefume

@pulmaopreto

E o da Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do RS: @spt_rs

Até.

quarta-feira, agosto 25, 2010

A Baleia

Louvável, e até comovente, o esforço para devolver a baleia jubarte ao mar depois de ela ter encalhado no praia de Capão Novo/RS. Horas depois, novo encalhe.

A pergunta que fica: ela está morrendo porque encalhou ou encalhou para morrer?

Será que os esforços para devolvê-la a mar estão indo contra o desfecho inevitável da natureza? Ouvi um biólogo falando que - ao se encontrar uma baleia encalhada na areia e sem saber se ela tem algum problema - o que se faz é para que retorne ao mar.

Se volta, é porque não está bem.

MAis sobre o caso aqui.

segunda-feira, agosto 23, 2010

As coisas que acontecem comigo...

... e nem fico sabendo


"A explosão veio por cima de nós", conta mulher queimada na Redenção. No final da tarde, ela seguia internada no Hospital de Pronto Socorro

Nos finais de semana de tempo bom, como ontem, a analista financeira Carla Cristina Appel Brum, 33 anos, costuma passear pelo Parque da Redenção em companhia do marido, Marcelo Rodrigues, 33 anos, e da enteada Brenda, cinco anos. No começo da tarde de ontem, porém, o programa familiar foi interrompido pela explosão que provocou queimaduras nos três.

No final da tarde, Carla e Brenda seguiam internadas no Hospital de Pronto Socorro em estado regular, e Marcelo havia sido transferido para o Cristo Redentor. Nenhum corria risco de vida. Por telefone celular, deitada em um leito sob efeito de morfina para aplacar as dores, Carla falou com ZH:


Mais aqui.

E Deus criou o Rio Grande do Sul...

Recebi por e-mail e reproduzo.

Deus, numa segunda-feira, criou o Rio Grande do Sul.

Pelo menos assim pensam os gaúchos. Com muitas indústrias, muitos carros importados, muito topete e gente devagar no trânsito. E achou monótona.

Então, na terça-feira, criou o inverno.

Com sua brancura, cachecóis e um bom vinho, para os gaúchos se acharem europeus. Mas achou o frio muito triste.

E, na quarta-feira, criou a primavera, florida e colorida para enfeitar os poucos parques e praças dos europeus... quer dizer, gaúchos.

Porém...

Deus a achou bucólica demais e, na quinta-feira, criou o verão, alegre e saudável para fazer a gauchada sorrir.

Mas o achou seco demais e, na sexta-feira, criou o outono. Farto e ameno para se confortarem.

Então...

Deus achou tudo muito distante e, no sábado, misturou tudo. Fez o inverno, a primavera, o verão e o outono reinarem no mesmo dia no Rio Grande do Sul, para que tudo tivesse seu tempo e sua vida.

E, no domingo, Deus descansou.

Na verdade, caiu de cama, pois não sabia que tinha acabado de criar a GRIPE, a RINITE e o RESFRIADO, a ASMA, a PNEUMONIA, etc.

domingo, agosto 22, 2010

A Sopa 10/04

Noite de quarta-feira passada, dezenove de agosto.

Final do primeiro tempo e o Inter perde o jogo por um a zero para o Chivas em pleno Beira-Rio lotado de torcedores. Todos parecem estar no estádio, e até mesmo o Pelé está assistindo à final da Libertadores ao vivo, in loco.

Menos eu.

Estou sentado sozinho na sala de casa, em frente à televisão, vestido com a camiseta do Inter e o mesmo casaco vermelho com a inscrição ‘Canadá’ que usei na final de 2006 contra o São Paulo. Não sou supersticioso, non creo en brujas, pero que las hay... A Marina já está dormindo e a Jacque lê um livro no quarto, já quase dormindo. É um momento solitário, esse de assistir a um jogo dessa grandeza. Mesmo que estivesse no estádio, com outros cinqüenta mil colorados, cantando junto com eles, seria um momento solitário, de introspecção, de silêncio.

Começa o segundo tempo.

O Inter joga melhor, mas o gol de empate – suficiente para sermos campeões – demora a ocorrer. Quando ocorre, a paz cai sobre o mundo: tudo está no seu lugar. No momento do gol da virada, vou até o armário e pego uma calça, um tênis e aviso a Jacque que vou circular pela cidade após o jogo, para ver a celebração. Vem o terceiro, termina o jogo e a festa começa em Porto Alegre.

Não levanto do sofá, afinal quero assistir a entrega da taça, a celebração no estádio, algumas entrevistas. Planejo sair depois, afinal a noite será longa, e a manhã de quinta-feira está tranqüila. Assisto a tudo, em melhor posição do que se estivesse no estádio.

Os jogadores correm pelo gramado comemorando, a torcida começa a deixar o estádio. Mais de uma e trinta da madrugada. Olho as calças e o tênis prontos para eu sair. Olho a tevê, olho o relógio e, de novo, para as calças e o tênis. Decido ir dormir. Amanhã eu comemoro.

E em Abu Dhabi, quem sabe em Abu Dhabi.

Até.

quinta-feira, agosto 19, 2010

quarta-feira, agosto 18, 2010

Sobre as Eleições (1)

Recebi por e-mail e reproduzo. O original pode ser encontrado aqui.

A ESCOLHA DE SOFIA

"O maior castigo para aqueles que não se interessam por política, é que serão governados pelos que se interessam." (Arnold Toynbee)

"A escolha de Sofia" é a história que acontece no campo de concentração nazista de Auschwitz, vivida por uma mãe judia, que é forçada por um soldado alemão a escolher entre o filho e a filha - qual seria executado e qual seria poupado.

Se ela se recusasse a escolher, os dois seriam mortos. Ela escolhe o menino, que é mais forte e tem mais chances de sobreviver, porém nunca mais tem notícias dele.

A questão é tão terrível que o título se converteu em sinônimo de "decisão quase impossível de ser tomada".

O artigo a seguir foi escrito no final de 2009, pelo economista Rodrigo Constantino - autor de 5 livros. Ele assina a coluna "Eu e Investimentos", do jornal Valor Econômico; também é colunista do jornal O Globo; além de ser Membro-fundador do Instituto Millenium; e vencedor do prêmio Libertas em 2009, no XII Forum da Liberdade. Seu curriculum vai muito além do que está listado acima, é extenso e respeitável. Segue seu artigo:

" Serra ou Dilma? A Escolha de Sofia."
(por Rodrigo Constantino )

"Tudo que é preciso para o triunfo do mal é que as pessoas de bem nada façam." (Edmund Burke)

Agora, praticamente é oficial: José Serra e Dilma Rousseff são as duas opções viáveis nas próximas eleições. Em quem votar? Esse é um artigo que eu não gostaria de ter que escrever, mas me sinto na obrigação de fazê-lo.

Os antigos atenienses tinham razão ao dizerem que assumir qualquer lado é melhor do que não assumir nenhum?

Mas existem momentos tão delicados e extremos, onde o que resta das liberdades individuais está pendurado por um fio, que talvez essa postura idealista e de longo prazo não seja razoável.

Será que não valeria à pena ter fechado o nariz e eliminado o Partido dos Trabalhadores Nacional - Socialista, em 1933, na Alemanha, antes que Hitler pudesse chegar ao poder? Será que o fim de eliminar Hugo Chávez justificaria o meio deplorável de eleger um candidato horrível, mas menos louco e autoritário? São questões filosóficas complexas. Confesso ficar angustiado quando penso nisso.

Voltando à realidade brasileira, temos um verdadeiro monopólio da esquerda na política nacional. PT e PSDB cada vez mais se parecem. Mas também existem algumas diferenças importantes.

O PT tem mais ranço ideológico, mais sede pelo poder absoluto, mais disposição para adotar quaisquer meios, os mais abjetos, para tal meta.
O PSDB parece ter mais limites éticos quanto a isso.

O PT associou-se aos mais nefastos ditadores, defende abertamente grupos terroristas, carrega em seu âmago o DNA socialista.
O PSDB não chega a tanto.

Além disso, há um fator relevante de curto prazo: o governo Lula aparelhou a máquina estatal toda, desde os três poderes, passando pelo Itamaraty, STF, Polícia Federal, ONGs, estatais, agências reguladoras, tudo!

O projeto de poder do PT é aquele seguido por Chávez, na Venezuela; Evo Morales, na Bolívia; Rafael Correa, no Equador. Enfim, todos os comparsas do Foro de São Paulo. Se o avanço rumo ao socialismo não foi maior no Brasil, isso se deve aos freios institucionais, mais sólidos aqui, e não ao desejo do próprio governo. A simbiose entre Estado e governo na gestão Lula foi enorme.

O estrago será duradouro.

Mas quanto antes for abortado, melhor será: haverá menos sofrimento no processo de ajuste.

Justamente por isso acredito que os liberais devem olhar para este aspecto fundamental, e ignorar um pouco as semelhanças entre Serra e Dilma. Uma continuação da gestão petista através de Dilma, é um tiro certo rumo ao pior.

Dilma é tão autoritária ou mais que Serra, com o agravante de ter sido uma terrorista na juventude comunista, lutando não contra a ditadura, mas sim por outra ainda pior, aquela existente em Cuba ainda hoje.

Ela nunca se arrependeu de seu passado vergonhoso; pelo contrário, sente orgulho. Seu grupo Colina planejou diversos assaltos.

Como anular o voto sabendo que esta senhora poderá ser nossa próxima presidente?!


Como virar a cara sabendo que isso pode significar passos mais acelerados em direção ao socialismo bolivariano?

Entendo que para os defensores da liberdade individual, escolher entre Dilma e Serra é como uma escolha de Sofia.

Mas anular o voto, desta vez, pode significar o triunfo definitivo do mal.

Em vez de soco na cara ou no estômago, podemos acabar com um tiro na nuca.

Dito isso, assumo que votarei em Serra.
Meu voto é anti-PT acima de qualquer coisa.
Meu voto é contra o Lula, contra o Chávez, que já declarou abertamente apoio à Dilma.
Meu voto não é a favor de Serra.

No dia seguinte da eleição, já serei um crítico tão duro do governo Serra, como sou hoje do governo Lula. Mas, antes é preciso retirar a corja que está no poder. Antes é preciso desarmar a quadrilha que tomou conta de Brasília.

Só o desaparelhamento de petistas do Estado já seria um ganho para a liberdade, ainda que momentâneo.

Respeito meus colegas liberais, que discordam de mim e pretendem anular o voto. Mas espero ter sido convicente de que o momento pede um pacto temporário com a barbárie, como única chance de salvar o que resta da civilização - o que não é muito, mas é o que hoje devemos e podemos fazer!

domingo, agosto 15, 2010

A Sopa 10/03

A semana tem tudo para ser vermelha.

Como qualquer pessoa com mínimo interesse em futebol – além de todo o Rio Grande do Sul – sabe, na próxima quarta-feira ocorre o segundo jogo da final da Copa Libertadores da América, mais importante competição sul-americana de futebol, justamente no estádio do Internacional de Porto Alegre, o Beira-Rio. O primeiro jogo, realizado uma semana antes em Guadalajara, México, terminou com vitória colorada sobre o Chivas por dois a um, de virada. Quarta-feira, Porto Alegre – e parte do Rio Grande - vai parar.

Pode ser (assim espero) a segunda conquista deste título pelo Inter. A primeira vez, em dois mil e seis, foi contra o São Paulo, segundo jogo aqui em Porto Alegre, um mês e meio depois de eu ter voltado do Canadá. Consegui ir ao jogo, com a carteira de sócio de um grande amigo que não podia ir por questões de trabalho. Testemunhei a conquista da América pela Inter. Assistiria a conquista do mundo, frente ao Barcelona, pela tevê, de casa. Na hora do gol da vitória, passei mal: hiperventilei, fiquei taquicárdico, pálido, sudorético.

Quatro anos depois, o Inter pode ser bicampeão da América.

Se realmente ocorrer, e no momento as maiores chances são mesmo do Inter, será um duro golpe no coração dos gremistas, que por muitos anos cantavam vantagem primeiro por terem sido campeões da América e do equivalente da época ao campeonato mundial em 1983 e o Inter não. E realmente parecia que nunca seria, ainda mais depois de 1989, quando o Inter perdeu a semifinal para o Olímpia, em casa, nos pênaltis, após ter vencido o primeiro jogo no Paraguai. Quando o Inter foi campeão em 2006, o Grêmio já era bi da América, mas perdera o segundo título mundial para o Ajax da Holanda, no Japão.

Dessa forma, ainda lembravam que eram duas vezes campeões sul-americanos, em 1983 e 1995, e havia a esperança de muitos de que o título do Inter houvesse sido acaso, do tipo “um raio não cai duas vezes no mesmo lugar”. Mas, se quiserem continuar no tema, raios caem mais de uma vez no mesmo lugar. Apenas quatro anos depois da conquista colorada, surge novamente a possibilidade – ainda é apenas possibilidade, nada mais – de o colorado ganhar pela segunda vez a Libertadores. E, pior para o imaginário tricolor, já está certo que vai jogar o Mundial em Abu Dhabi, em dezembro. Seria, aí assim, mortal para os azuis, se o Inter fosse duas vezes campeão do mundo.

Mas como todos sabemos, tudo pode acontecer, e o que é sucesso e vitória hoje pode se tornar fracasso e derrota depois. Esta aí a história que não me deixa mentir.

Torcer é o que nos resta.

Até.

sexta-feira, agosto 13, 2010

Há 20 Anos, Morri (Parte 3)

Depois de treze dias em coma na UTI do Hospital São Lucas da PUCRS, eu havia acordado, num sábado de manhã. Entre a hora da visita da tarde de sábado e domingo, quando recebi alta para o quarto, não posso precisar bem o que aconteceu. Lembro de tentar tomar água (ou suco) de um copo e virar tudo sobre mim.

Saí da UTI no domingo à tarde, para um quarto do oitavo andar, e minha mãe ficou para passar a noite comigo. Tenho uma lembrança muito ruim da janta daquela noite: a dieta era pastosa, vários “creminhos” com cores diversas cuja única diferença era essa, a cor. Foi isso o que tornou a minha primeira noite fora da UTI uma tortura, para mim e para a mãe: FOME.

Depois de dormir mais de dez dias, eu tinha fome, muita fome. Como a janta tinha sido ‘pastosa’, passei toda a noite esperando o amanhecer e, com ele, o café. De tempos em tempos, eu acordava e perguntava: “Já está na hora do café?”. Minha mãe dizia que não e eu me queixava de fome. Mesmo sem autorização médica, me deu maçã para comer, na tentativa de aplacar o meu ímpeto por comida. Foi uma noite bem longa.

Quando finalmente amanheceu e trouxeram o café, foi uma visão do paraíso. No afã de comer logo, enquanto a mãe tentava preparar um pão com manteiga para eu comer, eu comia o que estava à disposição, inclusive a manteiga que ela tinha aberto para passar no pão. Junto com o café, chegou o colega de faculdade Maurício Rieger, trazendo um pedaço da torta de morango que comprara para a comemoração do seu aniversário: comi tudo, rapidamente.

Passado esse episódio inicial, fiquei mais tranqüilo. Foi quando começaram as visitas. Ao contrário de quando estava na UTI, onde só podia entrar uma pessoa por vez, o meu quarto virou uma grande festa. Além das pessoas que vinham de fora me visitar (eram muitas), os meus colegas de faculdade (não todos, óbvio) saíam das poucas aulas que estavam tendo (lembrem-se: a PUC estava em greve desde a tarde anterior ao acidente) e se reuniam no meu quarto. Tornava-se uma balbúrdia só, todos falando ao mesmo tempo, uma gritaria. Eu só olhava, sem dizer quase nada.

O que todos logo notaram foi que, além de falar pouco, eu também não ria. Bem estranho para quem estava acostumado comigo. Não sei explicar o por quê desse fenômeno. Talvez ainda meio sem saber bem o que tinha se passado, a magnitude da coisa, não sei. Não era falta de humor, isso eu sei. Lembro que, na primeira vez que o Márcio e o Radica – amigos desde o segundo grau e até hoje – foram me visitar depois que eu acordei, uma das primeiras coisas que disseram foi que tinham ficado sabendo que depois do acidente, eu ficaria “inútil” da cintura para baixo. Sem nenhum vacilo, respondi que as funções “da cintura para baixo” foram as primeiras que descobri que estavam em ordem. Mesmo assim, não ria muito nestes dias.

Comecei a rir bem depois quando já estava em casa, mas isso é motivo para outra crônica numa outra Sopa. Acabei ficando, depois de ter alta da UTI, mais doze dias no hospital por conta de uma febre que os médicos não sabiam localizar. Coletaram hemoculturas e fui submetido até a uma punção lombar, para coletar líquido cefalorraquidiano, na suspeita até de meningite. Mas era apenas uma amigdalite. Tive alta do hospital no dia seis de setembro de mil novecentos e noventa, véspera do feriado da independência.

Há 20 Anos, Morri (Parte 2)

Recordando: na madrugada de 12 de agosto de 1990, após uma noite de festa com amigos, eu vinha de carona com um colega de faculdade e acho que nós dois pegamos no sono. Como ele estava dirigindo, as conseqüências foram ruins. Batemos com o carro em outro que estava estacionado, bem do meu lado. Resultado, traumatismo craniano em mim e treze dias em coma na UTI do hospital da PUC. Agora, em frente.

Desde que entrei na faculdade de medicina, e tive contato com o ambiente hospitalar, um das situações que mais me causava mal estar era assistir às enfermeiras passarem sondas nos pacientes. A pior delas, na minha curta experiência de estudante que acompanhava as aulas práticas de cuidados gerais com pacientes, era a sonda nasogástrica, que entrava pelo nariz e ia até o estômago. Tinha uma variante, mais fina, que ia até logo após o estômago, no duodeno, que servia para alimentar os pacientes.

Por isso, logo após acordar e me inteirar de onde eu estava (sim, era um hospital e, não, não era o Ernesto Dornelles) e ainda sem saber bem o que tinha acontecido, veio a primeira boa notícia: eu estava em uma UTI e não tinha nenhuma sonda em mim. Eu respirava com tranqüilidade, urinava em um recipiente chamado de ‘papagaio’ e – apesar de ficar com os pés para fora da cama – parecia inteiro. Internado na UTI do Hospital da PUC, o que teria acontecido? A única sensação que eu tinha era a de ter dormido muito, ainda sem saber que o muito significavam 13 dias inteiros, do dia 12 ao dia 25 de agosto de 1990. Esperava um café na cama ou algo assim. Aliás, onde estava a minha mãe?

Ao acordar daquilo que – ficaria sabendo mais tarde – havia sido um período de treze dias em coma, as primeiras pessoas que eu vi era conhecidas: Alexandre Magno e Luciano Ery, colegas da faculdade de medicina. Estavam em um sábado de manhã no hospital, em um estágio na traumatologia, e resolveram ir dar uma “olhada” no colega na UTI. Por coincidência, me viram acordar. Acho que isso deveria ser por voltas das 10h30min da manhã, e ainda tive de esperar até à 13h para o horário da visita. Estava bem sonolento ainda, lembro de pouca coisa dessas 2h30 até começarem a entrar pessoas para me ver acordado, novamente. Não sabia, mas havia uma vigília na sala de espera da UTI, no terceiro andar do Hospital São Lucas, que tinha iniciado no dia do acidente e tinha sido permanente nestes longos (principalmente para quem não estava dormindo, como eu) dias em que se perguntavam se eu iria acordar e, se acordasse, como eu estaria. Mas isso é história para outra crônica. Voltemos ao sábado, 25 de agosto de 1990, logo após sair do coma.

A hora da visita foi uma festa, até porque o Luciano e o Magno já haviam contado a todos que eu acordara. Na meia hora regulamentar do horário de visitas, entraram para me ver talvez uma dezena de pessoas conhecidas, entre os meus pais, irmão, tios, e amigos. Como tinham pouco tempo, falavam pouco e rápido e tinham que sair para o próximo poder entrar. Todos sorridentes e felizes de me verem novamente acordado.

Eu estava de volta ao jogo, mas a recuperação de verdade recém iria iniciar.

quinta-feira, agosto 12, 2010

Há 20 Anos, Morri

No ano de 1990, o dia 12 de agosto caiu num domingo, dia dos pais.

Pena que meu pai não tem lembranças agradáveis daquele domingo, quando foi acordado por volta das seis horas da manhã com o telefone tocando e a notícia de que seu filho mais velho – eu – com dezoito anos, estava internado no Hospital de Pronto Socorro vítima de um acidente automobilístico. Um péssimo dia dos pais aquele 12 de agosto de 1990.

Tudo começara na noite anterior, quando eu tinha saído de casa para fazer festa com uma turma. O meu colega de faculdade que tinha carro à disposição me pegara em casa e fomos em direção ao bairro Moinhos de Vento onde haveria a festa em questão. Paralelamente a isso, eu sabia que uma parte da minha turma da praia (já citada algumas vezes neste semanário) estaria nesta mesma festa e combinamos de sairmos todos juntos. Chegando ao local, por alguma razão que o tempo já tornou um mistério, decidimos – todos – ir a um bar na Av Vinte e Quatro de Outubro, em Porto Alegre, de nome “Bat-Bat”.

Lá chegando, houve um mal-entendido e acabamos – eu, o colega que havia me dado carona e uma colega e ex-namorada minha – ficando em mesas separadas, e eu junto com a minha turma da praia e os dois sozinhos. Achei estranho eles dois não sentarem junto comigo e o resto do pessoal conhecido, mas como era festa, deixei para lá. Algumas vezes fiz sinal para que eles dois se juntassem a nós, mas preferiram não fazê-lo. Isso durou toda a noite, até a hora de ir embora.

Como eu estava de carona com este meu colega, certamente que eu iria voltar para casa com ele, e também a colega e ex-namorada e dois dos meus companheiros da turma da praia, conforme previamente combinado. Quando fomos sair, notei que o colega dono do carro havia bebido um pouco além do recomendado, e me ofereci para ir dirigindo, proposta recusada pelo dono do carro. Parênteses. Eu também havia bebido, claro, mas infinitamente menos que ele, pois eu não tinha o hábito de beber muito, com exceção de alguns carnavais do bloco Perversa, mas isso é história para outro dia. Fecha parênteses. Nosso roteiro de volta para a zona sul e deixando os caroneiros em casa iniciava pela zona norte, onde morava a nossa colega (e minha ex-namorada). Eu era o último que seria deixado em casa, pois morava na zona sul.

Logo na primeira parte, notamos que o motorista estava com sua percepção alterada pelo álcool, e quando paramos para largar a primeira passageira, decidi que eu iria dirigir de qualquer jeito. Ele desceu do carro para acompanhá-la até em casa e eu assumi o volante. Ele havia levado a chave e disse que ele é quem dirigiria. Então eu resolvi que iria de ônibus. Detalhe: 5h15 da madrugada, tendo que atravessar a cidade de ônibus (que nem haviam começado a circular ainda) ou a pé. Saí caminhando pela rua em direção a uma ponto de ônibus.

Ele veio atrás de carro e se comprometeu a dirigir com cuidado. Aceitei a proposta e seguimos. Largamos o segundo e fomos até a frente da casa do último antes de seguir para a zona sul. Quando o penúltimo a descer desceu, deu a dica: colocar o cinto de segurança (naquela época ainda não era costume nem lei usá-lo). Acho que fiz isso, não lembro bem. O que aconteceu depois, me contaram: na Av Ipiranga, grande avenida que corta Porto Alegre de leste a oeste, provavelmente após pegarmos no sono, ele bateu com o carro num outro estacionado, no lado direito da rua, e justamente no lado em que eu estava dormindo, tranqüilo.

Retirado das ferragens pelos bombeiros, traumatismo crânio-encefálico, coma Glasgow 4 (bem ruim). Internação no HPS com posterior transferência para o Hospital São Lucas da PUCRS, onde eu estudava medicina e trabalho até hoje. Treze dias em coma e quatorze na UTI. No quarto, após sair da UTI, fiquei mais dez dias, com febre e uma maldita amigdalite. Não perdi o semestre na faculdade porque – providencialmente – naquele mesmo sábado, véspera do dia dos pais, os professores da PUCRS tinham entrado em greve, que durou até bem depois de eu voltar a assistir aula, cambaleante e sem firmeza ao andar.

Não lembro muita coisa daqueles dias do coma, apenas a sensação, quando acordei, de que havia dormido mais do que deveria. O engraçado é que eu sabia que estava num hospital, mas achava que era outro e tinha a impressão de que estava num quarto com uma grande janela de vidro que dava para um campo com uma colina ao fundo, um grande gramado verde e dias de sol intenso. Não tive vontade de caminhar por este campo nem seguir em direção à luz nenhuma. Acordei com uma vontade enorme de ver minha mãe.

Em 12 de agosto de 1990, morri.

Como não era minha hora, voltei. Colocar a cabeça em ordem depois disso não foi fácil, levou tempo, mas tudo terminou bem.

Há exatos vinte anos.

Até.

quarta-feira, agosto 11, 2010

Falta pouco

Chivas 1 x 2 Inter

Em uma semana, um empate basta para o Bi da América.

Nada está ganho ainda, mas agora é só não levar gol que somos campeões.

Até.

segunda-feira, agosto 09, 2010

O milagre do dia dos pais

Não acredito em milagres.

Dito isso, devo contar um fato ocorrido com esse que vos escreve, caro leitor, no dia de ontem, justamente o dia dos pais. Para situar todos da situação, volto no tempo algumas semanas quando - ao sair do carro ao chegar no trabalho - percebi que não estava com meus óculos escuros. Rapidamente o procurei no local onde o guardo no carro e não encontrei.

Devo dizer que não eram uns óculos quaisquer. Eram óculos Ray-Ban, referência RB3269, que eu havia comprado para repor um anterior que eu tinha ganho de presente da Jacque há um tempo atrás e que havia esquecido sobre o carro quando fui sair do hospital um dia à tarde. Tinha, esse que recém descobrira ter perdido, pouco mais de cinco meses de existência. Por isso, pelo pouco tempo de uso, e por não ser um acessório dos mais baratos,fiquei bem frustrado com a possível perda.

Procurei com calma no carro, sem sucesso.

Como não lembrava exatamente quando tinha sido a última vez que eu o usara, circunstância do inverno chuvoso no sul do Brasil, resolvi procurar em todos os locais em que trabalho: consultório, posto de saúde, universidade em Santa Cruz do Sul, Santa Casa de Porto Alegre, Associação dos Médicos do Hospital da PUCRS. Perguntei em todos.

Nada.

Procurei em casa, nos bolsos de casacos, em gavetas.

Nada, nada.

Até alarme falso houve. Na associação dos médicos, da qual sou tesoureiro, comentaram que um médico havia dito ter perdido os seus óculos e ela haviam encontrado justamente uns óculos. Ray-Ban! Paranóico, pensei em perguntar ao colega se por acaso ele havia encontrado os meus óculos.

Não fui adiante, claro.

Mandei lavar o carro e prometi um bônus se os óculos fossem encontrados.

Nada.

De raiva, até parei de usar lentes de contato e passei a usar óculos, e prometi a mim mesmo que só compraria óculos novamente no verão, quando fosse imperioso. Mas confesso que mantinha uma ponta de esperança que eu o achasse jogado em algum lugar em casa.

Evidentemente, nunca o encontrei em casa.

Ontem, domingo, dia dos pais, fomos almoçar com o meu pai e o pai da Jacque no restaurante do Veleiros do Sul que agora é no Jangadeiros (longa história), que carinhosamente chamamos de almoçar "nas gurias", devido ao ótimo relacionamento que temos com as donas/administradoras , Rose e Maristela. Ao chegar lá, estacionei o carro e, ao pegar as coisas da Marina no banco de trás, misteriosamente os óculos apareceram jogados justamente sobre o banco. Inexplicavelmente sobre o banco.

Recuperei os óculos perdidos.

E não tenho a menor idéia de como aconteceu.

Até.

domingo, agosto 08, 2010

A Sopa 10/02

Sou um cara de convicções.

Como já falei aqui em algum momento do passado, temos que ter convicções na vida, algumas posições firmes que estabeleçam, sem sombra de dúvidas, quem somos e o que as pessoas podem (ou não) esperar de nós. Como o sagu, a melhor sobremesa do mundo. Mas isso não é sobre o que quero falar. Falo sobre convicções.

Desde muito cedo, por exemplo, eu sabia que eu era ‘para casar’. Enquanto amigos, colegas de aula, previam que só casariam depois dos quarenta anos, pois tinham “muito que aproveitar”, eu pensava (não dizia, para não criar discussões) que eu casaria na hora em que tivesse que casar. Poderia ser até aos quarenta, assim como poderia ser aos trinta ou aos vinte anos. Tudo dependeria das coisas que viriam. Uma obviedade, certamente, mas que poucos colegas na minha idade na época conseguiam ainda enxergar. Acabei casando com vinte e quatro anos, e não me arrependo nem por um minuto sequer.

A mesma coisa com relação a ter filhos.

Sempre soube que queria ter filhos, ser pai. Mesmo antes de casar, já sabia disso. Demoramos, a Jacque e eu, uns bons anos até concordarmos que já era hora de tentarmos, e aproveitamos muito esse tempo antes dos filhos. Viajamos muito, conhecemos lugares, até passei um tempo no Canadá fazendo o meu pós-doutorado enquanto ela ficou aqui, tocando a vida. Até esse período nos fez bem e fez amadurecer para quando ela engravidou e veio a Marina.

Ser pai põe a vida numa perspectiva diferente. Nada é tão importante quanto a família. Nada é melhor do que o tempo que passas com tua filha. Nada emociona mais que ela dizer ‘papai’.

Nesse dia dos pais, só posso dizer que é um honra poder se pai. E uma sorte. Uma maravilha, enfim.

Até.

domingo, agosto 01, 2010

A Sopa 10/01

Nem tudo está perdido.

Você entende o que quero dizer, estimado leitor. Falo do mundo em geral. Aquele que todos os dias vemos sendo agredido pela mão do homem, que utiliza os recursos naturais indiscriminadamente e não se preocupa com a preservação desses recursos que são finitos. O efeito estufa, as alterações climáticas devido à ação do homem, o aumento da temperatura global, os terremotos, as enchentes. Parece que todas as catástrofes da natureza seriam algum tipo de reação ao que temos feito com o planeta. Isso sem falar no que o homem faz a si mesmo, diretamente.

Podemos pensar em guerras, nos crimes do dia-a-dia que ainda deveriam nos horrorizar, nos malditos pedófilos, nas injustiças sociais, na fome. Homens matando iguais pelas mais variadas razões e, muitas vezes, sem razão, sem sentido nenhum. Já declararam que somos uma espécie que não deu certo, e estamos condenados à extinção, que inevitavelmente virá, mais cedo ou mais tarde.

Tudo ruim, você pode pensar.

E pode se perguntar como alguém pode ainda pensar em ter filhos, em meio a essa selvageria, essa barbárie toda. Pois é.

Aí então você leva a sua (seu) filha (o) até um parque ou uma pracinha. E você a embala no balanço, brinca na gangorra, ela (e) desce no escorregador. Só que vocês não estão sozinhos, outros pais e mães estão com seus filhos (as) na mesma praça brincando. E ocorre o milagre.

Vocês, totais estranhos, de origem e profissões as mais diversas, mas que tem em comum filhos ou filhas pequenas que brincam ali, naquele momento, percebem que na verdade não são estranhos, e compartilham histórias e experiências, num momento de – podemos dizer – comunhão, em que o que liga vocês é isso, ser humano.

Enquanto houver crianças e parquinhos o mundo não acaba.

Até.

quinta-feira, julho 29, 2010

domingo, julho 25, 2010

A Sopa 09/50

(Outra Sopa requentada, mas prometo edições inéditas para breve)

A Vaidade Masculina.

Até há uns poucos anos, esse era um assunto tabu: vaidade e masculinidade eram quase opostos. Mas – sabe como é, os tempos são outros – isso mudou.

Agora os homens se cuidam mais, desde o guarda-roupa, dietas, exercícios, cirurgias plásticas. Até cremes para pele. Confesso que sou um cara antenado com o meu tempo, mas usar creme para rugas, nem pensar… De qualquer forma, a vaidade deixou de ser um atributo feminino.

Até aí, nada demais. O risco que se corre é o de exagerar nessa coisa de cuidados com o cabelo, as unhas, etc., e transpor a linha imaginária que separa o metrossexual da frescura pura e simples. Para alguns, a fronteira é muito tênue, e até passam para o outro lado da linha, muitas vezes saltitando. Outros, ao contrário, jamais enfrentarão esse tipo de problema ou dilema. Tenho um amigo, não vou citar nomes, que nem se tentasse – pintando as unhas, por exemplo – ele conseguiria parecer afetado demais.

O que eu não sabia, a bem dizer, nunca havia me dado conta, é que existe toda uma linha de produtos para reforçar a idéia de que, além de ser homem, se é um troglodita, um dedo destroncado, um selvagem. E vende bem. Uma vez, vejam só, comprei um xampu “Para homens”, achando apenas que era para pessoas do sexo masculino. Ingenuidade minha. Homem que é homem não usa xampu, usa sabão de coco, e toma banho frio, sempre. O máximo que se permite é esse xampu, que além de lavar o cabelo, dá caspa. Porque homem que é homem tem caspa.

Assim como um desodorante que comprei esses tempo e que usei por alguns dias até descobrir que ele dava (ou tinha o odor de) asa. Podia ser até o desodorante Red Bull, “te dá aaasaaas”.

O que vem mais por aí?

PS – Essa é a Sopa que completa o 9º ano desse semanário. Semana que vem começa o décimo e provavelmente último ano de publicação.

Até.

sexta-feira, julho 23, 2010

Sexta-feira...

... é dia de almoçar em churrascaria boa e barata.

Este blog está aberto a sugestões para a semana que vem.

Até.

domingo, julho 18, 2010

A Sopa 09/49

(Uma Sopa de quase dois anos atrás, porque lembrei e tive as mesmas sensações de que falo ali, no encerramento do ano de dois mil e oito)

Foi um bom ano, sem dúvida.

Mas não é disso que vou falar.

Uma palavra, já citada alguma outra vez aqui nessa sopa dominical ou no blog, define o que representou o ano em geral, para o bem e para o mal. E essa palavra é epiphany (em português epifania, a súbita sensação de realização ou compreensão da essência ou do significado de algo). Foi, então, um ano em que tive revelações, percebi e entendi coisas que até então não tinha entendido ou não queria entender. De novo, para o bem e para o mal.

Não vou falar hoje da incrível experiência que foi a gestação, o nascimento e os primeiros quatro meses de vida da Marina, o que – certamente foi o principal acontecimento no meu (e da Jacque e da nossa família em geral) ano. E, em sendo o momento mais luminoso, mais incrível de todos, foi um dos desencadeadores das epifanias a que me referi anteriormente.

Em 2008, eu esperei demais de algumas pessoas que não conseguiram corresponder a essas expectativas, mesmo que o “demais” fosse um mínimo, uma palavra, um gesto. Não deveria surpreender, dirão alguns, as pessoas normalmente são assim. Pois é, talvez até tenham razão, e talvez esse seja uma lição que devo tirar de dois mil e oito: será que eu esperei (esperava, espero) demais das pessoas? Ainda acho que não, mas admito rever meus conceitos...

Percebi que ainda tenho dificuldades em lidar com a idéia budista da impermanência. Resisto muito à idéia de que pessoas que quero bem nem sempre vão estar próximas, que elas podem mudar e posso passar a não fazer parte de suas vidas. Gosto de estar perto de quem eu gosto, mas – como diz a moral de uma história que escrevemos, Igor (exemplo já distante no tempo disso) e eu, há mais de vinte anos, “não adianta gostar de quem não gosta da gente”.

No ano que passou, devo dizer, aprendi que não sou importante – conceito abstrato e de difícil quantificação - na vida de muitas pessoas na mesma proporção que elas o são para mim.

Ao mesmo tempo, vivi alguns dos momentos mais felizes da minha vida, de tamanha felicidade e paz de espírito que tudo o mais se tornou pequeno e insignificante.

Dois mil e oito não poderia ter sido melhor.

Até.

domingo, julho 11, 2010

A Sopa 09/48

A passagem do tempo, mais uma vez.

Não volto a abordar esse tema, já exaustivamente tratado nessas Sopas dominicais de muitos anos, devido a alguma queixa que porventura pudesse querer eu fazer a respeito disso, do correr dos dias, do inexorável caminho em frente a que somos empurrados – digamos assim – quando nascemos. Quero falar da passagem do tempo, uma vez mais, pelo meu encantamento com a vida.

Prometo aqui que também não vou deixar essa Sopa se tornar uma ode à Marina, minha querida filha, fascinado eu que sou por essa maravilha que é a paternidade e a oportunidade de acompanhar o dia-a-dia do desenvolvimento de um ser humano, sua aquisição de habilidades, como a fala, e o amor incondicional que sentimos por alguém que é parte de ti e ao mesmo tempo um ser único, e que te pede para contar estórias antes de dormir, “na cama nova”, pois deixou de dormir em um berço, e deitamos os dois a ler o livro do “gato de botas”, e rimos antes de dormirmos, algumas vezes eu antes dela. Não vai ser disso que vou falar, fiquem tranquilos.

Assim como não vou falar de projetos antigos que hoje parecem possíveis e os novos que se tornarão realidade, e nem do que acontece de interessante e que não posso contar ainda, “para não estragar a surpresa”.

Nada disso.

Vou lembrar, com espanto, que em um mês completam-se vinte anos desde uma noite em que saí com amigos para irmos a uma festa e não voltei naquela madrugada e nem na manhã seguinte. Que voltei para casa quase um mês depois, já em fase de recuperação após ter sido retirado quase morto das ferragens do carro em que era carona e que era dirigido por um colega que dormiu e bateu em outro carro estacionado, ter ficado em coma por treze dias numa UTI e depois mais duas semanas internado no hospital em que eu era estudante de medicina. Lembrar que, apesar de tudo, não fiquei com sequelas, apenas com uma forma diferente de ver a vida e que isso foi o que determinou escolhas que me trouxeram até aqui, onde estou hoje, e me sinto feliz com isso. Saber que lembro de tudo como se fosse hoje.

E que eu tinha dezoito anos.

Até.

quarta-feira, julho 07, 2010

Há 20 anos

cazuza

Era sábado.

Foi um choque, apesar de saber que o dia estava próximo.

Morreu um dos caras que escreveu a trilha sonora da minha vida.

Parece que foi ontem.

Ainda faz falta.

Até.

segunda-feira, julho 05, 2010

Carta a Dunga

por Juremir Machado da Silva*

Caro Dunga,

Minha solidariedade, Dunga. Tu foste genial. Eu me tornei definitivamente teu fã. A eliminação contra a Holanda não abalará em coisa alguma a minha admiração. Tu és ingênuo, Dunga. Quiseste ganhar com base na seriedade, na lealdade e no caráter. Tiveste a coragem de dizer sempre a verdade e de enfrentar os mais poderosos. Cometeste erros, Dunga, mas isso é normal. Só os cretinos imaginam fazer tudo certo. Deixaste de fora alguns meninos talentosos, Dunga, e o velho Ronaldinho Gaúcho. Tiveste boas razões para isso. Tu havias ganhado tudo com o grupo que levaste a Copa. Desejavas valorizar os teus comandados e vencer ou perder com eles. És um capitão de navio à moda antiga. Aceitaste afundar com teu navio. Tua vitória teria sido uma revolução nos costumes. Que pena!

É verdade que não apostaste na beleza. Outros, no entanto, ganharam sem beleza alguma e tampouco sem tua valentia e tua nobreza rude. A derrota foi o resultado de alguns erros que podem acontecer com qualquer um: um gol contra de Felipe Melo, uma agressão boba de Felipe Melo, que determinou sua expulsão, e a perda do controle emocional pelo time todo. O mesmo Felipe Melo, entretanto, deu o lindo passe do gol do Robinho. Estiveste a um passo da glória, Dunga. Agora, voltaste, apesar dos triunfos anteriores, a ser um desgraçado, um maldito, um desprezado. Conheço isso, Dunga. Por mais que tu venças, serás sempre um perdedor. É tua sina. Os donos do mundo não suportam a tua franqueza, que chamam de arrogância. Detestam tua simplicidade, que rotulam de grossura. Odeiam tua transparência, que os impede de conceder privilégios e de fazer negociatas na tua cara.

Foste um exemplo, Dunga. O mundo, porém, não está preparado para a tua vitória. Espero que esteja para a de Maradona, técnico antagônico e completar a ti, mas não acredito. Tomara que eu me engane. Foste bravo, Dunga, impávido, colosso. Não mandaste Felipe Melo pisar no adversário. Buscaste o equilíbrio. Apostaste no talento de Kaká e Robinho. Sonhaste com a beleza. Ela não sorriu para ti. A mídia te condenou por não teres feito o jogo dela. Viste o jogo como um jogo e tudo fizeste para alcançar os teus objetivos. Não compreendeste que o jogo é também um teatro no qual alguns devem sempre figurar nos camarotes. Até o teu sotaque incomodou, Dunga, neste país onde os que debocham do teu sotaque têm sotaques tão ou mais caricaturais. Tiveste personalidade, Dunga. Isso é imperdoável. Há muita gente feliz agora. Teus inimigos podem sorrir triunfantes e sentenciar: “Eu não disse...”

Nós, os ruins, os ressentidos, os malditos, os perdedores, apesar de todas as nossas vitórias, estamos contigo Dunga. Somos os teus representantes por toda parte. Tinhas razão, Dunga: boa parte da mídia estava dividida, torcendo pelo Brasil e, ao mesmo tempo, te secando. Para vencer neste mundo, Dunga, é preciso aprender a ser hipócrita. Tu nunca conseguirás. Tuas vitórias serão sempre laboriosas. Tuas derrotas te marcarão mais. Tu, ao contrário de outros, não te escondes jamais. Aceita, caro Dunga, meus cumprimentos.

*Publicado no jornal Correio do Povo de 03/07/2010